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Panorama nacional da produção de maracujá

Autores

Lucas Pereira da Silvalucassilvapee@gmail.com

Ana Cláudia da Silva Mendonça / Bruna Cristina de AndradeEngenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia – Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Maracujá – Foto: Shutterstock

Maracujá é a denominação geral dada às várias plantas e frutos pertencentes ao gênero Passiflora, o qual possui uma alta variabilidade genética, com mais de 50 espécies descritas sendo comestíveis.

No Brasil, as espécies com maior expressão comercial e que ocupam mais de 90% das áreas plantadas pelo fruto são correspondentes às espécies Passiflora edulis (maracujá-azedo) e Passiflora alata (maracujá-doce), entretanto, espécies como Passiflora setacea, Passiflora nitida, Passiflora cincinnata e híbridos interespecíficos de maracujás têm ganhado força e já representam uma parcela da produção nacional.

Nos últimos unos, o cultivo do maracujá tem ganhado força, possuindo números representativos tanto na área produzida como de produção e exportação, pois os frutos produzidos aqui no Brasil possuem como destino países europeus e latino-americanos.

Números de produção, custo e mercado

No Brasil, em números absolutos, a área destinada à produção de frutos de maracujá, segundo o IBGE – Produção agrícola, em 2018, foi de 42.731 hectares, sendo esta área responsável por produzir cerca de 602.651 toneladas de frutos, com produtividade de 14.103 kg/ha.

Quando afunilamos a pesquisa e observamos as regiões, é nítida a importância do Nordeste, sendo ele responsável por plantar 29.144 hectares e colher 375.541 toneladas no ano de 2018, com produtividade média de 12.886 kg/ha. Logo atrás, mas também muito importante, fica a região sudeste, com 5.708 hectares plantados, colhendo 97.307 toneladas no ano de 2018, com produtividade média de 17.047 kg/ha, bem acima da média nacional.

A Bahia foi o Estado que mais produziu maracujá em 2018, responsável por quase um terço da produção nacional, sendo 15.660 hectares plantados e colhidas 160.902 toneladas, com produtividade média de 10.275 kg/ha.

Já o segundo Estado mais representativo na produção do maracujazeiro é o Ceará, que se mostra em alta, sendo 6.862 hectares plantados, com uma colheita de 147.458 toneladas e produtividade média de 21.489 kg/ha.

Custo envolvido

O maracujazeiro apresenta grande importância social e econômica no País, sendo o Brasil o maior produtor e exportador do mundo. No ano de 2019, segundo dados do Comex stat (Estatísticas de comércio exterior), foram exportados cerca de 28.748 kg do fruto, resultando em um valor de US$ 63.249, ao preço médio de US$ 2.200,12 por tonelada de fruto.

Países como Portugal e Austrália foram os que mais tiveram demanda, sendo 8.467 e 5.810 quilogramas de fruto, respectivamente. Neste contexto, para quem se arrisca a entrar neste mercado, produzir o fruto não demanda um investimento tão alto. Segundo Mendonça et al. (2018), para a implantação da lavoura de maracujá é necessário um investimento médio de R$ 10 mil por hectare, que é reposto logo no primeiro ano de produção.

O custo de implantação da lavoura é um fator determinante, de modo que seja vencido, pois precisa ser disponibilizado no início. Os custos ao longo dos anos são menores, pois os gastos com manutenção são mais baixos, de modo que os custos totais são diluídos no decorrer da cultura que já está implantada e produzindo.

Por fim, fazendo um cálculo bem simples, se utilizarmos a média brasileira de produção, que é de 14.103 kg/ha, e comercializarmos a caixa de 16 quilos pelo valor médio de mercado de R$ 50,00, o produtor já consegue pagar os custos operacionais e investimentos realizados na sua propriedade no primeiro ano.

Preparo do solo e manejo

Primeiramente, afim de estabelecer o plantio do maracujazeiro, o produtor deve procurar conhecer todas as características que compõem o sistema de produção da fruteira, além disso, buscar assistência técnica de qualidade e visitar produtores modelo, para buscar informações que façam a diferença na hora de produzir.

O maracujá exige adoção de diferentes tecnologias no sistema de produção, como a análise do local de plantio, correção da fertilidade e acidez do solo, podas, controle fitossanitário, polinização manual, adubações de formação e produção, colheita e pós-colheita (Faleiro & Junqueira, 2016).

A escolha da área é muito importante para o estabelecimento do plantio, devendo ser considerada a topografia do local, o tipo de solo e a localização de vias de acesso, devendo ser descartados locais com grandes incidências de fortes ventos (Resende et al. 2008).

Vale ressaltar que todas as operações relacionadas ao solo são de suma importância que precedam a análise, e a coleta deve ser realizada por um profissional, enquanto as análises por laboratórios credenciados e de confiança do produtor.

Solos

A cultura se desenvolve em praticamente todos os tipos de solo, porém, são recomendados solos profundos e bem drenados, sem impedimento físico até pelo menos 60 cm de profundidade.

Devem ser evitados também solos muito arenosos e pedregosos, dando preferência para solos mais ricos em matéria orgânica (teores acima de 30 kg-1) e de textura média (areno-argilosos). Também é recomendado o plantio em relevos planos, com declividade menor que 8%, assim como deve-se evitar perfil com menos capacidade de retenção de água, uma vez que o excesso de água no solo inibe o desenvolvimento de raízes e favorece a incidência de doenças no sistema radicular (Resende et al. 2008).

A aração recomendada é de 30 cm de profundidade, com pelo menos um mês de antecedência. As covas são realizadas com 30 x 30 x 30 cm, e se necessário o uso de grade niveladora, pois a compactação do solo pode resultar na baixa infiltração de água no solo, escorrimento superficial e baixo desenvolvimento das raízes (Resende et al. 2008).

Como qualquer outra cultura, se caso detectado na análise de solo a presença de altos níveis de acidez, a calagem é recomendada, pois além de elevar o pH do solo e ajudar a neutralizar o alumínio tóxico, o calcário proporciona um estímulo à atividade microbiana, bem como maior suprimento de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e reduz a fixação de fósforo (P) (Resende et al. 2008).

Já a gessagem é recomendada em casos de áreas com subsolo ácido, com saturação por alumínio maior que 20% e teor de cálcio menor que 0,5 cmolC/dm3 nas profundidades de 20 a 80 cm. O gesso pode ser aplicado a lanço, concomitante à aplicação da calagem.

Já a quantidade a ser aplicada dependerá das condições particulares que cada solo e propriedade possui, dependendo dos resultados da análise do solo e textura do mesmo (Carvalho et al., 2015).

Nutrição

 Os nutrientes no solo são determinantes e se tornam limitantes na produção do maracujazeiro. Os macronutrientes são importantíssimos e, de forma geral, os mais exigidos pela planta são: nitrogênio (N), potássio (K), cálcio (Ca), enxofre (S), fósforo (P) e magnésio (Mg), respectivamente.

Cada um deles possui uma determinada função e necessidade, e aqui brevemente serão explanadas. O nitrogênio (N) está relacionado ao crescimento vegetativo da planta e desenvolvimento de gemas floríferas e frutíferas, enquanto o fósforo (P) estimula o desenvolvimento radicular das plantas de maracujá.

O potássio (K) está relacionado com a qualidade dos frutos e ao rendimento em suco, já o cálcio (Ca) é constituinte estrutural da parede celular, possuindo relação com a formação de um sistema radicular bem desenvolvido, capaz de suportar sucessivas frutificações.

O magnésio (Mg) participa da fotossíntese e é integrante da molécula de clorofila, além de ativar processos enzimáticos e de absorção iônica, e por fim, o enxofre (S) participa da estruturação de aminoácidos e proteínas, vitaminas e processos coenzimáticos, além de participar dos processos de respiração, síntese de gordura e proteínas (Faleiro & Junqueira, 2016).

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Os micronutrientes também são determinantes para o maracujazeiro, em especial: manganês (Mn), ferro (Fe), zinco (Zn), boro (B) e cobre (Cu). O boro (B) desempenha papel importante no desenvolvimento de flores e frutos, o zinco (Zn) participa como estimulante do crescimento e frutificação, e o manganês (Mn) é um ativador enzimático que participa de reações bioquímicas da fotossíntese e da respiração, além da absorção iônica e do controle hormonal.

Por fim, o cobre (Cu) participa de vários processos fisiológicos, como fotossíntese, respiração, distribuição de carboidratos, redução e fixação de N, metabolismo de proteínas, e na constituição da parede celular (Faleiro & Junqueira, 2016).

Desenvolvimento de mudas

As mudas de maracujá podem ser realizadas a partir de sementes, por estaquia e enxertia, mas o método mais utilizado para produção de mudas é partir das sementes, devido à facilidade de execução, o preço e as principais cultivares estarem disponíveis na forma de sementes.

A produção de mudas não deve ser realizada a partir de sementes de frutos comerciais devido ao baixo vigor híbrido, maior desuniformidade e maior suscetibilidade a doenças.

Para a obtenção de sementes de frutos de maracujá, o fruto utilizado deve estar maduro, a polpa retirada deve ser lavada em água corrente e colocada para secar em folhas de papel para retirar o excesso de água. Após seco, deve ser retirada a mucilagem ainda aderida às sementes.

Geralmente a germinação das sementes é uniforme e acima de 90%, mas as sementes recém-colhidas podem conter uma dormência de duração de 30 a 40 dias. Essa situação pode ser diferente para os maracujás silvestres.

A semeadura deve ser realizada diretamente em sacolas ou recipientes plásticos a uma profundidade máxima de 1,0 cm e o substrato deve ser fértil, livre de patógenos e com porosidade para favorecer a aeração.

Após o plantio, as mudas ficam prontas em aproximadamente 40 dias. Essa data pode variar com a condição climática e idade das sementes – quando as mudas são utilizadas com um tamanho maior (mudas com 1,2 m a 1,8 m) o tempo pode chegar a até 180 dias.

Para a realização de enxertia, a técnica mais promissora é a de garfagem de topo em fenda cheia – o porta-enxerto deve ter de 10 a 15 cm de altura. O porta-enxerto deve ser podado abaixo do primeiro par de folhas e o garfo deve possuir cerca de três gemas, sendo retirado de outra planta que forneça a variedade-copa.

O garfo é fixado com uma fita adesiva ou grampos de enxertia. O tempo de produção é de cerca de três a quatro meses. Já o método de estaquia é uma propagação assexuada de plantas com características agronômicas desejáveis e sanidade. O método consiste na retirada de ramos das plantas com duas ou três gemas, que são colocadas para enraizar.

A produção de mudas de qualidade genética e fitossanitária é essencial para a formação de um pomar, por isso, o ideal é que elas sejam sementes ou mudas de viveiros credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Um plus na produção

Vale ressaltar que há produtos disponíveis no mercado à base de algas marinhas (Ascophyllum nodosum), os quais possuem a capacidade de melhorar o pegamento de estacas, aumentar o número de folhas no comprimento da parte aérea, promovendo um aumento de fotossíntese e, consequentemente, a síntese de energia na planta, otimizando o crescimento.

Também há relação com o melhor pegamento de frutos quando utilizados como fertilizantes foliares.

Melhoramento genético

Hoje existem diversas cultivares de maracujá disponíveis no mercado, criadas a partir da necessidade do produtor, por meio de técnicas de melhoramento genético desenvolvidas por diferentes órgãos e universidades, com o intuito de melhorar os números de produção, além de serem resistentes a pragas, doenças e até nematoides, solos salinos, entre outros.

Neste sentido, é de suma importância utilizar estas tecnologias afim de melhorar os números de produção e rendimento. Desta forma, recomenda-se procurar as cultivares disponíveis no mercado destinadas para a região que irá produzir a fruteira.

Polinização manual

O maracujazeiro, por produzir flores normalmente auto incompatíveis, depende naturalmente da realização da polinização natural feita por mamangavas. Porém, existem casos em que há a necessidade da polinização manual, pois condições como o uso frequente de inseticidas para redução de pragas podem, eventualmente, reduzir a polinização natural por mamangavas.

Além disso, plantios com mais de três hectares, ou seja, com mais de 3.000 plantas, o número natural de mamangavas é insuficiente para a polinização natural, bem como o plantio em casas protegidas a polinização natural se torna ineficiente.

Com isso, observa-se, por meio de dados fornecidos por pesquisas feitas pela Embrapa no Distrito Federal, que a polinização manual favorece o aumento da produção, com taxas entre 30 e 52% no aumento produtivo, por meio da relação do pegamento da polinização que, se comparada com a natural, que é de 30%, a manual, ou então artificial, que é realizada pelo produtor, tem um pegamento de até 75%, mostrando a importância da polinização manual na propriedade (Junqueira et al. 2001).

Estufas – uma alternativa viável

O cultivo de maracujá em estufa tem se mostrado uma alternativa para produção e, principalmente, para a rotação de culturas com hortaliças. A partir da introdução das plantas no ambiente protegido são necessários, em média, de seis a sete meses para iniciar a colheita.

Além disso, segundo a Embrapa, sem podas de renovação a planta do maracujazeiro em estufa pode chegar a três ou quatro anos, já que é reduzida a incidência de doenças. Com a adoção de podas e a retirada dos ramos velhos, acredita-se que essas plantas possam permanecer por pelo menos cinco anos, o que torna viável, se comparado com os três anos recomendados.

Porém, quando olhamos o custo médio do sistema de produção de maracujá em estufa, este se torna oneroso, pois é aproximadamente seis vezes superior ao sistema de produção de maracujá a céu aberto, com o tempo para recuperação do investimento de até três anos, em média, largamente superior ao retorno do plantio em céu aberto.

Os benefícios, de certo modo, valem o valor do investimento, uma vez que são inúmeros, tais como: aumento da temperatura noturna, facilitando o pegamento dos frutos e aumentando a produtividade, melhoria da sanidade das plantas pelo fato de que as folhas não se molham, reduzindo a multiplicação de fungos e bactérias causadores das doenças, possibilidade de promover a polinização mesmo em dias de chuva, qualidade dos frutos, que não são queimados pelo sol e ficam mais brilhantes e sadios.

Além de promover um aumento produtivo, segundo a Embrapa, a produtividade média em cultivo protegido tem chegado a níveis bastante elevados, superiores a 100 t/ha/ano, o que representa três sacas de 12 kg por planta.

Como aumentar a produção do maracujazeiro

De forma geral, o aumento da produtividade do maracujazeiro está relacionado às boas práticas de manejo da cultura, que vão desde a implantação do pomar até a colheita dos frutos.

Nos últimos 16 anos, segundo a Embrapa, o aumento da produtividade média, que era de seis e passou-se a ser de aproximadamente 25 toneladas de frutos colhidos por hectare, chegando a próximo de 300% de aumento, o que tem relação com o desenvolvimento de cultivares mais produtivas.

Atualmente, as cultivares mais recomendadas e que possuem um desempenho agronômico estável de produção são as da Embrapa BRS Sol do Cerrado, BRS Gigante Amarelo e o BRS Rubi do Cerrado.

Como manter a produção alta

Afim de se manter a capacidade produtiva de um pomar, não é recomendado o reaproveitamento de sementes de frutos oriundos de cultivares, uma vez que o maracujá é uma planta autoincompatível e entra em processo de endogamia, causando um parentesco entre as plantas, e reduzindo assim a produtividade.

Sendo assim, o primeiro passo é escolher uma cultivar geneticamente melhorada e comprar muda de viveirista credenciado e licenciado no Ministério da Agricultura.

Além disso, outra recomendação afim de se garantir uma produção satisfatória é a realização da polinização manual, uma vez que, por meio de estudos, já se garantiu que aumenta a produção, quando realizada. 

Desta forma, é justificável a mão de obra a ser implantada, uma vez o pomar irá produzir mais frutos quando polinizado manualmente.

Estratégia

Outra tática a fim de garantir o sucesso produtivo é a utilização de sacos ou invólucros que promovem uma proteção física ao fruto, prevenindo a postura das fêmeas de moscas-das-frutas ou então causados por outras pragas, doenças ou danos físicos.

Diversos materiais podem ser utilizados no processo de ensacamento de frutos, desde papel kraft e manteiga, papel sanfonado, organza, TNT (tecido não tecido), plásticos de baixa densidade, entre outros. Por exemplo, na fruticultura paulista a utilização de sacos para proteção é uma técnica essencial para o desenvolvimento de frutos e largamente utilizada pelas famílias tradicionais de origem japonesa.

Pragas x doenças

As plantas de maracujá são acometidas por diversas doenças: bacteriose (bactéria Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae), virose (CABMV e/ou PWV), antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), verrugose (Cladosporium spp), murcha ou fusariose (Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae) e podridão das raízes (Fusarium solani).

A época de plantio influencia as doenças – quando realizado durante o período de chuvas, observa-se maior ocorrência. Desta forma, o plantio é realizado em setembro, mês com menor incidência de chuvas, fazendo-se necessária a irrigação.

Doenças como antracnose e bacteriose podem ser transmitidas por sementes, e por isso a qualidade genética e fitossanitária da semente é fundamental. O controle preventivo das doenças é a melhor estratégia e começa com a escolha da cultivar e viveiro onde as mudas serão adquiridas.

Quando as plantas estão no campo se dá início às pulverizações preventivas, que são realizadas antes e durante o período de chuvas, com produtos como oxicloreto de cobre, mancozeb, cuprozeb, fosfito de potássio ou gesso agrícola.

A verrugose é controlada de forma distinta, com fungicidas à base de triazol ou de estrobilurina no período de chuvas, assim como a fusariose que, por ser um fungo de solo, deve ter manejo preventivo que se baseia em usar mudas do tipo “mudão”, evitar o plantio em áreas com histórico de ocorrência da doença, efetuar o plantio em montículos ou em camalhões e em caso onde as medidas anteriores não surtiram efeito, adotar porta-enxertos resistentes.

As pragas que afetam a cultura do maracujá são divididas em dois grupos, de acordo com a importância. O primeiro grupo é composto por lagartas desfolhadoras, as principais sendo Dione juno juno e Agraulis vanillae vanillae e o segundo contém os percevejos, que incluem as espécies Diactor bilineatus F., Holhymenia clavigera e Leptoglossus gonagra.

A época de ocorrência dos maiores picos populacionais das pragas primarias ocorrem em julho e dezembro com a espécies D. juno juno e janeiro e maio com a espécie A. vanillae vanillae. Já as pragas secundárias têm seu pico em dezembro.

O dano que as lagartas causam está ligado à diminuição de fotossíntese e desfolhas, enquanto o dano por percevejo está relacionado principalmente aos frutos e botões florais devido à alimentação, podendo causar queda de botões florais e frutos ou deformações.

Já em frutos maiores ocorre murcha ou enrugamento. O controle das pragas pode ser realizado na forma de catação, controle químico e eliminação de plantas daninhas hospedeiras.

Plantas daninhas

O manejo de plantas daninhas é um dos fatores determinantes para garantir uma produção linear, pois as mesmas competem com o maracujá por água, nutrientes e espaço, além de produzir alelopáticos pela produção e liberação de compostos químicos produzidos em seu metabolismo que interferem no desenvolvimento das plantas a sua volta (Fontes, 2009).

Diversas espécies de plantas daninhas são capazes de acarretar prejuízos à cultura do maracujazeiro, podendo reduzir até 30% a absorção de água pela planta, uma vez que grande maioria do sistema radicular do maracujá se localiza entre os 50 cm da camada superficial do solo, sendo os mesmos das plantas daninhas, sendo assim, capazes de reduzir até 40% a produtividade de um pomar.

Existem diversas formas de controle das plantas daninhas em um pomar, desde o controle preventivo, que consiste na escolha de uma área com baixo índice de infestação, até a escolha de mudas sadias, com a ausência de plantas invasoras.

Há, também, o controle mecânico, que pode ser manual, com o uso de enxadas, ou então com roçadeiras, podendo ser de braço ou então acopladas a um trator. O único cuidado que o produtor deve ter é de não ferir as plantas de maracujá que estão entre as linhas de plantio, uma vez que ferimentos podem se tornar porta de entrada de doenças.

Não existem herbicidas registrados no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a cultura do maracujazeiro, porém, existem inúmeros estudos para mostrar a eficiência dos químicos no controle de plantas daninhas em pomares de maracujá.

Colheita e pós-colheita

A colheita é realizada entre o sexto e o oitavo mês após o plantio ou 40 e 60 dias após o início da floração, podendo haver variações devido à espécie e cultivar, região de plantio, condições climáticas e o regime de irrigação do cultivo.

A colheita, no geral, é realizada dos frutos que se soltam da planta e não diretamente da planta. A coleta deve ser realizada duas a três vezes por semana. Após a colheita deve ser realizada a lavagem, higienização dos frutos e descarte de frutos muito atacados por doenças. Quando o alvo é o mercado, os frutos são banhados em cera para melhorar o aspecto visual.

Essas práticas, juntamente com o armazenamento em câmaras frias e transporte refrigerado, dificultam o desenvolvimento de doenças pós-colheita e aumentam a durabilidade do fruto. Além disso, a refrigeração diminui de redução de massa e, por consequência, de volume de líquidos, um ponto interessante na venda do produto.

Alerta

Uma das principais doenças pós-colheita é a antracnose, favorecida quando a colheita é realizada de frutos que entram em contato com o solo – nesse caso, o tratamento pós-colheita é essencial. As várias recomendações para o controle desta doença partem de evitar a introdução da doença no pomar, como utilização de mudas sadias até podas, afim de reduzir a incidência de microclima favorável à doença.

Em áreas com grande incidência da doença, é recomendado o uso de fungicidas à base de tebuconazol, difeconazol, tiabendazol ou então trifloxistrobina. Por muito tempo o controle dessa doença foi realizado com fungicidas, mas com a preocupação com resíduos de agroquímicos fez-se necessária a busca por alternativas sustentáveis, como o uso de fosfito de potássio, que é considerado um indutor de resistência a doenças. Seu efeito no controle de patógenos já foi relatado em várias fruteiras, inclusive o maracujá, se tornando uma alternativa viável para alguns tipos de plantio.

– A produtividade média em cultivo protegido tem chegado a níveis bastante elevados, superiores a 100 t/ha/ano, o que representa três sacas de 12 kg por planta.

– Investimento médio de R$ 10 mil por hectare

– Com a produção de 14.103 kg/ha, sendo comercializado pelo valor médio de R$ 50,00 a caixa, consegue pagar os custos no primeiro ano.

BRASIL

– Área plantada: 42.731 hectares

– Produção: 602.651 toneladas de frutos

– Produtividade:14.103 kg/ha

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