Jéssica Cursino Presoto
jessica.cursino_02@hotmail.com
Jeisiane de Fátima Andrade
jeisiane.eng.agronomica@gmail.com
Engenheiras agrônomas, mestras e doutorandas em Agronomia – ESALQ/USP
Acácio Gonçalves Netto
Engenheiro agrônomo, doutor e especialista em herbicidas – Agro do Mato Soluções Agronômicas
acaciogn@agronomo.eng.br
Marcelo Nicolai
Engenheiro agrônomo, doutor e diretor executivo – Agro do Mato Soluções Agronômicas
mnicolai2009@gmail.com
As pontas de pulverização são peças fundamentais para uma aplicação de qualidade, pois são responsáveis por gerar uma cobertura uniforme e homogênea, levando o defensivo agrícola até o alvo, sem causar prejuízos ao agricultor ou riscos ao meio ambiente.
Para tanto, faz-se necessário conhecer bem sobre as pontas disponíveis no mercado e suas atribuições, afinal, se utilizada de forma errada, a ponta de pulverização pode comprometer o investimento feito em um fitossanitário de qualidade e inutilizar todo o sistema de pulverização, pois são as pontas as responsáveis pela formação das gotas que distribuirão o produto no alvo desejado.
Características
As pontas possuem características que permitem modular a distribuição volumétrica de acordo com a necessidade da cultura. Logo, é possível correlacionar as necessidades da cultura com as características do defensivo agrícola a ser aplicado.
Sendo assim, a escolha da ponta de pulverização mais adequada vai depender da correlação direta entre alvo x objetivo de pulverização. Para tanto, deve ser considerado: o tipo de produto a ser aplicado (adubo foliar, fungicida, inseticida, herbicida, etc.); o tipo de aplicação (pré ou pós-emergência; área total ou em faixa), o modo de ação dos produtos (contato ou sistêmico), as condições meteorológicas (vento, temperatura e umidade relativa) e a presença de culturas sensíveis ao produto aplicado em áreas vizinhas.
Modelos
Os modelos de pontas performam em diversos tipos do jato de pulverização, como leque ou jato plano, cone vazio e cone cheio. Existem no mercado mais de 350 modelos de pontas de pulverização.
No entanto, de modo geral, podemos agrupá-las em grandes grupos, como: pontas com jatos planos, jatos planos de baixa deriva com orifício, jato plano duplo, jato plano defletor ou de impacto, jato cônico, jato com indução de ar “Venturi I” e jato com indução de ar “Venturi II”.
Recomendações
As pontas de jatos planos são indicadas para aplicações gerais, cujo alvo é plano e de arquitetura mais simples. As pontas com jatos planos de baixa deriva com orifício são indicadas para aplicações que requerem a formação de gotas médias a grossas, afim de evitar o risco de deriva, sendo uma ótima opção para dias mais quentes e/ou mais ventosos.
Essas pontas possuem a capacidade de abrir o ângulo do jato próximo do seu máximo, proporcionando distribuição uniforme do produto no alvo, sendo projetada para operar numa faixa mais ampla de pressão do pulverizador.
As pontas de jato plano duplo são indicadas para os alvos mais complexos, pois permitem a aplicação mais ampla, alcançando o dossel da cultura, por exemplo. As pontas jato plano defletor ou de impacto também são voltadas para pulverizações que requerem gotas mais grossas, a fim de diminuir a deriva.
O modelo tipo plano defletor apresenta padrão de jato plano de ângulo amplo, cuja pressão aplicada pode alterar a conformação da gota. Quando submetido a baixas pressões, produz gotas grandes, e quando submetido a altas pressões, produz gotas menores.
As pontas jatos cônicos são as que melhor distribuem o produto pela superfície foliar, pois alcançam vários pontos na pulverização, entretanto, aumentam o risco de deriva, ou seja, seu uso deve se dar em dias em que as condições de aplicação, como vento, umidade relativa e temperatura estejam ideais, com pouquíssimas variações para que ocorra uma aplicação eficaz.
Variações
Essas pontas possuem duas variações básicas: cone vazio e cone cheio. A ponta de pulverização de cone vazio possui um padrão em forma de anel e pulverização fragmentada finamente, viabilizando seu uso sob altas pressões.
Tais características fazem com que os bicos de cone vazio sejam indicados para aplicações sobre culturas com grande superfície, ou seja, em pleno desenvolvimento vegetativo. As pontas de jato cônico vazio de indução de ar produzem padrão de pulverização de cone tradicional, mas com gotas maiores para reduzir a deriva.
Já os modelos de pontas de pulverização de cone cheio exibem padrão de pulverização circular completo. Normalmente, as pontas cones cheios produzem gotas mais grossas em relação às de cone vazio. Isso faz com que essas sejam direcionadas para pulverização em alvos mais expostos, como a aplicação de herbicidas em pré-emergência.
As pontas jato com indução de ar “Venturi I” são responsáveis pela produção de gotas grossas a ultragrossas, o que qualifica baixa deriva, sendo indicadas para aplicação de produtos altamente sistêmicos.
As pontas jato com indução de ar “Venturi II” produzem gotas médias a grossas, reduzindo o risco de deriva, portanto, são as pontas mais usadas, contemplando a pulverização de fungicidas, inseticidas e herbicidas.
Tamanho da gota importa
O tamanho da gota está intimamente correlacionado com o risco de deriva no momento da aplicação, sendo as gotas menores ou mais finas as mais propensas à deriva, enquanto as gotas mais grossas possuem um menor risco de deriva.
Embora as pontas sejam fabricadas para a formação padrão do tamanho das gotas, alguns fatores podem interferir sobre a formação do tamanho da gota. De que forma? alterando-se a pressão, a vazão ou o ângulo do jato do bico do pulverizador.
Feitas essas considerações, vale relembrar quais são as condições ideais de pulverização que devem ser consideradas no momento da aplicação para que a ponta performe de acordo com o descrito pelo fabricante, sendo elas: temperatura mínima de 10°C; sendo a ideal de 20 a 30°C; e a máxima, de 35°C.
A umidade relativa do ar mínima de 60%; ideal de 70 a 90%; e a máxima, de 95%. Além disso, de acordo com a literatura, os fatores que influenciam o espectro de gotas produzidas por determinada ponta de pulverização são: vazão nominal, ângulo de descarga, pressão de operação, propriedades da calda e tipo de ponta de pulverização.
Manutenção dos equipamentos
Assim como os demais equipamentos agrícolas, a vida útil dos implementos e equipamentos é prolongada se realizadas as devidas manutenções. Entretanto, existe o desgaste natural, como corrosões leves ou acentuadas, causadas pelas repetidas aplicações com pontas de pulverização.
Quando ocorre o desgaste dos orifícios há uma oscilação, podendo aumentar a vazão ou diminuir a pressão do jato, influenciando diretamente no tamanho das gotas e homogeneidade da aplicação, o que, consequentemente, comprometerá a qualidade da aplicação.
Sendo assim, para evitar contaminações/desperdícios, é extremamente importante realizar manutenções preventivas nas pontas de pulverização, principalmente previamente à safra, como a aferição e trocas das pontas que estão com desempenho aquém do ideal recomendado pelo fabricante.
Aquelas pontas que estão com variação superior a 10% da vazão nominal de uma ponta nova deve ser descartada e substituída imediatamente. Também é um equívoco realizar as trocas em função das horas trabalhadas, visto que isso pode acarretar em trocas precoces, pois as características químicas são diferentes entre as moléculas usadas, variando o desgaste conforme a pulverização demandada.
Ainda, é preferível realizar cuidados básicos que equalizem o desgaste entre as pontas, fazendo com que a troca aconteça simultaneamente para todas as pontas.
Entre os cuidados, podemos citar:
• Nunca desobstruir/desentupir as pontas com canivetes, arames, agulhas ou outros objetos pontiagudos, e sim realizar a limpeza pós-uso com uma escova plásticas de cerdas macias ou ar comprimido.
• Evitar encostar/bater as pontas no chão ou outras superfícies sujam que possam entupir os orifícios.
• Sempre lavar as pontas ao fim do dia de aplicação, principalmente se usados produtos em pó ou granulados, que tendem a sedimentar e obstruir a saída das pontas de pulverização.
• Ao final das principais pulverizações, faz-se necessário deixar as pontas de molho com água e detergente, ou algum removedor de resíduos específico para limpeza de tanques e equipamentos agrícolas, secá-las bem e guardá-las em um recipiente limpo, seco e bem vedado.
Procedência
Se bem conservadas e limpas, as pontas de pulverização poderão auxiliar os agricultores em diversas aplicações, principalmente se compradas pontas de marcas de boa procedência e boa reputação no mercado.
Para cálculos de custo-benefício, basta realizar uma divisão simples do valor de cada ponta de pulverização pelo número de pulverizações realizadas, e então poderá ser observado que, de longe, é um custo baixo em relação ao custo de cultivo por hectare das culturas.
O uso de pontas não desgastadas implicará na economia do custo de produção, visto que pontas desgastadas não garantem o volume esperado de pulverização por hectare.
Em suma, as pontas de pulverização são peças pequenas no tamanho, porém, de grande valor dentro de uma propriedade rural. Para mais informações, consulte sempre um engenheiro agrônomo.