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Pós-colheita: qualidade do tomate em jogo

A fase de pós-colheita do tomate desempenha um papel crucial na preservação da qualidade, durabilidade e valor comercial deste fruto amplamente consumido e versátil.

Daniela Aparecida Teixeira
Doutora em Agronomia UNESP – Botucatu
daniela.teixeira@hotmail.com

Muitos problemas podem ocorrer durante o cultivo de tomate, que irão impactar na aparência dos frutos. Ataque de pragas, doenças, fatores climáticos são alguns dos que estão relacionados à boa apresentação do produto.

O pós-colheita é essencial para durabilidade do tomate
Crédito: Ana Maria Diniz

O fruto do tomateiro é climatério, ou seja, o processo de amadurecimento continua após a colheita. Então, todas os cuidados após essa fase são imprescindíveis para a qualidade do fruto.

A refrigeração no armazenamento é muito importante para manter a taxa respiratória baixa e, consequente, o retardamento das transformações fisiológicas. Se possível, evitar lavar os tomates, pois o excesso de água e de manuseio podem acelerar o processo de deterioração.

A utilização de embalagens apropriadas (caixas plásticas, papelão ou madeira) de acordo com o tipo de mercado e de cultivar é essencial, sendo que, para longas distâncias, as cv mais indicadas são a “Longa Vida e a “Santa Cruz”.

Técnicas pós-colheita

– Sempre que possível, é importante limpar os frutos, em vez de expor à água;

– Utilizar cultivares resistentes que suportem, além da distância, o manuseio.

– Treinamento dos funcionários para identificar, ainda no campo, o ponto certo de colheita;

– Escoar os produtos com menor valor agregado a mercados de menor exigência;

– Para os mercados mais exigentes, acondicionar em embalagem “PET” (tomate cereja), em bandejas de isopor com PVC (tomate tipo italiana ou salada);

– Também há a possibilidade de utilizar caixas de papelão pequenas, as mesmas destinadas à comercialização de caqui, por exemplo;

– Armazenar em local seco e fresco, por curtos períodos, é sempre preferível à refrigeração;

– Acomodar as caixas em cima de pallets e, no máximo, quatro caixas por pilha e sempre observando se não há alguns defeitos, aparecimento de doenças nos frutos, etc.

Durabilidade pós-colheita

O tomate maduro tem vida de prateleira média de sete dias, e as perdas podem atingir até 30%, enquanto que frutos parcialmente maduros têm 14 dias e as perdas ficam em torno de 20%.

Sendo assim, técnicas que retardem esse amadurecimento vão prolongar a vida útil desse alimento. A refrigeração é uma delas, mas também se utiliza atmosfera modificada, cobertura com ceras e utilização de plástico filme.

Tecnologias emergentes

Sabe-se que tanto nas etapas de cultivo como o ‘pós’ são fundamentais para obtenção de bons frutos, pois a falta de técnicas nessas etapas pode acarretar em problemas irreversíveis.

A utilização de ceras é bem comum para devolver a cerosidade de vegetais e frutas, perdidas no processo de limpeza/lavagem. Por imersão ou pulverização, podem reduzir as perdas de água em até 50% e essa proteção pode garantir até seis dias a mais de vida útil.

Há estudos que utilizaram fécula de mandioca 6% e sua associação com óleo de coco babaçu na concentração de 1%, com resultados na qualidade e durabilidade dos frutos, dando respaldo que a utilização de ceras alternativas pode ser viável na conservação dos frutos de tomate.

A embalagem e armazenagem

Devem ser escolhidas as embalagens de acordo com a finalidade e também com a distância e as condições do transporte até o local da comercialização. Há variedades mais resistentes que podem ser transportadas em caixas de madeira/plásticas, mas o ideal, para um mercado mais exigente é que sejam embalados em bandejas de isopor e revestidas por plástico filme.

Outra alternativa são as caixas de papelão, que garantem menor atrito entre os frutos e, como são menores quantidades, acabam não fazendo pressão sobre os outros frutos.

Quando se trabalha na redução da temperatura e da umidade, há redução direta no metabolismo do vegetal, aumentando sua conservação. Para o tomate, existem duas temperaturas ótimas, de acordo com o estágio de maturação em que é colhido.

Para o tomate verde, o aconselhável é manter em 13°C, enquanto que para o maduro, 10°C.

In natura x processamento industrial

No caso do tomate, tanto no cultivo quanto no destino do produto final há diferenças. Se o intuito for fornecer tomate para a indústria, há cultivares específicas para esse fim, além do semeio, tratos culturais e fitossanitários, que podem ser realizados de forma mecanizada.

A mecanização é uma das maiores vantagens desse cultivo, quando comparado ao in natura, além do custo, que acaba também sendo menor. A exigência da indústria para a aquisição, seja para molhos, catchup, extratos, etc. é de que o fruto esteja 100% maduro, vermelho intenso e uniforme, sem pedúnculo e livre de patógenos e danos mecânicos.

Um ponto importante é que, como todo processo é realizado pela indústria, o produtor deve averiguar se há alguma próxima à sua região que se a interesse pela compra, pois a demanda de produção, ou seja, o quanto ele vai produzir, é ditado pelo contrato com a empresa.

O ideal é que, como o fruto já vai estar totalmente maduro, essa empresa fique o mais próximo possível da área de produção, para diminuir as perdas e manter a qualidade do produto.

Tendências

 Uma forte aposta é o investimento em engenharia genética, com a manipulação de genes rin (ripening inhibitor), nor (non ripening) ou alc (alcobaça) que estão relacionados ao desaceleramento do amadurecimento, aumento da pigmentação e, consequentemente, melhora das condições visuais e conservação.

Eles diminuem a velocidade de degradação das paredes celulares e controlam também a síntese de etileno e carotenoides, que garantem maior vida de prateleira aos frutos.

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