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Polinização de abóboras

A abóbora é uma planta anual, em que ocorre o desenvolvimento simultâneo da parte vegetativa, da floração e da frutificação. Seu cultivo acontece em todo o Brasil e as dúvidas sobre sua produção são recorrentes, principalmente quando o assunto é a polinização.

Esta é a quinta matéria da coprodução entre o Canal do Horticultor e a Revista Campo & Negócios e vamos responder uma série de perguntas que recebemos pelas nossas redes sociais. Contamos com a colaboração do Biólogo Baldarat e do Engenheiro Agrônomo Marcos Renan de Souza, ambos membros da equipe da ISLA Sementes.

Acompanhe:

É possível utilizar a Abóbora Jacerezinho como variedade polinizadora para produzir Tetsukabuto?

Pode-se usar a Jacarezinho, assim como qualquer outra abóbora, desde que coincida o período de florescimento de ambas as flores. Ou seja, quando a planta iniciar a produção de flores femininas, é fundamental que já tenham flores masculinas na área.

Esta é a Abóbora Coração, tipo jacarezinho Baiana

As variedades de Abóbora Jacarezinho, florescem cerca de 52 dias após serem semeadas. Para que ela seja usada como polinizadora das Abóboras Japonesas, elas devem ser semeadas entre 15 a 20 dias antes do Híbrido.

A flor masculina da japonesa é macho estéril, precisa de pólen para fecundar a feminina. Se dá preferência para plantas de Cucurbita maxima e Cucurbita moschata como polinizadoras.

Na região de Paracatu – MG, já acompanhamos campos onde foi cultivada a Caserta como polinizadora, e assim é possível comercializar os frutos das duas abóboras: a “japonesa” e a “italiana‘.

Planta de Abóbora Caserta com Flores e Frutos

Na grande maioria dos cultivos é usada a Moranga Exposição como polinizadora, pela questão de ciclos muito semelhantes. A moranga floresce cerca de 35 dias depois de semeada, enquanto a Tetsukabuto por volta dos 42 dias depois de semeada. Sendo assim, para esta combinação, é feito o plantio da polinizadora com 7 a 10 dias de diferença.

Moranga de Mesa (exposição) com fruto já formado no campo

Ao escolher qual variedade polinizadora, é importante levar em consideração o número de dias para sincronizar o florescimento, o manejo envolvido para seu cultivo e qual será o destino dos frutos da planta polinizadora. 


Abóbora tetsukabuto e polinizador “abóbora-moranga”

Unindo produção e comercialização

A Abóbora majestade possui período de florescimento muito semelhante das Tetsukabutos, por isso é uma excelente opção como polinizadora.

Já que os frutos serão formados naturalmente pelas suas flores femininas que também estarão na área, uma estratégia de comercialização destes frutos é muito bem-vinda para gerar renda extra ao produtor.

A majestade tem a polpa laranja e saborosa, sendo muito mais fácil de descascar. Auxiliando os consumidores a entender a variedade, a Isla incluiu ela na série Vamos Comer Melhor, mostrando uma forma de consumo da mesma. Clique na foto e confira um dos vídeos da Série “Somos Todos Sementes” promovida pela ISLA no seu IGTV, com a participação da Chef Patricia Helú.

É possível utilizar os frutos da Majestade em receitas deliciosas. Clique para ver o vídeo com a receita!

Mais sobre o campo

No sul de Minas Gerais há demanda para os frutos de Moranga, já na região norte de Minas, como em Jaíba, por exemplo, são aplicados produtos hormonais para indução de florescimento. Esta é uma técnica muito utilizada em grandes áreas produtivas.

“Os reguladores de crescimento à base de 2,4-D são utilizados por produtores que buscam realizar polinização artificial em abóbora cabotiá. Esses reguladores apresentam efeitos semelhantes às auxinas ou ao ácido indol-acético, presentes naturalmente nas plantas.”

Trecho de matéria trazida na edição de outubro de 2020 da Campo & Negócios.

A polinização manual é eficaz? Como fazer?

Em áreas de produção a polinização com insetos é eficiente, desde que as flores masculinas e femininas estejam viáveis no mesmo período. Para cultivo de Abóbora Japonesa Tetsukabuto, por exemplo, que tem as flores macho estéreis, é preciso contar com outra variedade do gênero Cucurbita, para fornecer o pólen. Tanto Cucurbita máxima quanto Cucurbita moschata podem ser viáveis, o importante é planejar a data de plantio, pensando na sincronicidade de flores.

Caso não haja insetos na área, em produções domésticas, podem ser realizadas as polinizações manuais, com pincel macio, levando o pólen das flores masculinas às flores femininas.

Em áreas comerciais não é feita a polinização manual, por ser um custo inviável.

A polinização dos cultivares híbridos é diferente dos OP?

Tanto as cultivares de polinização aberta quanto as híbridas têm a mesma dinâmica de polinização. As flores femininas precisam contar com o pólen das flores masculinas para serem fecundadas e produzirem frutos.

Área de Abóbora Híbrida Tetsukabuto Chikara  em Caatinga do Moura, distrito da cidade de Jacobina na Bahia

Qual a melhor hora para fazer a polinização?

As flores geralmente abrem pela manhã, por volta das 10h, sendo este o melhor horário para realizar a polinização. Em caso de aplicação de inseticidas, é importantíssimo evitar que estas aplicações sejam feitas na fase de floração, para que os insetos polinizadores não sejam atingidos.

Observar quais os insetos estão naturalmente presentes na área é uma prática interessante a ser adotada. Clique aqui para acessar o manual de boas práticas para o manejo e conservação de abelhas nativas.

Flor da Mini Abóbora Ouro Rosa, recebendo a visita de uma Abelha Mamangava

Por que as flores abortam?

A principal causa de abortamento floral é a falta de polinização, mas também pode acontecer por questões fitossanitárias, como deficiência de fósforo, cálcio, magnésio e boro, que são nutrientes fundamentais para formação de tecidos vegetais em fases de florescimento e frutificação. Outras causas de abortamento de flores pode ser por déficit hídrico, variação de temperaturas entre dia e noite ou alguma doença como as viroses.

Por isto, é fundamental manter a área bem manejada, com adubações regulares, correção do pH do solo, uso de irrigação e proteção do solo com palhada ou mulching.

Quais os nutrientes essenciais para a formação do fruto?

De acordo com a Embrapa, as atividades relacionadas à adubação das culturas começam muito antes do plantio com a coleta de amostra do solo, seguida da calagem, se for necessária, e depois, com a adubação propriamente dita. Essas etapas são fundamentais para colheitas bem sucedidas. Assim, visando uma adubação equilibrada na cultura da abóbora, é importante que se conheça alguns aspectos dos nutrientes, conforme descrição abaixo.

Nitrogênio (N)
Considerando que o N é muito móvel no solo deve-se aplicar, no plantio, pequena quantidade (10 a 20%) junto com o adubo orgânico, e a maior parte em cobertura para que a planta tenha N disponível sempre que necessário. Assim, recomenda-se dividir a aplicação para, pelo menos, duas vezes em cobertura.

Fósforo (P)
Recomenda-se aplicar todo o P no plantio devido à impossibilidade de deslocamento até as raízes, quando colocado na superfície do solo. É bom utilizar o superfosfato simples que além de P, possui Cálcio (Ca) e Enxofre (S). Pode-se também utilizar o MAP no plantio, mas não em cobertura, pois ele é rico em P (48%) e não em N (9%) que é o mais importante nessa fase da adubação.

Potássio (K)
Considerando que a abóbora necessita de muito K para o seu desenvolvimento, em solos arenosos, recomenda-se o parcelamento do K juntamente com o N, assim como em solos mais argilosos quando for recomendada grande quantidade. Deve-se tomar cuidado com o excesso de potássio que pode salinizar o solo e “queimar” sementes.

Interações entre nutrientes

Entre os nutrientes, há uma relação em que uns ajudam ou prejudicam a absorção de outros, por isso o agricultor deve sempre fazer análises de solo e procurar orientação de técnicos para verificar se há realmente falta ou excesso de nutrientes.

Exemplos práticos:

Nitrogênio (N) e Potássio (K) – Um depende do outro
Cálcio (Ca) e Potássio (K) – Excesso de um falta do outro
Nitrogênio (N) e Boro (B) – Muito N provoca a falta de boro
Fósforo (P) e Zinco (Zn) – Muito P causa falta de Zn
Nitrogênio (N) e Magnésio (MG) – Muito N causa falta de Mg
Cobre (Cu) e matéria orgânica – Muito adubo orgânico, promove a falta de cobre
Calcário e Fósforo- muita ou pouca calagem causa falta de P

Portanto, faça análise do solo na sua propriedade pelo menos a cada 2 anos e entenda a real necessidade de adubação. Consulte um Engenheiro Agrônomo para determinação da dose de adubo e corretivo de acidez necessária para sua produção.

Plantei abóboras que ficaram lindas, mas os frutos ficaram bichados. O que houve?

Provavelmente aconteceu um ataque de larvas de insetos como besouros ou traças, que acometem a cultura das cucurbitáceas. Retire os frutos infectados do local e mantenha uma boa nutrição das plantas, assim elas irão se desenvolver mais fortes e resilientes às pragas. 

Neste link você confere mais ainda sobre o cultivo de abóboras.

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