Daniel Lucas Magalhães Machado
Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia – ICIAG-UFU
danielmagalhaes_agro@yahoo.com.br
Ernane Miranda Lemes
Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia
Túlio Vieira Machado
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitopatologia – ICIAG-UFU
A cebola (Allium cepa L.) é o terceiro vegetal em importância econômica no Brasil e no mundo. Esta produtividade, embora crescente nos últimos anos, ainda é baixa e ocorre muito em função das práticas agronômicas adotadas, sendo a população de plantas fator determinante para uma alta produtividade final do cebolicultor, uma vez que influencia o rendimento (tamanho, diâmetro transversal e massa média dos bulbos), qualidade do bulbo (formato, cor e pungência) e até mesmo a duração do ciclo da cultura, podendo limitar o potencial produtivo de determinado híbrido ou variedade.
Com o aumento do estabelecimento da cultura por semeadura direta e incremento de híbridos no mercado de sementes, algumas dúvidas têm surgido quanto à densidade ideal de plantas, tendo em vista a necessidade de produzir bulbos médios de 50 a 70 mm de diâmetro e com a qualidade requerida pelo mercado.
Neste sentido, a escolha do espaçamento de plantio é fator determinante na população final de plantas e, consequentemente, no desempenho agronômico na cultura da cebola, sendo que se deve levar em consideração, principalmente, aspectos morfológicos e fisiológicos de cada cultivar, resistência a doenças foliares em geral e o clima da região produtora, além do manejo de plantas daninhas, tipo de solo e padrão de bulbo que se quer obter.
Dito isso, não há um espaçamento indicado para todas as situações e cultivares. Deve-se avaliar caso a caso, mas, de forma geral, o plantio se concentra de março a abril, em canteiros com 1,2 a 2,0 m de largura no topo e 15 a 25 cm de altura.
Em alguns casos, quando não se utiliza o sistema de transplantio de mudas e sim o sistema de plantio direto, não há utilização de canteiros, de modo a aumentar a população de plantas pela eliminação das ruas entre canteiros. Neste caso, deve-se evitar épocas ou locais sujeitos ao encharcamento do solo.
Detalhes
A semeadura em si é feita em linhas simples, duplas e triplas, conforme a máquina utilizada, a 1,0″1,5 cm de profundidade. O mais comum, quando se utilizam linhas duplas espaçadas cerca de 10 cm entre si e 20 cm entre as linhas duplas, é trabalhar com até 22 sementes por metro linear em cada linha.
No caso do uso de linhas simples, mais comum quando se cultiva cebola no sistema de plantio direto (SPD), há situações de utilização de até 50 sementes por metro linear, espaçamento entrelinhas de 30 a 45 cm, resultando em uma população de 800 a 1.200 plantas por hectare na semeadura.
Nos últimos anos, vem se aumentando o estande e, consequentemente, o número de sementes por metro linear no plantio. O limite no estande tem sido definido pela tolerância da cultivar ao adensamento, sendo que, em geral, sementes híbridas toleram mais o adensamento devido a sua maior uniformidade de bulbificação.
Deve-se considerar, ainda, que os bulbos de cebola apresentam grande capacidade de arranjo espacial em altas densidades na linha de plantio. Observa-se que bulbos aparentemente deformados no campo, em função do adensamento na linha de plantio, tendem a se arredondar no processo de cura, reduzindo estas deformações.
População e densidade de plantas
Que a população de plantas desempenha papel importante no rendimento de uma lavoura de cebola não há dúvidas, uma vez que pequenas variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura, já que a mesma não possui capacidade de perfilhamento como ocorre em arroz e cana-de-açúcar.
No entanto, como saber a população ideal para cada tipo de cultivar? A resposta dependerá de uma combinação de fatores, começando pela disponibilidade hÃdrica, fertilidade do solo, ciclo da cultivar, época de semeadura e, principalmente, como demonstram várias pesquisas, genótipo da cultivar.
O aumento da densidade de plantas até determinado limite é uma técnica usada com a finalidade de elevar a produção de bulbos comerciais. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável, uma vez que a planta de cebola altera o rendimento e tamanho de bulbos de acordo com o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes populações de planta por hectare.
Logo, a população inicial é determinada pela combinação do potencial produtivo da cultivar (definida pelo fornecedor da semente) com as condições edafoclimáticas do local e manejo a ser adotado na lavoura.
O nitrogênio
Outro fator a ser considerado e fundamental para que a alta população de plantas reflita em maior produção de bulbos comerciais é a adubação nitrogenada. Na cultura da cebola, o nitrogênio deve ser aplicado de forma equilibrada, evitando-se excessos, porque, além de aumentarem o custo com adubos e prejudicarem o meio ambiente, são altamente prejudiciais para a produção e conservação pós-colheita dos bulbos.
O excesso de N prolonga ainda o ciclo cultural e leva a um crescimento exagerado da parte aérea, o que acaba prejudicando a formação dos bulbos. Também favorece o florescimento precoce, especialmente em regiões que apresentam baixas temperaturas noturnas e excesso de chuvas. Por isso, é importante determinar as épocas em que esse nutriente é mais exigido para aumentar a eficiência de absorção pelas plantas.