Camila da Silva Costa
camila.costasilva123@hotmail.com
Gabriela Aparecida Paula Scoparo
gabyscoparo@hotmail.com
Graduandas em Agronomia – Centro Universitário de Ourinhos (UNIFIO)
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora e professora – UNIFIO
aline.gouveia@unifio.edu.br
O solo é uma estrutura viva formada pelo processo de intemperização, que consiste na modificação física e química de uma rocha. Este possui função primordial no ambiente ideal para a produção de plantas que, ligado aos microrganismos que se encontram nele, auxiliam no desenvolvimento radicular e, consequentemente, no desenvolvimento da parte aérea, o que os tornam fundamentais na produção agrícola.
Responsáveis por realizar mecanismos importantes, os microrganismos (fungos, bactérias e vírus) que representam a microbiota do solo atuam diretamente nos processos biogeoquímicos de disponibilização de macronutrientes e micronutrientes, ciclagem de carbono, geração de biomassa e manutenção da estrutura do solo (matéria orgânica), além da síntese de estruturas biológicas inteiramente ligada aos processos metabólicos da planta, como a fixação biológica de nitrogênio.
Além disso, os microrganismos do solo auxiliam também na saúde e proteção da planta, impedindo a entrada de patógenos, permitindo a modificação de diferentes condições ambientais e variação de culturas.
A análise microbiológica do solo
A análise microbiológica do solo consiste no estudo, avaliação, quantificação e interação da microbiota do solo, ou seja, é avaliada a saúde e capacidade de seu solo, quais são os microrganismos presentes e sua respectiva população, para o cumprimento das suas principais funções.
No campo, a coleta do solo é feita em diferentes pontos, e as amostras são enviadas ao laboratório responsável para análise feita por metodologia previamente estudada. O laboratório é responsável por multiplicar e avaliar a atividade desses microrganismos, classificando-os.
Tipos de análises
Podem ser realizados três tipos de análises microbiológicas:
1 – A contagem de microrganismos que contabiliza e classifica os microrganismos como fitopatogênicos ou não, por meio de cultura;
2 – A avaliação da atividade microbiana, que consiste na observação das taxas de alguns dos principais processos que eles realizam no solo, como fixação biológica, atividade metabólica, determinação enzimática, entre outros;
3 – Análise genética, que consiste na coleta do solo, extração do DNA, seguido da amplificação e sequenciamento genético para identificação, sendo esta última a que fornece um panorama detalhado, quanto aos aspectos taxonômicos.
Taxonomia
Este tipo de análise está inteiramente ligado aos teores de matéria orgânica, pH, textura e aos teores de nutrientes do solo. Por se tratar de organismos vivos, pode conter informações taxonômicas, como gênero, espécie, principais grupos de microrganismos encontrados e nível populacional dos mesmos.
Portanto, a análise microbiológica do solo pode gerar conhecimento sobre o potencial microbiológico, a qualidade e a fertilidade do solo.
Auxílio no manejo agrícola
Este tipo de análise é considerada nova, tem crescido e tomado espaço no manejo agrícola, pois ajuda no aumento da produtividade e sustentabilidade agrícola, além de fornecer uma visão ampla do solo.
Auxilia os produtores na tomada de decisão, evita desperdícios de produtos agrícolas, ganhando tempo para realizar funções importantes no manejo, evitando até mesmo perdas futuras.
Vantagens e desvantagens da análise microbiológica
A análise microbiológica, assim como as análises químicas e físicas, tem por objetivo avaliar a qualidade do solo e identificar suas alterações e a composição da microbiota presente.
A vantagem é que, pela análise microbiológica, é muito mais visível a identificação precoce de alterações que ocorrem em função do uso do solo e seu manejo. Ela ajuda a entender a saúde do solo e seu impacto na agricultura de forma minuciosa, por meio dos microrganismos presentes no meio.
É por meio deles que ocorre a manutenção da fertilidade do solo pela ciclagem de nutrientes. Os microrganismos também influenciam a estrutura do solo, fatores estes que não podem ser identificados a princípio na análise química e física.
A desvantagem da análise microbiológica está na falta de laboratórios capacitados para a execução do serviço, e a distância para enviar essas análises que, devido ao frete, acaba encarecendo o processo,
Assim, observa-se, muitas vezes, produtores optando por fazer outro tipo de análise de maior facilidade e acesso, como as químicas e físicas.
Qual a frequência ideal?
De acordo com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), o correto é realizar a amostragem de solo no mínimo uma vez ao ano, e junto com as análises tradicionais para avaliar os nutrientes e estrutura do solo.
Deve-se, também, realizar a análise da microbiota do solo, que verifica todos os requisitos para uma maior precisão na correção completa do solo, desde textura, macro e micronutrientes, até mesmo o microbioma presente.
Controle fitossanitário
A análise microbiológica nos mostra a quantidade de microrganismos presentes no solo, e auxilia na correção destes agentes, em suas devidas proporções, fazendo com que o solo fique com populações benéficas de microrganismos.
Estes realizam relações simbióticas, que geram benefícios tanto para a planta quanto para eles mesmos – enquanto a planta fornece alimento para os seres vivos presentes no solo, eles retribuem oferecendo proteção e otimizando a absorção de água e nutrientes da planta. Esta, por sua vez, fica menos suscetível ao ataque de pragas e doenças.
Ainda, os microrganismos se alimentam de pragas, completando o ciclo de vida. Eles também inibem fitopatógenos, produzem hormônios e disponibilizam nutrientes, auxiliando na manutenção do ecossistema.
Aditivos biológicos
A análise microbiológica nos mostra resultados de como se encontra a microbiota do solo. Desta forma podemos calcular a quantidade de organismos presente no solo, e quanto mais precisamos para atuarem de maneira benéfica para a planta.
Por meio de aditivos biológicos, então, podemos devolver vida a esse solo, com a quantidade necessária de microrganismos.
Os aditivos são compostos de soluções naturais que melhoram a qualidade biológica, tendo em sua formulação organismos vivos. Assim que são aplicados, favorecem a atividade dos microrganismos, resultando em maior desenvolvimento e produção das lavouras.