Vinicius Alves dos Santos
Graduando em Agronomia – Centro Universitário de Ourinhos (Unifio)
vini_santos2008@hotmail.com
Adilson Pimentel Júnior
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e professor – Unifio
adilson_pimentel@outlook.com
Podemos dizer que os fertilizantes organominerais, como o próprio nome nos propõe, são adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes minerais, garantindo uma melhor nutrição das plantas a serem cultivadas.
Porém, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define, em sua Instrução Normativa nº 25, de 23 de julho de 2009, que fertilizante organomineral é aquele que tenha no mínimo 8% de carbono orgânico, umidade máxima de 30%, no mínimo 80 mmolc kg-1 de capacidade de troca catiônica (CTC) e macronutrientes declarados para os produtos com micronutrientes primários com teores mínimos de 10%.
Antes da fase de comercialização, são submetidos a rigorosos controles laboratoriais para determinar a composição química e confirmar seus parâmetros e especificações exigidos por lei.
Esses adubos não são somente para nutrir a planta. Ao ser aplicado no solo, o fertilizante organomineral modifica as propriedades físicas, biológicas e químicas do solo e, devido a sua ação, traz melhores condições do solo, como o aproveitamento de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, aumenta os teores de matéria orgânica do solo e, como consequência, a atividade da microbiota do solo. Aumenta, também, a retenção de água no solo a ser trabalhado.
Independente da cultivar trabalhada, todas elas vão responder de forma positiva a essa adubação, desde que não seja excessiva, pois tudo aquilo que é demais acaba acarretando problemas.
Para o pimentão
Vários estudos e testes vêm sendo realizados na cultura do pimentão, mas de maneira geral esse adubo fornece substâncias húmicas, como: ácidos húmico, fúlvico e huminas, que são de grande importância para o desenvolvimento do sistema radicular, ajudando na absorção de nutrientes, retenção de água e melhorando a estrutura física do solo.
Fornece, ainda, substâncias não húmicas, como lipídios, carboidratos, proteínas, pigmentos, aminoácidos e hormônios, como: auxinas, giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico, possibilitando que elas expressem seu maior potencial produtivo que, consequentemente, irá trazer um maior ganho na produção agrícola devido ao condicionamento ideal para o equilíbrio nutricional dessa planta.
Nutrientes fornecidos
Com o agrupamento destes dois tipos de adubo, o orgânico e o mineral, o adubo organomineral irá nos fornecer: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) de no mínimo 1%, além de micronutrientes como boro (B), cobre (Cu), cloro (Cl), cobalto (Co), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn).
Desta forma, conforme for a demanda nutricional para o desenvolvimento da planta, o adubo organomineral garante que as plantas terão a quantidade necessária desses nutrientes para seu desenvolvimento produtivo.
Resultados em campo
O uso de fertilizantes com frações orgânicas permite a eliminação de patógenos de solo que são capazes de acabar com diversas culturas, entre elas o pimentão. Pesquisadores, ao avaliarem diferentes fertilizantes orgânicos constituídos, observaram que as frações orgânicas promovem a diminuição significativa das populações de patógenos do solo, com inibição de crescimento na ordem de 29 – 40% para Verticillium dahliae, um fungo de solo de suma importância.
Essa queda de população do patógeno foi notada duas semanas após a aplicação desses fertilizantes, tanto em campos orgânicos quanto convencionais. É notório também uma redução no quesito de pragas, que por meio dos compostos fenólicos estimulados pelo uso de organomineral, reduz a palatabilidade nas folhas dos pimentões, ocorrendo desinteresse dos insetos por essas folhas, que consequentemente oferece uma lavoura mais segura contra pragas indesejáveis.
As frações orgânicas proporcionaram maior desenvolvimento de pimentão sob estresse salino, devido à alteração no teor de enzimas que protegem as células de estresses oxidativos, promovidos pelo excesso de sal na solução do solo.
Manejo de aplicação
Não existe uma dose recomendada especifica, ou seja, para cada agricultor é um caso diferente, e como qualquer outro produto que encontramos no mercado, a concentração das doses deve ser baseada no que iremos trabalhar ali.
Existe um consenso entre os pesquisadores, com base em pesquisas científicas, que a adequação entre 20 a 30% da quantidade de nutriente (NPK) utilizada seria um número aceitável, levando em conta que os fertilizantes organominerais aumentam o aproveitamento dos nutrientes em até 70% para o nitrogênio, 50% para o fósforo e 80% para o potássio, e o fato de que o fator de equivalência dos fertilizantes organominerais vai de 18 a 50%.
A aplicação pode ser feita no preparo do solo, na semeadura, no transplante de mudas ou como adubação de cobertura. Não há restrições para a sua utilização em sulcos paralelos às linhas de cultivo, assim como após uma capina nas entrelinhas da lavoura, podendo ser utilizado nas suas formas líquidas ou sólidas.
Desse modo, seria interessante o acompanhamento de um profissional qualificado que entenda mais do assunto, direcionando o agricultor a adubar com doses corretas a fim de evitar possíveis perdas por excesso de aplicação e também dizer a ele qual seria o melhor momento para fazer essa adubação com mais precisão.
Custo
Hoje, no mercado, encontramos diversos tipos de fertilizantes organominerais, desde diversas formas como também de várias opções de preço.
Em busca de valores exatos, encontramos um exemplo de fertilizante organomineral estudado utilizou a formulação 3-16-16, com o preço por tonelada por R$ 1.700,00. Neste caso, foi utilizado em 1,0 hectare 400 kg, que nos dá um custo de R$ 680,00 por aplicação, sem levar em consideração também outros gastos, como o operador, óleo da máquina utilizada, o combustível, dentre outras despesas que, com certeza, elevariam esse custo por aplicação.
Viabilidade
Comparando um fertilizante organomineral com um mineral, veremos um custo igualado ou até mesmo elevado do organomineral. Porém, é mais eficiente, como já descrito anteriormente.
Comparado ao mineral, seu uso garante condicionamento do solo, trazendo também um maior teor orgânico, podendo reduzir a perda de nitrogênio por lixiviação e alguns outros nutrientes. Ele aumenta a CTC do solo, estimula a atividade da biota microbiana, neutraliza substâncias tóxicas, a capacidade de retenção de água, aumenta a disponibilização de fósforo e induz maior desenvolvimento radicular e vegetativo.
Usando constantemente o adubo organomineral, vários autores observaram a redução da necessidade de aplicação de adubo com o tempo. Então, seu custo-benefício é bem atrativo.