Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP – thiago.feliph@unesp.br
Erlla Carla Françoises de Souza Santos – Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – erllacsantos@gmail.com
O Brasil produz anualmente toneladas da fruta da goiabeira, movimentando a indústria que gira em torno do fruto, por meio da produção de doces, polpas, geleias, etc. A goiaba vermelha é a mais difundida, e isto ocorre principalmente devido a sua coloração ser a mais aceita e possuir maior demanda pela indústria de alimentos.
Por muito tempo, os maiores índices de produção de goiaba pertenceram às regiões nordeste e Sudeste. Analisando o período de 1990 a 2009, o primeiro lugar em produção é associado à região sudeste. Já entre 2010 e 2016, essa posição passou a se alternar entre as regiões já citadas, chegando a uma média anual de 180.00 toneladas produzidas no Sudeste e 200.000 no Nordeste.
Realidade atual
Atualmente, as regiões nordeste, sudeste e sul são as que mais se destacam como maiores produtoras, totalizando 565.044 toneladas (IBGE, 2019). Segundo o Sidra, o Nordeste foi responsável por pouco mais de 50% da produção no ano de 2019. Apenas a região nordeste produziu 292.889 toneladas, o que é equivalente a um rendimento de 27.605 kg/ha.
Dentre os Estados brasileiros, aquele que possuiu maior produção no ano de 2019 foi Pernambuco, com 210.512 toneladas, sendo seu rendimento médio de produção de 37.279 kg/ha. De acordo com o Sidra, as cidades que se destacam como maiores produtoras são Orocó, Belém do São Francisco e Gravatá, esta última com dados de produção referentes aos anos de 2017, 2018 e 2019.
Em se tratando de rendimento médio de produção, as cidades que mais se sobressaem são Tacaratu, Petrolândia, Orocó e Florestas, onde justas renderam aproximadamente 230.000 kg/ha em 2019.
São Paulo vem logo em seguida, entregando uma produção de 194.002 toneladas, com um rendimento de 28.728 kg/ha no ano de 2019. Dentre as cidades que mais produziram em 2019 neste Estado, pode-se citar Vista Alegre do Alto, Itápolis, Taquatiringa e Valinhas, somando aproximadamente 85.750 toneladas produzidas.
Po outro lado, as cidades que alcançaram os maiores rendimentos médios de produção em 2019, segundo o Sidra, foram Arealva, Marabá Paulista, Descalvado, São Carlos, Terra Roxa, Vinhedo, somando por volta de 254.000 kg/ha.
Correção e adubação do solo
Luis Borges Rocha – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí (UFPI) – luisborges.agro@hotmail.com
Em se pensando no cultivo e correção do solo, inicialmente devemos começar com a realização da coleta da amostra de solo para realização das análises químicas, físicas e granulométricas, seguindo os procedimentos de coleta e amostragem propostos pela Embrapa.
De posse dos resultados da análise de solo, e de acordo com o método de extração adotado e região, seguimos com a metodologia de interpretação dos resultados (5ª aproximação, Cerrado – correção do solo e adubação), e com isso conseguiremos realizar a recomendação da dose correta e adequada à cultura.
Por onde começar
No Brasil, com presença expressiva de solos em avançado estádio de intemperismo, práticas que visam a correção do pH e neutralização do alumínio são necessárias, entre elas, a calagem, que tem o intuito de elevar a saturação por base para 50% na camada de 0 a 20 cm, e uma posterior gessagem, em solos com saturação por alumínio maior que 20%, e/ou com camada de 20 a 60 cm do solo ácida.
Práticas como estas são importantes para uma melhor disponibilização dos nutrientes fornecidos pela adubação no solo, e consequentemente, aproveitamento pelas plantas.
A realização da adubação dos macronutrientes leva em consideração os níveis no solo, o tempo de cultivo e as necessidades da cultura, em que para solos iniciais (1,0 ano), em que não foi realizada adubação de correção para o N, P e K na adubação de formação, considerando os níveis disponíveis no solo como “baixos”, recomenda-se aplicar 60 g de N planta-1, 120 g de P2O5 planta-1 e 80 g de K2O planta-1.
Contudo, em níveis adequados, recomenda-se aplicar 60 g de N planta-1, 40 g de P2O5 planta-1 e 30 g de K2O planta-1. Vale lembrar que, de acordo com a idade do pomar, as doses aumentam linearmente (Sousa e Lobato, 2004).
Próximo passo
Já para adubação de produção, considerando uma produção estimada de 20 a 40 toneladas por hectare para o N, com disponibilidade de N no tecido entre 21 e 28 g kg, recomenda-se aplicar 85 kg ha-1.
Já para o P e K, leva-se em consideração os níveis disponíveis no solo (adequado) e a produtividade estimada de 20 a 40 toneladas por hectare, quando se recomendam 20 e 50 kg ha-1, respectivamente, para P e K (Sousa e Lobato, 2004).
Considerando adubação de correção para solos de Cerrado, em que os micronutrientes estejam em níveis baixos, recomenda-se aplicar a lanço 2,0 kg ha-1 de boro, 2,0 kg ha-1 de cobre; 6,0 kg ha-1 de manganês; 6,0 kg ha-1 de zinco; 0,4 kg ha-1 de molibdênio e posterior adubação de plantio para fornecimento de nutrientes na quantidade correta.
Adubação de plantio
Além da aplicação de correção quando os níveis dos nutrientes tiverem sido considerados baixos, recomenda-se também a adubação de plantio, que deve ser realizada em cada cova, seguindo as seguintes recomendações: 0,5; 0,5; 1,0; 0,05 e 3,0 g cova-1, respectivamente, para boro, cobre, manganês, molibdênio e zinco.
Para plantio, em solos onde não foi realizada análise de solo, deve-se considerar para aplicação a lanço as mesmas doses recomendadas para adubação de correção.
Em período chuvoso, em virtude da capacidade de lixiviação dos nutrientes, para o N e K, recomenda-se parcelar a adubação de produção em três vezes, nas faixas conforme a projeção da copa. A adubação fosfatada poderá ser realizada uma única vez, ou, caso utilize formulados ou disponha de mão de obra suficiente, poderá ser realizada juntamente com a adubação de nitrogênio e potássio.
Erros que devem ser evitados
Luis Borges Rocha – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí (UFPI) – luisborges.agro@hotmail.com
Assim como em outras culturas, a goiabeira tem características peculiares, e por isso necessita de atenção e cuidados ao longo de seu cultivo. Assim, alguns erros devem ser evitados, desde sua implantação até a colheita e/ou destinação final. Entre eles, a adequação do solo, manejo de plantas daninhas, pragas e doenças que conseguem diminuir ou inviabilizar o fornecimento desta cultura ao mercado.
Fornecer à cultura condições físicas e químicas e biológicas do solo é crucial ao seu desenvolvimento, e para isso deve-se evitar cultivar esta planta em solos com presença de impedimentos físicos ao sistema radicular, como em solos compactados, mal drenados; com má condições químicas, como: pH ácido, que consequentemente prejudicará a absorção e assimilação de nutriente pela planta, bem como níveis de alumínio elevado em camadas superficiais ou subsuperfície.
Além disso, na adubação deve-se evitar ao máximo erros como utilização de nutrientes como nitrogênio e potássio aplicados de uma única vez, pois estes possuem elevada capacidade de lixiviação, e com isso a indisponibilização deste para a cultura em seus estádios de desenvolvimento.
Em seu estádio reprodutivo, a realização das podas se faz de grande importância, ao ponto que esta cultura apresenta ao mesmo período flores, frutos verdes e maduros. Vale uma atenção especial às podas que devem ser realizadas, evitando que erros como estes possam acontecer e atrapalhar o momento da colheita.
Estes problemas podes ser evitados com a realização de podas no momento correto, e retirando os galhos/ramos de forma que forneça um bom arejamento a cultura, além de uma melhor disposição da planta para realização de conversão de energia luminosa em energia química.
Fitossanidade
Devido à presença de pragas e insetos, é necessário a adoção de medidas fitossanitárias na cultura, contudo, deve-se atentar a estas medidas, ao passo que o erro na utilização poderá impactar na produção e desenvolvimento do pomar.
Pontos importantes relacionados às medidas fitossanitárias são mencionados no momento da floração, em que esta cultura, devido à sua composição floral, é dependente da polinização por abelhas, e com isso, deve-se ter cuidado no momento da aplicação de defensivos, utilizando produtos que não sejam tóxicos às abelhas que participam da polinização das flores da goiabeira.
Já quanto às plantas daninhas, quando não são controladas da forma correta, estas começam a competir por nutrientes, servir de hospedeiras para pragas e doenças, e em alguns casos podem apresentar compostos alelopáticos.
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Outro ponto importante durante a condução da planta é a irrigação, em que a água utilizada e o método conseguem interferir na produção da cultura, e nesse caso, deve-se dar preferência ao gotejamento ou irrigação localizada, que irá fornecer água diretamente, na quantidade e local exigido pela cultura.
Colheita
Outro fator, considerando o momento da colheita, é que deve-se atentar principalmente ao momento do transporte, que acarreta grandes perdas de qualidade das frutas. Neste momento, o recomendado é que as frutas sejam cobertas, utilizando lonas de cor clara, e realizar o transporte principalmente pela manhã ou final da tarde, de forma que deixem os frutos mais frescos e com ventilação passando entre depósitos.
Plantio da goiabeira
Orientações para não haver falhas
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP – thiago.feliph@unesp.br
Fernanda Barbosa Reis – Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – fernanda15reis@gmail.com
A goiaba tem ganhado destaque no cenário mundial como fruta de grande interesse devido às suas características presentes, como o elevado teor de vitaminas A e C, ômega 6, ômega 3, ácidos graxos poliinsaturados, riboflavina, proteínas e sais minerais presentes em suas sementes.
Com base na sua grande importância para a saúde humana e a sua contribuição na economia, torna-se necessário conhecer o adequado manejo para a implantação da cultura.
Rusticidade
A goiabeira é considerada uma planta rústica, por se adaptar às mais variadas condições de clima e solo, entretanto, algumas recomendações precisam ser seguidas para obter sucesso na produção.
Para começar, é preciso evitar o plantio em solos encharcados, muito argilosos e mal drenados, sobretudo em áreas irrigadas, onde pode ocorrer salinização, e dar preferência aos solos areno-argilosos profundos, com boa disponibilidade de água, ricos em matéria orgânica, com pH em torno 5,5 a 6,0.
É preciso conhecer também a época adequada do plantio da goiabeira, para se obter alta produtividade. Em áreas com sistema de irrigação, a goiabeira pode ser plantada em qualquer época do ano, em razão da boa disponibilidade de água, porém, recomenda-se iniciar o plantio entre os meses de abril e junho, em que as condições climáticas são mais favoráveis ao desenvolvimento destas plantas.
Base
Quanto ao substrato ideal para o plantio, sabe-se que a sua função principal é fixar a planta para que esta possa enraizar-se, e fornecer nutrientes para que possa crescer e fornecer frutos. O substrato deve ser poroso, bem aerado, drenado e com alta capacidade de reter água e manter a umidade.
Mudas
A produção de mudas é uma das etapas fundamentais no processo de implantação de um pomar e pode ser determinante para o sucesso da cultura a ser implantada. As mudas de goiabeira podem ser produzidas por dois diferentes métodos: pela propagação sexuada via sementes, e propagação assexuada através de enxertia ou estaquia herbácea.
Estes são os mais indicados, pois contribuem com a redução da variabilidade das plantas, tornando os frutos do pomar mais uniformes. Além do mais, os métodos de propagação assexuada facilitam a formação de mudas em maior quantidade e em menor espaço de tempo, com menores custos.
Adensamento
Quanto às dimensões de plantio, em decorrência do aparecimento de pragas como o nematoide na goiabeira, recomenda-se fazer plantios mais adensados, com medidas entre 6 m x 3 m e 4 m x 3 m. Nesta situação, espera-se colher a maior quantidade possível de frutos até uma provável contaminação com a praga. Também recomenda-se obter traçados em retângulo com 6 m x 5 m ou 6 m x 4 m.
Quanto ao local de instalação do pomar, o plantio da goiabeira é recomendado em regiões tropicais, onde os níveis de precipitação ultrapassam a 1.200 mm anuais, com chuvas bem distribuídas no decorrer do ano. Nestes casos, não é preciso adotar sistema de irrigação, dando preferência ao plantio no início do período chuvoso, em dias nublados ou chuvosos.
Fitossanidade
Controle ou prevenção?
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP – thiago.feliph@unesp.br
Fernanda Barbosa Reis – Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – fernanda15reis@gmail.com
Sabe-se que a incidência de pragas e doenças no pomar afetam significativamente a produção, portanto, é imprescindível conhecer o manejo fitossanitário para evitar danos e redução da produtividade.
Em primeiro lugar, deve-se conhecer o local, pois a área em que se deseja implantar o pomar deve ser de fácil acesso aos consumidores. Porém, deve estar afastada de outras áreas com produção de frutas que tenham incidência de pragas e doenças, locais de antigos pomares ou de outros plantios que já foram atacados por doenças como a ferrugem-da-goiabeira.
Ainda assim, diversas pragas e doenças podem atacar a cultura, diminuindo a produtividade, comprometendo a qualidade dos frutos, e elevando os gastos da produção.
Em destaque
Dentre as principais doenças que atacam a goiabeira no Brasil e comprometem a produção, elevando os custos, pode-se destacar a antracnose, ferrugem, antracnose-maculata, bacteriose e meloidoginose.
A incidência de pragas e doenças pode comprometer totalmente a qualidade da polpa do fruto. Os frutos, após atingirem a maturidade fisiológica, podem ser infestados com larvas, tornando-os impróprios para o consumo humano e para a indústria.
Portanto, estes devem ser retirados antes de atingirem o ponto de colheita para evitar a incidência de pragas como a mosca-das-frutas. Uma técnica bastante utilizada no manejo fitossanitário, que visa a proteção destes frutos contra pragas, é o ensacamento dos frutos.
Pode ser feita por meio de sacos de papel impermeáveis ou sacos plásticos envoltos ao pendúculo. São muito eficientes contra o ataque de insetos e a incidência direta de luz solar. A utilização de inseticidas também é bastante usual para garantir o controle de pragas.
Preparo inicial do solo
Detalhes que você precisa saber
Luis Borges Rocha – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas- Universidade Federal do Piauí (UFPI) – luisborges.agro@hotmail.com
A cultura da goiabeira, considerada uma planta perene, consegue se desenvolver em amplas classes texturais de solo, contudo, seu potencial produtivo é evidenciado em solos areno-arenosos, com boa drenagem, teor de matéria orgânica e níveis de fertilidade ideal. Contudo, nem sempre é possível encontrar solos com todas estas características, e com isso se faz necessário a aplicação de técnicas de manejo de solo.
Em virtude de seu crescimento radicular ser extenso, esta cultura necessita de aprofundamento do sistema radicular, consequentemente, um bom preparo de solo antes da implantação.
Pensando em implantação inicial, estas práticas de manejo englobam a abertura de áreas ou derrubadas, enleiramento, aração e gradagens, objetivando diminuir a densidade do solo, e consequentemente promover melhor desenvolvimento radicular. Em contrapartida, em solos já cultivados, recomenda-se a realização de uma aração e gradagens para posterior cultivo.
Ao passo que temos a área com sua superfície livre de impedimentos mecânicos, a realização de procedimentos que visem a correção e a fertilização desses solos é necessária, e isso se torna possível com a realização de análise de solo, correção e adubação da área de cultivo.
Espaçamento de cultivo
Para o cultivo da cultura da goiabeira, deve-se considerar alguns intervalos de espaçamentos, que vão variar conforme a destinação e objetivo do cultivo, sempre levando em consideração a utilização ou forma de consumo da goiaba, em que, para o consumo in natura, recomenda-se a utilização de espaçamento 5 m x 6 m; ou 6 m a 8 m x 5 m, com média de 250 a 333 plantas ha-1.
Caso a utilização da fruta seja destinada à indústria, os espaçamentos devem ser menores, considerando a exigência e medidas que devem ser adotadas no ato do cultivo. Para esta destinação, recomenda-se a utilização de espaçamentos na ordem de 5 m x 8 m; ou 7 m x 7 m, com um total de plantas variando de 204 a 250 plantas ha-1. Em áreas com possibilidades para desenvolvimento de nematoides, focar na fertilização e maior número de plantas por área.
Nutrição
Hora de alimentar as goiabas
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP – thiago.feliph@unesp.br
Fernanda Barbosa Reis – Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – fernanda15reis@gmail.com
Um outro fator de grande importância durante a implantação da cultura é o manejo nutricional, pois necessita-se conhecer as exigências nutricionais de cada variedade para garantir uma alta produtividade.
Entretanto, ainda existem problemas a serem resolvidos – a escassez de estudos quanto às necessidades da cultura da goiabeira, dados oficiais quanto à produção e poucos estudos sobre o manejo adequado, tratos culturais, adubação e calagem.
A adubação mineral da goiabeira de forma correta é decisiva na produtividade do pomar. Conhecer o estado nutricional destas plantas, desde o crescimento vegetativo ao reprodutivo, contribui significativamente com esta prática agronômica.
A prática da adubação mineral com macro e micronutrientes resulta em ganhos de produtividade das culturas implantadas em diversos solos brasileiros, uma vez que estes possuem, de forma geral, baixos teores dos elementos indispensáveis ao crescimento vegetal.
Elementos essenciais
Dentre os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da goiabeira, destaca-se o nitrogênio, fósforo e potássio. O nitrogênio pode ser encontrado em diversos compostos orgânicos, incluindo os ácidos nucleicos e os aminoácidos, considerados como nutriente limitante na cultura, pois sem este a produtividade esperada não será alcançada.
Outro nutriente limitante para a cultura é o fósforo, que está diretamente ligado aos processos de conversão, transferência e armazenamento de energia, com papel essencial na fotossíntese, multiplicação e divisão celular. Já o potássio é responsável pelo processo de transporte de fotoassimilados, ganho de peso do fruto, sabor e aroma, além da capacidade de armazenamento dos frutos da goiabeira.
O conhecimento das necessidades nutricionais que podem limitar a produtividade da goiabeira é obtido a partir de alguns métodos, como análise de solo e análise foliar, que permitem criar estratégias para aumentar a produtividade, como correção do solo, uso de fertilizantes orgânicos e minerais.
Estas medidas contribuem para o aumento da produção, diminuição dos custos e impactos ambientais.
Recomendações
Para fazer a análise de solo, recomenda-se colher entre 15 a 20 amostras de cada talhão, e enviá-las ao laboratório. Posteriormente, o produtor terá o diagnóstico nutricional da cultura.
Entretanto, sabe-se que existe um conjunto de fatores que pode influenciar na produção. Estes precisam ser avaliados para que se tenha um programa de adubação adequado às condições de solo, às necessidades nutricionais e aos custos envolvidos na produção, como temperatura, umidade, incidência de luz, disponibilidade de água, localização, tipo de solo, dentre outros.
A aplicação de fertilizantes minerais em frutos de goiabeira Paluma promove o aumento da espessura da polpa, a quantidade de frutos por planta, aumento da produção e da produtividade. Para esta finalidade também podem ser utilizados esterco bovino e de aves como fonte para a adubação.
Onde ocorre a maior demanda?
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestre em Produção Vegetal/Fitotecnia – UNESP – thiago.feliph@unesp.br
Erlla Carla Françoises de Souza Santos – Graduanda em Agronomia – Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) – erllacsantos@gmail.com
No mercado nacional, as variedades que mais se destacam são a Rica e a Paluma, enquanto para o consumo in natura as variedades Pedro Sato e Sassaoka são algumas das mais procuradas.
A comercialização desta é basicamente atribuída ao consumo in natura, sendo que sua demanda cresce constantemente, por ser uma fruta saborosa e que possui uma grande aceitação do mercado consumidor brasileiro.
A variedade de interesse econômico com importância mais considerável é a Paluma, que possui alta capacidade produtiva, frutos grandes, polpa cor vermelha intensa e uma textura bem firme, além apresentar um alto teor de açúcar e acidez equilibrada, que são características ótimas para a industrialização.
Oferta e demanda
A procura e o consumo da goiaba têm aumentado a cada ano, graças ao interesse da população pela promoção da saúde, principalmente por aqueles frutos com riqueza em antioxidantes, como é o caso da goiaba.
Além disso, na indústria de alimentos essa fruta também é destinada à produção de geleias, sucos, polpas e doces. Dentre essas alternativas, as polpas congeladas são consideradas uma ótima alternativa de aproveitamento de frutas, além de diminuir as perdas e aumentar o valor agregado do produto.
Qualidade
A demanda da fruta pode variar em função da coloração da polpa e do calibre dos frutos, sendo as goiabas de maior calibre e de polpa vermelha comercializadas a preços superiores. A goiaba vermelha é a preferida e ocorre, principalmente, devido a ser a coloração mais demandada pela indústria de processamento e para consumo “in natura”. Estima-se que o consumo interno da fruta in natura seja de 300 g/habitante/ano.
Comercialização
Na comercialização, um dos principais problemas ainda são as doenças pós-colheita, responsáveis por 10-50% de todas as perdas até chegar ao consumidor. É também bastante suscetível a danos mecânicos que ocorrem comumente na colheita, durante o transporte do campo até o local de abastecimento e no mercado, o que pode atrapalhar a sua comercialização.
O crescente potencial de demanda de produtos processados à base da goiaba, como geleias, goiabadas e polpas de suco, que é observado no País, também ocorre no exterior, onde, em média, 700 toneladas de produtos dessa fruta que são processados acabam sendo exportados. O destino desses frutos são principalmente o Reino Unido, França e Países Baixos.
Qual a rentabilidade da cultura da goiabeira?
Daiana Santos Gomes – Engenheira agrônoma, especialista em Tecnologia na Produção de Sementes e mestranda em Agricultura e Ambiente (UEMA) – daiana.sgomes@hotmail.com
A importância econômica da goiabeira é oriunda de sua versatilidade de aproveitamento, sendo utilizada de diversas maneiras na indústria, como polpa, suco, néctar, doces e compotas, e ainda é largamente consumida como fruta in natura.
É interessante ressaltar que a goiaba é um fruto de fácil agregação de valor, em que ao comercializar diretamente, sem intermediários, agrega cerca de 666% a mais do seu valor inicial.
O caminho
A rentabilidade desta cultura depende de alguns fatores de produção. O item de maior peso na produção de goiaba são os gastos com operações mecanizadas, irrigação e com tratos culturais, uma vez que a irrigação tende a aumentar proporcionalmente à sua idade.
O segundo item de maior participação nos custos de produção são as operações manuais, pois a demanda de mão de obra está concentrada em atividades de poda, adubação e colheita.
Contudo, considerando a necessidade de desembolso, o agricultor teria que dispor de aproximadamente R$ 14.404,32 por hectare plantado, valor que representa a soma dos gastos até o segundo ano. A partir daí, inicia o período produtivo da cultura e o pomar se torna autossustentável.
Na ponta do lápis
Rozane et al. (2009) apontam que, para se ter pomares rentáveis, geralmente fazem-se podas drásticas de produção a cada oito meses, adicionalmente com irrigação e adubação, pois esses são fatores que possibilitam a realização de três safras a cada dois anos, atingindo produtividades de até 100 t/ha/ano.
Garcia et al. (2018), analisando custos de produção e rentabilidade da cultura da goiabeira em Nova Imigrante (ES), observou que, com o preço de venda fixado em R$ 1,98 por quilo, a receita bruta gerada foi de R$ 29.670,30 no primeiro ano de produção e de R$ 69.230,70 a partir do segundo ano de produção, ou seja, o valor presente líquido positivo de R$ 341.247,18 evidencia que o produtor paga os custos e obtém lucro, podendo reinvestir na propriedade.
Portanto, a rentabilidade do valor investido é de 137,3%, muito boa quando comparada a de outros investimentos do mesmo ramo de atividade. Dessa maneira, o produtor pode recuperar o valor investido no segundo ano de produção dos frutos.
Já em estudos de Silva (2015), que avaliou a viabilidade técnica e econômica do cultivo da goiabeira na agricultura familiar, concluiu que a análise econômica da produção de goiaba, apresentando preço médio de venda de R$ 3,25, o valor presente líquido a R$ 195.825,37 (6% ao ano), a taxa interna de retorno foi estimada em 121%, respectivamente, dados que demonstram que o investimento apresenta alta liquidez.
Uesu et al. (2018), analisando a viabilidade econômica da produção de goiaba em Cachoeiras de Macacu (RJ), observou que obtendo o VPL correspondente a R$ 49.167,51, indica que o investimento inicial foi recuperado.
Comparando com a produção de banana, considerado também um produto de grande relevância para o município de Cachoeiras de Macacu foi adquirido um VPL de R$ 13.752,80, podendo-se então concluir que a implantação de goiaba é mais viável.
Rentabilidade em Pernambuco
Quanto à rentabilidade da cultura da goiabeira na região submédia do Vale do São Francisco, situada no em Pernambuco, Estado que mais produz goiabas no País, observa-se que a receita bruta alcançada pelos produtores é de R$ 27.000,00 por hectare de goiaba, em um ano de produção plena, ou seja, a partir do quinto ano.
Este valor é obtido considerando que o preço médio anual do quilo do produto recebido pelos produtores de goiaba foi de R$ 0,90 e a produtividade da goiaba foi de 30 toneladas por hectare/ano.
O custo de produção da goiaba em um ano de produção plena é de R$ 14.178,05, valor que, ao ser diminuído da receita bruta, gera uma renda líquida anual de R$ 12.821,95. Segundo o mesmo autor, as análises dos indicadores de viabilidade econômico-financeira indicam que investir na produção de goiaba no Submédio do Vale do Sào Francisco é viável, pois o valor presente líquido de R$ 141.868,40 indica que o investimento gera ao produtor um retorno bem maior que o capital utilizado em sua execução.
Faça o dever de casa
Analisando todo o empreendimento, que tem vida útil de 15 anos, observa-se que a receita total é de R$ 342.000,00. Porém, o custo total do investimento, que tem os tratos culturais como fator mais oneroso, é de R$ 216.748,64.
Portanto, a renda líquida do investimento fecha em torno de R$ 125.251,36. Com relação ao resultado do retorno, constata-se que a partir do quarto ano, o fluxo de caixa acumulado do investimento correspondente à exploração de um hectare de goiaba no Submédio do Vale do São Francisco já é positiva, com a recuperação do capital investido acontecendo de três a quatro anos.
Em quanto tempo começa o retorno?
Daiana Santos Gomes – Engenheira agrônoma, especialista em Tecnologia na Produção de Sementes e Mestranda em Agricultura e Ambiente (UEMA) – daiana.sgomes@hotmail.com
No primeiro ano de cultivo da goiaba não há produção de frutos, mas pode ocorrer a primeira floração, devendo-se eliminar as flores para proporcionar melhor formação da copa e preservar as plantas na fase juvenil, pois não apresenta interesse comercial.
O segundo ano é o primeiro com produção efetiva de frutos, em que os custos com insumos e mão de obra sobem de forma considerável. Os insumos saltam de R$ 348,40 para R$ 2.068,22, ou seja, seis vezes mais do que no primeiro ano.
Essa alta se dá devido a alguns cuidados a mais que são necessários, tais como uma maior quantidade de aplicações de fertilizantes, inseticidas, fungicidas e herbicidas. No momento da geração dos frutos, sacolas são necessárias para proteção dos frutos desde o início da geração da fruta até o ponto de colheita, representando um custo de 65,27% dos insumos.
Retorno do investimento
Após a produção, a maioria dos produtores comercializam para grandes centros de distribuições, mas as goiabas também podem ser vendidas diretamente aos comércios da região. Analisando o período de payback, desconsidera-se o valor do dinheiro ao longo do tempo e por não levar em conta os fluxos futuros após o exato período em que o investimento é recuperado.
Dessa maneira, o período de recuperação do investimento inicial é de três anos para o plantio de goiaba, justificando-se pelo tempo necessário para que ela comece a produzir. Um exemplo de retorno do empreendimento é a produção de goiaba na região do Submédio São Francisco, que é de 15 t/ha no 3º ano, 20 t/ha no 4º ano e 30 t/ha no 5º ano, com custos de produção de R$ 6.340,00, R$ 6.694,00 e R$ 7.444,00 no 3º, no 4º e no 5º ano, respectivamente.