Rayla Nemis de Souza
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Rafael Rosa Rocha
rafaelrochaagro@outlook.com
Engenheiros Agrônomos, Mestres em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
O plantio de refúgio pode ser definido como um espaço destinado ao plantio de sementes não Bt de soja. Será nessa área de refúgio que as pragas-alvo irão sobreviver e se reproduzir sem a exposição a toxina Bt.
Dessa forma, os insetos oriundos dessa área poderão se acasalar com os insetos sobreviventes das áreas plantadas com milho Bt, de modo a retardar a seleção de pragas resistentes à bactéria mencionada.
O começo
De acordo com orientações disponibilizadas pela Embrapa, a área deve ser construída a uma distância de, aproximadamente, 800 m de distância das plantas transgênicas. Sendo essa distância a medida calcula com base na capacidade de alcance de voo dos insetos.
Dessa maneira, é possível criar condições apropriada para o acasalamento de mariposas que se desenvolveram nos espaços de soja Bt e não-Bt. Recomenda-se o plantio de 20 hectares de soja não-Bt para cada 80 hectares de soja Bt.
Você pode escolher sementes hibridas, transgênicas ou sementes convencionais, dependendo das necessidades da área de plantio. Outro aspecto importante está relacionado ao ciclo da cultura. Se faz ideal investir em cultivares com ciclo próximos, ou seja, opte por semear a soja Bt e não-Bt na mesma época.
Retarda as pragas
A adoção do refúgio agrícola é essencial para retardar e até eliminar o desenvolvimento de pragas mais resistentes aos inseticidas contidos nas culturas Bt. Dessa forma, caso, ele não seja colocado em prática, existe o risco de que os insetos mais adaptados permaneçam na lavoura, o que resultará na perda de eficiência e durabilidade da tecnologia Bt, além prejuízos financeiros.
Em consequência, haverá uma redução de produtividade. Além de que, monitorar a plantação é primordial para que a colheita seja boa. Por esses motivos é fundamental que todos os produtores observem as recomendações quanto a área de refúgio estruturado.
O uso de boas práticas agrícolas no momento da construção da área de refúgio é essencial, sendo essas: o tamanho da área refúgio, época de plantio, distancia adequada, uso de sementes certificadas e o tipo de configuração da área de refúgio, além do monitoramento de pragas, cujo o objetivo principal é identificar o nível de ação, para adotar medida de controle e priorização de inseticidas químicos seletivos, realizando a rotação de mecanismos de ação.
Fazendo seu papel
Atualmente a taxa de adoção das áreas de refúgio pelos agricultores é decrescente. Esse desuso é proveniente de três motivos: A tarefa de encontrar sementes não-Bt com o mesmo ciclo e potencial produtivo das sementes com tecnologia Bt é um desafio; maior dificuldade na operação da lavoura, que requer ajustes nas máquinas e tratos culturais diferenciados para as áreas não-Bt; manejo de pragas em áreas não-Bt é diferente e a intensidade dos danos causados pelas pragas é maior, com risco de afetar a rentabilidade.
No entanto, a não adoção dessa atividade por parte dos produtores pode causar consequências, visto que estarão colocando em risco a eficiência dessa biotecnologia agrícola e a rentabilidade das safras futuras.
Assim, o plantio de refúgio, quando bem estruturado, você evita a aparição e também a propagação de pragas mais resistentes, que não somem facilmente com a utilização de inseticidas contidos na tecnologia.