Daniel Avelar
Engenheiro agrônomo da Agribase
Para não errar, o produtor deve saber que, de acordo com seu objetivo, há um fosfito específico a ser aplicado. No início do ciclo, por exemplo, quando a aplicação visa a indução de resistência, o fosfito de cobre é o ideal. Já no final de ciclo, o fosfito de potássio deve ser a escolha, visando potencializar o fungicida e também melhorar o enchimento de grãos.
Vantagens do fosfito para a soja:
– Os fosfitos apresentam alta solubilidade;
– São excelentes complexantes, isto é, favorecem a absorção de macro e micronutrientes;
– Ajudam no controle e prevenção de determinadas doenças fúngicas, uma vez que estimulam a produção de substâncias naturais de autodefesa (fitoalexinas), as quais inibem o desenvolvimento de fungos;
– Apresentam alta sistemicidade, ou seja, são rapidamente absorvidos pelas plantas, por meio de raízes, folhas e córtex do tronco, sendo translocados para as regiões dreno (flores e frutos);
– Acarretam maior fixação e desenvolvimento de frutos, quando em aplicação foliar.
Menos doenças
Os fosfitos têm a capacidade de estimular a produção de fitoalexinas, que são sintetizadas em inclusões citoplasmáticas próximas ao local da tentativa de penetração do patógeno. Sua ação nos fungos se dá por desorganização dos conteúdos celulares, ruptura da membrana plasmática e inibição de enzimas fúngicas.
Esses efeitos refletem-se na inibição da germinação e elongação do tubo germinativo e inibição do crescimento micelial. Vários compostos são capazes de estimular a produção de substâncias naturais de autodefesa da planta (fitoalexinas), no entanto, são os fosfitos que estão se destacando no segmento.
Defesa natural
Fitoalexinas são compostos antimicrobianos de baixa massa molecular, sintetizadas e acumuladas nas plantas após estresses físicos, químicos ou biológicos, capazes de reduzir ou impedir a atividade de agentes patogênicos.
Mais de 300 fitoalexinas já foram caracterizadas entre diferentes classes de compostos químicos, como cumarina, diterpeno e flavonoide, entre outras, e têm sido identificadas em mais de 20 famílias de vegetais.
Qual fosfito usar?
Existem, no mercado, fontes de fosfitos de zinco, manganês, cálcio, boro, cobre e potássio, no entanto, para o controle de doenças o fosfito de cobre tem se destacado.Já o fosfito de potássio, em relação à nutrição (enchimento de grãos), está apresentando bons resultados.
A escolha de qual fonte de fosfito usar depende do nutriente que se encontra em menor quantidade (analise foliar), da idade da planta e da forma de aplicação.
Mais produtividade
Quando se usa fosfito na soja, o objetivo é estimular os mecanismos de autodefesa da planta, melhorar o estado nutricional da planta e o peso dos grãos. Não existem estudos detalhando quanto a soja produz a mais quando recebe fosfito, no entanto, o uso de fosfito melhora o estado nutricional e a resistência da planta, consequentemente, ela terá melhores condições de absorver nutrientes, resultando em uma maior produção quando comparado a uma planta mal nutrida e com menor resistência.
Recomendações
Quando a aplicação de fosfito visa diminuir a incidência e ou severidade de doenças, a aplicação deve ser realizada de forma preventiva, ou seja, antes da deposição de inóculo no sÃtio de infecção (até 50 dias DAE), o fosfito utilizado em associação ao fungicida apresenta resultados satisfatórios para o manejo da ferrugem asiática Phakopsorapachyrhizi.
O fosfito de cobre visando à indução de resistência está se destacando quando comparado com os demais. Vale ressaltar que o cobre apresenta também ação preventiva e curativa contra a maioria das doenças bacterianas.
É bom lembrar que o fosfito proporciona um sinergismo (potencializa) com o fungicida, principalmente com as estrobilurinas. Mas, cuidado! As misturas de fosfito de cobre com fungicidas, com o princÃpio ativo tebuconazole devem ser evitadas, pois em algumas situações pode ocorrer incompatibilidade, podendo diminuir a eficiência de ambos.