Autores
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP
brunonovaes17@hotmail.com
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP
leticia_1307@hotmail.com
O pepino é uma cultura exigente em termos nutricionais e bastante eficiente em absorver e utilizar os nutrientes contidos no solo, principalmente nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo e magnésio. Como a parte aérea das plantas tem a capacidade de absorver água e nutrientes, a prática da adubação foliar é viável e eficiente.
A produtividade da cultura pode ser incrementada com a adubação foliar de micronutrientes, tais como: boro, cobre e zinco, que são elementos requeridos em pequena quantidade e em caso de possível deficiência na cultura pode limitar a produtividade.
Portanto, a nutrição foliar é caracterizada pelo processo de aplicação de nutrientes na parte aérea da planta, fornecendo nutrientes prontamente absorvíveis, sendo o objetivo principal a correção imediata das deficiências. Mas isto não quer dizer que as adubações foliares substituem aquelas feitas no solo. Simplesmente elas se complementam.
Entenda melhor
Muitas experiências demonstram que a adubação de solo é mais lenta, e a adubação foliar, ao contrário, é mais rápida. Em geral, os nutrientes aplicados às folhas são absorvidos com muita rapidez, assim como também são translocados para todas as partes do vegetal.
A velocidade de absorção foliar de nutrientes é variável de nutriente para nutriente. Por exemplo, a ureia é um dos nutrientes minerais que a folha absorve mais rápido e intensamente, chegando a ser até 20 vezes mais rápida que os outros nutrientes. Estima-se que 50% da quantidade aplicada de ureia é absorvida entre uma e 36 horas, e em outros elementos, como Fe e Mo, a absorção pode chegar a até 20 dias.
Há diferenças na absorção foliar em razão da natureza química do íon (cátions ou ânions). Observa-se que os poros da cutícula contêm cargas negativas (ácidos poligalacturônicos), e isso implica maior absorção de cátions em relação aos ânions que sofrem uma repulsão. Assim, a taxa de absorção de NH4+ é maior do que a de NO3-. Portanto, cada nutriente apresenta características específicas durante o processo de absorção, caracterizando diferentes velocidades de entrada na planta, e também após a sua absorção se diferenciam na mobilidade (transporte dos nutrientes das folhas para outros órgãos pelo floema), que varia de elemento para elemento.
Cuidados
O insucesso da prática não deve aos problemas relacionados à penetração cuticular ou absorção e utilização do nutriente pela planta, mas sim às quantidades que devem ser aplicadas, o que inviabiliza o processo.
As aplicações foliares devem ser realizadas com muito cuidado para evitar injúrias, de modo que cada nutriente seja bem aproveitado pela planta. Devem ser evitadas as aspersões grosseiras, que formam gotículas grandes, de modo que não ocorra escorrimento da solução, desperdiçando nutrientes e promovendo a lavagem que retira os nutrientes das folhas.
Portanto, as pulverizações devem ser uniformes, em pequenas gotículas, para resultarem em um melhor recobrimento. Uma das estratégias é a utilização do equipamento correto, como o uso de bicos que apresentam um pequeno espectro de gotas, permitindo um bom recobrimento da superfície foliar, evitando assim o escorrimento que, além da perda do produto, pode causar fitotoxidez.
Fatores que afetam a absorção de nutrientes
ð Ângulo de contato entre a solução e a superfície foliar – diz respeito ao maior ou menor molhamento da folha pela solução. Deste modo, quanto mais espalhada for a gota da solução, maior será o contato dessa com a superfície foliar e, portanto, maior será a possibilidade de absorção da mesma.
ð Temperatura e a umidade do ambiente – determinam a velocidade de secamento da solução aplicada à superfície foliar. Dessa forma, quando se têm altas temperaturas ou baixa umidade relativa do ar a evaporação da solução é facilitada, o que concorre para uma menor permanência dessa na superfície foliar, consequentemente diminuindo a possibilidade de absorção. A aplicação foliar de elementos é, em geral, feita quando a umidade atmosférica é mais alta, sendo os melhores períodos para aplicar o fertilizante na parte da manhã ou da tarde, nas horas mais frescas do dia.
ð Concentração da solução – deve levar em conta a possibilidade de sua evaporação, podendo, portanto, se tornar muito concentrada a ponto de causar danos à folha. Assim, ao preparar-se uma solução, é necessário que antes da sua aplicação sejam consideradas as reais condições de sua evaporação.
ð Composição da solução – deve ser considerada, pois cada elemento químico nela contido apresenta uma velocidade de absorção e, portanto, têm-se nutrientes com absorção relativamente rápida, e outros muito lentos.
ð Composição da solução – a solução pode modificar o pH da superfície foliar, alterando a permeabilidade da cutícula e aumentando a velocidade de absorção. Recomenda-se usar pH de 5 a 6.
ð Luz – tendo em vista a sua participação no processo fotossintético e produção de energia indispensável para a fase ativa da absorção, os efeitos da luz sobre a abertura e fechamento dos estômatos e sobre a fotossíntese afetam, de modo indireto, a absorção. Quanto maior a intensidade luminosa, maior será a absorção de nutrientes pela folha.
ð Umidade da cutícula foliar – apresenta-se como fator importante para o caminhamento do elemento químico na fase passiva da absorção. Cutículas desidratadas, em folhas murchas, são consideradas praticamente impermeáveis.
ð Superfície da folha – a absorção foliar de nutrientes ocorre preferencialmente na face da folha, onde a cutícula é mais fina, sendo também a região na qual predomina maior quantidade de estômatos.
ð Idade da folha – com o amadurecimento e envelhecimento da folha há um maior desenvolvimento da cutícula, o que aumenta a resistência da solução à penetração. Sendo assim, as folhas mais novas apresentam maior absorção, devido à cutícula ser mais fina.
Os resultados esperados em campo, desde que a aplicação seja realizada de forma correta, são os melhores possíveis. Entre eles temos a antecipação da colheita, formação de plantas com maior aceitabilidade pelo consumidor, como folhas maiores, verde-claras e com textura mais macia. Além disso, altas produtividades podem favorecer a maior uniformidade entre as plantas.
Custo
Geralmente o custo de aplicação é baixo, e dependerá da fonte a ser empregada, bem como da quantidade necessária, modo e quantidade de aplicações (via solo e via foliar). Assim, o investimento será apenas na aquisição do produto que apresenta o nutriente, que em geral é barato.