Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia
João Ricardo Rodrigues da Silva
Engenheiro agrônomo
A cultura do tomate (Solanumlycopersicon Mill) é uma das mais importantes no cenário agrícola mundial, produzindo frutos destinados ao consumo “in natura“ e à indústria de extratos. No Brasil, é cultivado em todo o território, abrangendo regiões com diferentes características de solo e clima, além de diversas formas de sistemas de condução, exigindo tecnologias modernas de manejo para obtenção de qualidade e produtividades satisfatórias.
No tomateiro, o número de plantas por unidade de área, o número de frutos colhidos por plantas, o tamanho médio de frutos e a massa média dos frutos estão diretamente relacionados com a produtividade. Já a maior parte dos fatores que determinam a qualidade dos produtos vegetais é controlada geneticamente.
Desta forma, a qualidade e produtividade dos frutos do tomateiro diferem entre as cultivares, sendo também fortemente influenciados por fatores ambientais e por um bom manejo fisiológico e nutricional das plantas.
A planta de tomate pode ser dividida em unidades fonte-drenos. As folhas são fontes de fotoassimilados, enquanto os frutossão seus principais drenos. As alterações na relação fonte/dreno podem ocasionar variações na produção total por planta, bem como no tamanho e massa individual dos frutos, por isso, a proteção das folhas por meio de um adequado manejo fitossanitário é fundamental para assegurar o desenvolvimento dos frutos.
Como os frutos são drenos metabólicos fortes, os fotoassimilados são translocados preferencialmente para esses órgãos e o sistema radicular cresce menos e pode ser ineficiente para absorver nutrientes quando a planta entrar na fase de frutificação.
Estimulantese condicionadores
Para manter a alta capacidade produtiva e extrair todo o potencial das cultivares melhoradas de tomate, é necessário que as plantas recebam condições favoráveis para seu pleno desenvolvimento.
Novas ferramentas de manejo vêm surgindo no mercado, dentre elas os estimulantes e condicionadores. Ambas as linhas possuem compostos orgânicos que podem ser de origem vegetal, animal ou ainda subproduto de processos industriais.
Os estimulantes agem mais na planta e são formulados por uma mistura equilibrada entre nutrientes, hormônios ou reguladores vegetais e aminoácidos, o que ajuda no rápido crescimento dos tecidos vegetais.
Já os condicionadores tendem a focar nos efeitos benéficos dos compostos orgânicos no solo, seja melhorando suas propriedades químicas, físicas ou biológicas, estimulando a microbiota do solo, que são agentes fundamentais na transferência de nutrientes, especialmente via ciclos biogeoquímicos.
O sistema radicular do tomateiro é constituÃdo de raiz principal, raízes secundárias e adventÃcias, que normalmente se concentram na camada de 0-20 cm de profundidade do solo, podendo chegar a até 1,5 m, desde que livres de impedimentos físicos, químicos ou biológicos para crescer e desempenhar sua função, que é a sustentação da planta, absorção de água e nutrientes, além da produção de hormônios como citocininas.
Para favorecer o desenvolvimento do sistema radicular de solos areno-argilosos ou argilo-arenosos bem drenados, isentos de salinidade e patógenos, pH entre 5,5 e 6,8 e saturação por bases de 70 a 80% é o mais recomendado. A adição de matéria orgânica é fundamental para a vida no solo e para o adequado crescimento das plantas, sendo a decisão pela sua aplicação de retorno satisfatório e um investimento a longo prazo, para a construção do equilíbrio do ecossistema solo.
Obstáculos
Uma limitação quanto à adubação orgânica do tomateiro é a elevada quantidade de material que deve ser aplicada, o que pode chegar a até 40 toneladas por hectare como, por exemplo, o esterco de curral curtido, ficando os produtores dependentes da disponibilidade deste insumo próximo às áreas de cultivo.
Deve-se ressaltar que os adubos orgânicos não suprem completamente as necessidades da cultura, fazendo-se necessária a aplicação de adubos minerais para complementação da adubação, que terá as quantidades determinadas pela análise de solo e produtividade esperada.
Substâncias húmicas
Atualmente, uma tecnologia disponível no mercado que está sendo cada vez mais utilizada pelos agricultores é a aplicação de produtos formulados com fontes orgânicas, ricos em substâncias húmicas (SH).
As SH são derivadas da decomposição ou mineralização de detritos animais e vegetais, promovida pela ação dos microrganismos até a última etapa de estabilização chamada de humificação, que resulta em huminas, ácidos húmicos e ácidos fúlvicos.