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quarta-feira, maio 8, 2024
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Produtividade – Como construir um ambiente promissor?

Autor

João Augusto Lopes Pascoalino
Coordenador técnico e de pesquisa do CESB
coordenador@cesbrasil.org.br

Se existir uma palavra mágica para a construção de um ambiente de alta produtividade, esta seria “diagnóstico”. Somente conheceremos nosso ambiente de produção e iremos obter assertividade e eficiência no manejo das lavouras a partir do momento que realizarmos um correto diagnóstico do sistema produtivo, abrangendo cada fator que impacta positivamente e/ou negativamente na produtividade.

O sistema produtivo e suas interações

Não é uma simples tarefa, mas com as ferramentas e/ou tecnologias hoje disponíveis, essa operação é facilitada. Partindo do pressuposto que o sistema produtivo é complexo e composto por vários fatores, e embora cada fator apresente sua importância em particular, não é indicado trabalhar de forma isolada, e sim analisar o conjunto e suas interações, uma vez que a produtividade é a convergência de todos eles.

Na prática, o conceito de interação dos fatores pode ser melhor compreendido quando associamos o correto manejo de um fator com suas possíveis repercussões no sistema produtivo. A exemplo, promovendo a ausência de impedimento físico no solo, então teremos uma condição de boa infiltração e/ou drenagem da água, aumento da oxigenação, aumento de microrganismos e, consequentemente, melhor ambiente para o aproveitamento dos recursos, tais como água e nutrientes pelas plantas, caracterizando um “efeito cascata”.

O clima, solo, planta e manejo perfazem 100% do sucesso de uma lavoura e destaca-se que 50% deste sucesso está na dependência do clima e o restante nos demais. Importante destacar que, embora não tenhamos controle sobre o clima, o oposto é observado quanto ao solo, planta e manejo, em que temos ações sobre esses fatores.

Em síntese, quando as ações e/ou manejos são assertivos a nível de solo e planta, então pode-se afirmar que ao longo do tempo criamos uma condição de ambiente favorável para suportar as adversidades climáticas, o que caracteriza uma compensação entre manejo versus clima. Isto é possível por meio do correto diagnóstico, o qual caracteriza o grande “start” da construção de um ambiente produtivo.

Dessa forma, a questão que precisamos responder é: “quais os fatores produtivos envolvidos nesta compensação para garantir e/ou aumentar a produtividade?” Buscando construir um ambiente de alto potencial produtivo.  

Construção do perfil de solo

A busca por um perfil do solo fisicamente ideal, quimicamente corrigido e biologicamente ativo é fundamental para que a planta não tenha o solo apenas como um meio de sustentação, mas que permita às raízes crescerem e se desenvolverem em profundidade, armazenar água com qualidade e quantidade suficientes, com nutrientes essenciais e microrganismos benéficos.

Nesse contexto, existem quatro premissas importantes a serem consideradas para iniciar o processo de construção do perfil do solo: diversidade de culturas (rotação de culturas), evitar o impedimento físico do solo, corrigir a acidez (pH) e a fertilidade química do solo em profundidade, e melhorar os aspectos biológicos do perfil.

A junção dessas práticas convergirá para uma boa estruturação, com matéria orgânica, retenção de água, atividade biológica e ciclagem de nutrientes. Com essas propriedades é possível afirmar que o processo de construção do perfil do solo está acontecendo (Figura 2).

Qualidade das sementes

A qualidade das sementes se resume em quatro atributos, sendo:

Ü Genético: potencial produtivo, adaptabilidade, precocidade, resistência a fatores bióticos e abióticos e qualidade do produto;

Ü Físico: integridade física, umidade, forma e tamanho das sementes;

Ü Fisiológico: germinação, vigor, longevidade e dormência das sementes e,

Ü Sanitário: presença e ataque de pragas e doenças às sementes. A certificação de que todos esses atributos estão dentro dos padrões de qualidade garante uma semente saudável.

A qualidade de sementes é tão importante quanto a qualidade de semeadura. Ambas são  importantes no contexto produtivo e podem conferir vários benefícios que caracterizam um bom início de plantio (plantabilidade), tais como: maior germinação e emergência das plântulas de maneira rápida e uniforme, conferindo melhor estabelecimento das plantas, plantas de maior vigor e com desempenho superior no campo, o qual resiste mais a situações de estresse, elevada taxa de crescimento, o qual confere maior índice de área foliar e sistema radicular mais profundo, competindo de forma eficiente pelos recursos naturais e maior potencial produtivo.

Nutrição mineral das plantas

Nenhuma planta é capaz de expressar todo seu potencial produtivo se estiver faltando algum elemento essencial – “lei do mínimo”. A nutrição mineral de plantas é fundamental e a resposta da planta frente ao manejo da nutrição será maior quanto melhor for construído o perfil do solo e obtida uma boa plantabilidade.

Logo, pensar de forma multidisciplinar (solo, plantabilidade e nutrição) é estratégico e necessário para construir as melhores condições para a planta aproveitar os recursos necessários para seu crescimento e desenvolvimento e, claro, obter o ponto máximo de homeostase.

Nesse contexto, a adubação de pré-plantio, sulco de plantio, cobertura e foliar perfazem as quatro principais formas de oferecer nutrientes minerais para a planta. A nova filosofia de trabalho aponta que não basta apenas oferecer, e sim entender a lógica de necessidade da planta, obedecendo: forma, quantidade e época do nutriente aplicado, que são princípios-chave para a maior eficiência de aproveitamento dos nutrientes pela planta.

Proteção de plantas

Manter a lavoura livre de plantas invasoras que competem pelos mesmos recursos naturais com a cultura de interesse comercial, manter incidência de pragas e a evolução das doenças a baixo do nível de dano econômico não é uma tarefa simples. A responsabilidade fica ainda maior quando se sabe que áreas de altas produtividades não permitem erros de manejo. Portanto, as boas práticas perfazem uma ótima estratégia.

Na ótica de um campeão do CESB, é necessário: diagnosticar, levantar e monitorar continuamente as principais plantas invasoras, pragas e doenças existentes na área, rotacionar mecanismos de ação e princípios ativos de herbicidas, inseticidas e fungicidas, sempre utilizar produtos de procedência, respeitar a bula do produto, realizar monitoramentos frequentes, observando a eficiência das operações de controle, manejar considerando as condições climáticas e período do dia que confere maior eficiência de utilização dos produtos, manutenção e revisão dos equipamentos e, por último, mas não menos importante, a utilização de equipamentos de proteção individual.

Produtividade

O diagnóstico é 50% do sucesso de uma lavoura de alta produtividade. Uma vez conhecendo seu ambiente de produção e os respectivos fatores produtivos mais limitantes, então só resta “fazer o básico bem feito” e “não trocar princípio científico por comodidade”, o que resume os principais segredos dos campeões do CESB para alcançar elevadas produtividades.

O sucesso da produtividade está em suas mãos!

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