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terça-feira, abril 1, 2025
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Plantas daninhas em milho: as perdas ocultas

Emerson Trogello
Professor IF Goiano Morrinhos
emerson.trogello@ifgoiano.edu.br
Ana Caroline de Araújo
Mestranda em Proteção de Plantas – IF Goiano campus Urutai
carolagro0@gmail.com  
Fotos: Miriam Lins

As culturas agrícolas, no geral, têm elevado seu potencial produtivo. Estamos avançando ano a ano em produtividades obtidas a campo. Muito deste aumento se deve ao melhoramento das espécies cultivadas. Cada vez mais, o melhoramento tem focado em produzir indivíduos com alta capacidade produtiva.

Entretanto, quando colocamos estes indivíduos a campo, temos que propiciar um ambiente que gere o menor “desconforto” possível à espécie, uma vez que, sendo altamente produtiva, exige um ambiente com menor estresse.

Estrutura do solo

Quando falamos em ambiente, podemos pensar em estrutura de solo, condições hídricas, fertilidade, temperatura, fotoperíodo, etc. Mas, também temos que pensar nos fatores ditos bióticos, destacando-se doenças, insetos e plantas daninhas.

Ao falarmos em doenças, podemos observar a campo as perdas ocorrendo, principalmente por meio de manchas observadas na folha do milho, reduzindo assim a área fotossinteticamente ativa.

Quando pensamos em insetos, os danos também são facilmente observados, por meio da raspagem ou outra interferência direta ou indireta. Este dano visível liga o alerta ao produtor para a necessidade de controle e manejo.

Porém, quando estamos pensando em planta daninha, os danos por vezes são inicialmente invisíveis. Por mais que a competição esteja ocorrendo, não é visível ao produtor. Aqui deve-se ligar o alerta – muitas vezes a competição inicial ocorre e está roubando a produtividade. Assim como doença e insetos, “prevenir é melhor que remediar”.

Possibilidades

Observa-se, na maioria das áreas, que o produtor espera fluxos de emergências de plantas daninhas para que em uma única aplicação pós-emergência ele consiga controlar a daninha e colher no limpo.

Este manejo gera duas possibilidades – na primeira, pode-se perder a janela de aplicação pensando em plantas daninhas tolerantes e resistentes. Ou seja, as plantas daninhas oriundas dos primeiros fluxos de emergência podem estar em um estádio de desenvolvimento que dificulta seu controle a campo.

A segunda possibilidade é que também estas plantas oriundas dos primeiros fluxos de emergência estejam já competindo com a cultura do milho, roubando silenciosamente a produtividade a campo. Por isso, quando falamos em plantas daninhas, o ideal é não vê-las na área.

Caso o controle não seja eficiente, as plantas daninhas agressivas, como o capim-pé-de-galinha, capim amargoso, corda de viola, etc., podem roubar até 80% a produtividade a campo, bem como interferir no operacional de colheita, na porcentagem de impurezas, umidade do grão, etc.

Entenda melhor

A agressividade é a base do conceito de plantas daninhas. Temos que entender que, a planta mais adaptada ao ambiente é o complexo de plantas daninhas. Provavelmente a semente do capim-pé-de-galinha presente na área foi gerada por um ‘pai’ que já estava presente na área e conseguiu gerar um descendente.

Este ‘pai’ provavelmente foi originado por um ‘avô’ que também estava presente na área e conseguiu deixar descendentes, e assim por diante. Ou seja, a herança genética da planta daninha presente na área a faz a mais adaptada ao ambiente.

Quando trazemos uma cultura como o milho, altamente melhorada e focada em produtividade, a mesma espera encontrar um ambiente altamente favorável e em qualquer competição com plantas daninhas, a mesma sairá perdendo.

Sempre haverá na área uma planta daninha mais eficiente na competição por água, luz e nutrientes, em comparação à cultura milho. Por isso, necessita-se de manejo eficiente. E novamente digo, esta competição inicia-se antes que o imaginado pelo produtor rural. 

E agora, o que fazer?

Para o manejo destas plantas daninhas, a maioria dos produtores colocam todas as suas fichas no controle químico. Entretanto, é fundamental entender que o manejo do ambiente sempre é mais importante e integrar ferramentas de controle é fundamental.

A primeira ferramenta de grande importância é ocupar sempre o espaço produtivo com culturas de interesse, sejam elas para fins comerciais ou como plantas de serviço. Por característica, o complexo de plantas daninhas sempre ocupara um ambiente ocioso ou perturbado.

Um ambiente já ocupado não cede espaço às daninhas. Por isso, a integração e o uso de plantas de cobertura são fundamentais na luta contra a planta daninha. Outra ferramenta importante é entender a cultura milho e propiciar a ela o ambiente mais favorável possível, visando dar a ela a maior vantagem competitiva.

Cuidados no plantio

Desta forma, a escolha do melhor material genético, da melhor semente, da melhor condição de plantio, manejo de inseto e doenças, correção de fertilidade, etc., são fundamentais. E, neste manejo, a escolha da melhor população de plantas e, principalmente, do melhor arranjo de plantas, ganha notável importância.

Um plantio que garanta uma melhor distribuição de plantas na área, com o mínimo de espaçamentos duplos e falhos, garante uma menor competição entre plantas de milho, uma melhor ocupação do espaço e, consequentemente, uma maior capacidade competitiva à cultura.

É fundamental, também, chegar na “boca da semeadura” com o ambiente livre da presença de daninhas, ou com as daninhas em estádios de desenvolvimento juvenis, visando facilitar seu controle.

Por onde começar?

Quando pensamos em milho segunda safra, fica claro que o manejo da daninhas deve começar na soja, caso as plantas daninhas não sejam controladas de maneira eficiente na cultura.

No momento da colheita, a mesma será roçada pela plataforma. Em seguida, o plantio do milho será realizado e o rebrote desta planta daninha ocupará a área, sendo de difícil controle. Por isto, o manejo do sistema é fundamental.

Caso o produtor consiga entregar a área no limpo para a cultura do milho em sucessão, é primordial o uso de ferramentas que visem o controle da planta daninha ‘no berço’, principalmente as daninhas que têm se mostrado resistentes ao manejo químico. Plantas daninhas como o capim-pé-de-galinha, capim amargoso, buva, vassourinha de botão e tantas outras devem ser controladas ainda antes da emergência.

Não dê chance ao azar

Para estas plantas daninhas, não podemos dar ‘chance ao azar’. A ferramenta do uso de herbicidas posicionados no plante-aplique ou no aplique-plante, que tem como focal controlar a germinação e emergência das plantas daninhas, é fundamental ao sistema.

Apesar de toda a sua importância, apenas 35% dos produtores tem utilizado esta ferramenta. O residual agronômico propiciado pela ferramenta dos pré-emergentes garante à cultura uma vantagem competitiva.

À medida que os fluxos de emergência de plantas daninhas são controlados pelo residual, tem-se também a não competição inicial, garantindo que as perdas invisíveis não ocorram.

Ainda, à medida que o residual se perder e o fluxo de daninhas emergir na cultura do milho, o manejo pós-emergente será muito facilitado, sendo o mesmo posicionado quando as plantas daninhas estiverem em sua fase de plântula, garantindo uma maior possibilidade de controle.

Quando falamos em áreas com histórico de plantas daninhas de difícil controle, não podemos passar sem o uso e posicionamento de herbicidas pré-emergentes.

Fique de olho

Além destes posicionamentos, o monitoramento da área é fundamental. Novamente, comparando com o manejo de insetos e doenças, já vemos muitos produtores altamente técnicos e seguindo um padrão de amostragem, com medidas para a tomada de decisões.

Quando se fala de plantas daninhas, ainda não se observa a campo este monitoramento ‘fino’. É fundamental que o produtor tenha em mãos uma simples ferramenta, um quadrado de 0,5 x 0,5 m.

Este local pode ser reservado na área de maneira aleatória. À medida que o mesmo é lançado na área, deve-se contabilizar e identificar as plantas daninhas presentes no mesmo. Feito isso várias vezes na área e em várias épocas, o produtor pode ter tabelado qual o comportamento da sua comunidade infestante, podendo observar se o seu manejo está, por exemplo, selecionando determinada espécie ou não.

Resistência das daninhas

A resistência não surge na área de um dia para outro. A seleção é lenta e contínua. Monitorando sua área, pode-se ter a possibilidade de alterar o manejo e, consequentemente, alterar a dinâmica da comunidade infestante.

Este monitoramento ainda define as espécies mais importantes na área, sendo, consequentemente, uma excelente base para a escolha dos melhores produtos e dose a ser utilizada.

Rotação de culturas

Ainda, e sei que talvez seja a parte mais difícil do sistema, cada vez mais temos que pensar em rotação de culturas na prática. A sucessão soja/milho tem selecionado um complexo de plantas daninhas de difícil controle.

Rotacionar culturas e forçar a rotação de manejo seria uma importante ferramenta na luta contra as plantas daninhas resistentes. Enfim, a temática de daninhas tem se mostrado muito desafiadora a campo. Focar no manejo do sistema como um todo é a peça-chave do controle das mesmas.

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