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PH ideal: Qual a relação com a eficiência do defensivo?

Autores

Jean dos Santos Silva
santos.jean96@yahoo.com.br
Luciane Gonçalves Torres
lucianetorres21@hotmail.com
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Giovani Belutti Voltolini
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Fitotecnia – UFLA
giovanibelutti77@hotmail.com
Joana Caroline D’arc de Oliveira
Técnica agrícola e graduanda em Agronomia – UFLA
joanaolyve@gmail.com
Crédito: Ana Maria Diniz

O pH é o potencial hidrogênio iônico que é determinado pela concentração de íons de hidrogênio (H+) presentes em uma solução, e indica se ela é alcalina ou ácida. Ele é dado por uma escala adimensional que vai de 0 a 14, em que o valor 7 corresponde a uma solução neutra, enquanto valores acima de 7 são considerados alcalinos e abaixo de 7 ácidos.

pH x eficiência de pulverização

Diversos fatores influenciam na eficiência da pulverização dos defensivos agrícolas utilizados na cafeicultura. Os mais comuns são a temperatura, umidade do ar, ventos, regulagem do equipamento e a água empregada na diluição. Este último fator está diretamente relacionado com a preparação da calda para pulverização e sua eficiência.

O uso de água com características físico-químicas inadequadas pode levar à inativação ou diminuição da atividade do princípio ativo do defensivo. Dentre estas características, a acidez e alcalinidade representadas pelo pH da calda são de extrema importância para um ótimo aproveitamento do produto aplicado.

pH ideal para cada defensivo

Cada defensivo agrícola apresenta um pH que terá maior eficiência. No entanto, a maioria dos defensivos utilizados na cafeicultura possui ação ótima em pH ácido, isso pois a maioria dos ingredientes ativos tende a sofrer hidrólise alcalina em caldas com pH próximo ou maior que 7. A alcalinidade também pode causar instabilidade física na calda de pulverização, podendo gerar precipitados no fundo do tanque.

Há pequena variação entre as faixas ótimas de pH dos principais defensivos utilizados na cafeicultura, porém, alguns têm melhor ação em pH mais ácido que os demais, por exemplo, o herbicida glifosato apresenta melhor eficiência com o pH entre 3 e 4. Já os herbicidas com ingrediente ativo chlorimuron-etyl e oxyfluorfen têm melhor ação em pH 5.

Os fungicidas, inseticidas e acaricidas, de maneira geral, possuem melhor ação em pH 5. O produto à base de ethephon, utilizado para acelerar a maturação dos frutos de café e escalonar a colheita, tem sua melhor eficácia no pH 3.

A avaliação e o uso de caldas com pH ideal para a pulverização do defensivo que será utilizado é primordial para o correto funcionamento do mesmo, seja ele um herbicida, fungicida, inseticida ou outro. É preciso que, ao aplicar esses produtos, o agricultor obtenha o retorno do que está investindo vendo uma resposta positiva no campo.

O pH adequado para o defensivo está diretamente associado ao bom manejo da pulverização, o que garante a eficiência técnica e a viabilidade econômica da ação.

Como corrigir o pH da água de pulverização?

No que diz respeito à correção do pH para pulverização de defensivos, o mais comum é que seja necessário realizar a acidificação da calda, ou seja, reduzir o pH. Para correto procedimento, os cafeicultores devem primeiro medir o pH da calda, podendo ser com o uso de aparelhos portáteis de medição de pH (peagâmetro), ou fitas próprias para aferir pH.

Para correção do pH, deve-se adicionar um ácido fraco ou um ácido forte diluído. Ou ainda, os agricultores podem optar por formas práticas, como o uso de limão, vinagre ou ácido fosfórico diluído. É importante que seja medido o pH ao passo em que se adiciona um pouco do corretivo, para evitar que se ultrapasse o valor desejado.

Diversos adjuvantes estão disponíveis no mercado e são empregados para reduzir o pH da água que será utilizada na pulverização, garantindo o pH ideal da calda que será utilizada.

Custo

Dos instrumentos para aferir o pH, as fitas são as mais baratas. Kits com 80 fitas são encontrados a partir de R$ 16,00 na internet, cada fita realiza apenas uma aferição. O peagâmetro eletrônico de bolso é mais preciso que as fitas, porém, seu custo é maior, dependendo do fabricante e tipo e é encontrado na faixa R$ 40,00 até R$ 500,00 na internet, e necessita de calibração constante para que seja preciso.

Principais benefícios

Os custos dos meios de medições de pH são relativamente baixos se comparados aos benefícios que essa prática pode trazer. Uma boa aplicação de defensivo, onde o produto não sofra influência do meio em que foi diluído, é sinônimo de melhores resultados no cafeeiro. Herbicidas bem aplicados levam à redução da presença de plantas daninhas que estariam competindo com a cultura, e com essa redução há o favorecimento da cultura principal para o uso da água e dos nutrientes, que levam, enfim, a prováveis maiores produtividades.

Fungicidas e inseticidas aplicados de maneira correta controlam as doenças e pragas da lavoura que, estando livre de doenças, é capaz de alcançar melhores produtividades ao final do ciclo. Ou seja, o pH correto para aplicação dos defensivos é um dos fatores relacionados à produtividade da lavoura cafeeira.

Resultados práticos

Estudo de Dan e colaboradores (2009) avaliaram a eficiência do controle de Uruchloa brizantha com o herbicida glifosato, com pH de calda variando de 1,3 a 9. Os melhores resultados foram obtidos na faixa de pH entre 3,5 e 5. Cunha e colaboradores (2017), em estudos do efeito de adjuvantes nas propriedades da calda de fungicidas, concluiu que adjuvantes contendo fosfatidilcoline + ácido propiônico podem reduzir o pH da solução.

Petter e colaboradores (2013) concluíram que a adição de ácido bórico e ácido pirolenhoso pode reduzir o pH da calda e potencializar o efeito de algumas misturas entre inseticidas e fungicidas. Além disso, o ácido bórico pode fornecer o micronutriente boro, o que otimiza a pulverização.

Cuidados

É comum, na cafeicultura, a necessidade de fazer aplicação de micronutrientes na mesma época que se realiza o controle de doenças fúngicas. Por isso, deve-se atentar à compatibilidade do fungicida com os fertilizantes foliares utilizados, principalmente em forma de sais, pois, além da incompatibilidade dos fungicidas com determinados fertilizantes foliares, no caso do uso de sais, como sulfato de zinco e sulfato de cobre, há um aumento no pH da calda, o que gera a necessidade de utilizar algum adjuvante para reduzir o pH da calda.

No caso do glifosato, ressalta-se que em águas com grande suspensão de partículas de argila pode haver redução de até 50% do aproveitamento do herbicida, portanto, não só o pH é o suficiente para garantir a eficiência do produto. Com isso, reforça-se a necessidade de se atentar a todos aspectos envolvendo a água utilizada e a preparação da calda.

Por último, vale salientar a importância de procurar a orientação de um engenheiro agrônomo para que o manejo de pulverização tenha eficiência técnica, econômica e ambiental.

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