O trabalho de pesquisa oportunizou o primeiro registro no Brasil de um produto biológico para o controle da mosca-minadora, inseto que ataca diversas culturas agrícolas.
Pesquisadores da Embrapa Semiárido (PE), em parceria com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) conseguiram disponibilizar um sistema de criação em larga escala para parasitoides que controlam a mosca-minadora.
A solução que evita uso de químicos na lavoura e não impacta a saúde humana nem o ambiente foi rapidamente incorporada pelo setor produtivo e registrada em julho no Ministério da Agricultura. A versão comercial do parasitoide Neochryoscharis formosa para o controle desse inseto foi desenvolvida pela Topbio Sistemas Biológicos, e contou com cooperação técnica da Embrapa.
Fitossanidade
As moscas-minadoras do gênero Liriomyza são consideradas pragas importantes para diversas hortaliças e plantas ornamentais como o melão, tomate, feijão, batata e crisântemo. “Entre os principais inimigos naturais desse inseto estão os parasitoides, pequenas vespas que conseguem atacar as larvas das moscas ainda dentro das folhas”, explica o coordenador das pesquisas, o biólogo Tiago Costa Lima.
O pesquisador destaca que algumas espécies dessas vespas já eram utilizadas como alternativas de controle biológico para moscas-minadoras desde a década de 1980, na Europa e América do Norte. No entanto, o conhecimento para a multiplicação massal das vespas parasitoides não estava disponível.
O desenvolvimento do sistema de criação levou 15 anos. A empresa parceira selecionou o parasitoide em plantações de melão no Rio Grande do Norte. O melão é especialmente atingido pela mosca-minadora. A dificuldade de controle da praga com inseticidas sintéticos e as exigências dos países importadores de melão por frutos livres de resíduos agroquímicos fez surgir uma forte demanda por soluções biológicas para o controle do problema.
O gerente da Topbio, Marcos Bellini, explica que a ideia inicial foi buscar um parasitoide nativo, comum no Brasil, de ocorrência natural. “Fizemos dezenas de coletas na região do melão no Rio Grande do Norte e no Ceará, e conseguimos selecionar o parasitoide N. formosa, que é abundante, com ocorrência constante ao logo do ano e presença em todo o País, por isso, optamos por trabalhar com ele”, relata.
A vespa parasitoide resiste a altas temperaturas possibilitando seu uso em plantações no Semiárido brasileiro.