O milho safrinha é vantajoso em relação às principais culturas de outono-inverno quando semeado dentro da época recomendada regionalmente. Tem apresentado histórico positivo de retorno econômico, em função das boas produtividades, dos preços e facilidade de comercialização dos grãos.
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Aildson Pereira Duarte
Pesquisador CientÃfico do Programa Milho e Sorgo IAC/APTA, Instituto Agronômico, Campinas (SP)
O milho safrinha é aquele de sequeiro cultivado de janeiro a março em sucessão à cultura de verão, quase sempre a soja, sob condições ambientais peculiares, especialmente baixas temperaturas e pouca disponibilidade de água no solo, requerendo técnicas específicas de manejo que diferem daquelas recomendadas para as lavouras de milho verão.
O cultivo de duas culturas por ano na mesma área maximiza o uso da terra, da infraestrutura (tratores, equipamentos, armazéns, etc.) e dos recursos humanos na propriedade.
De onde vem
O termo safrinha tem origem nas produtividades muito baixas dos primeiros cultivos do cereal no Estado do Paraná, na década de 1970. Embora sendo pejorativo e não correspondendo ao bom nível atual de produtividade de parte das lavouras e à sua importância no cenário nacional, o milho safrinha está consagrado pelo uso por caracterizar um sistema de produção peculiar.
Acrescenta-se que nem sempre o milho segunda safra é sinônimo de milho safrinha, por ser irrigado, como é o caso de Minas Gerais, ou se constituir na única safra de grãos, por exemplo, nos estados de Sergipe e Bahia.
Quando começa
O plantio do milho safrinha 2014 começa no mês de janeiro, no estado do Paraná, na região de transição entre média e alta altitude (Wenceslau Braz, Mauá da Serra, sul de Ivaiporã, Cascavel, sul de Toledo até Francisco Beltrão), na região de altitudes superiores a 600 m em São Paulo (Capão Bonito e Itapeva, por exemplo) e nos estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
Infelizmente, houve atraso no plantio da soja, inviabilizando a implantação antecipada do milho safrinha na maioria das regiões e/ou estados citados.
Regiões de destaque
O milho safrinha fica restrito às regiões Sudeste e Centro-Oeste brasileiras, acrescido dos Estados do Paraná e dos chapadões do Maranhão, Piauà e Tocantins. Não é cultivado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul devido ao rigor das baixas temperaturas e à grande frequência de geadas a partir de maio.
No nordeste brasileiro, quase todo o milho que entra nas estatÃsticas da CONAB e IBGE como segunda safra corresponde à única safra anual de grãos, como é o caso da Bahia e Sergipe, logo, não é milho safrinha pela ausência de sucessão de culturas. Já no Norte, além do Tocantins, é cultivado apenas em Rondônia, em região limÃtrofe com o Mato Grosso, cujo ambiente de produção e tipo de exploração agrícola são similares.
O que é preciso ter
Para cultivar o milho safrinha é preciso analisar se a região apresenta condições ambientais aptas ao seu desenvolvimento, bem como se existe assistência técnica e infraestrutura regional.
Um dos fatores mais restritivos ao desenvolvimento do milho é a disponibilidade de água no solo, que depende tanto das chuvas como do seu armazenamento. Os solos arenosos não são adequados ao cultivo do milho safrinha devido ao pequeno armazenamento de água no perfil e ao maior requerimento de fertilizantes, especialmente os nitrogenados, aumentando o risco de perda da produção e encarecendo o custo da lavoura.
Figura 1. Evolução da área de milho “safrinha” nos principais Estados produtores no período 1984 a 2014. (Fonte: CONAB, levantamento de dados)
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Expectativa
A área de milho safrinha deverá diminuir em 2015 em relação ao último ano, devido ao atraso na implantação da soja e às expectativas negativas sobre o mercado futuro de milho. Isso ainda poderá ser revertido, até certo ponto, em caso de comprometimento de parte da safra brasileira de milho verão. Segundo a CONAB, foram cultivados 9,2 milhões de hectares na segunda safra 2013/14, compreendendo cerca de 8,5 milhões de milho safrinha e 0,7 milhões de outras modalidades de cultivo (única safra de grãos no nordeste ou milho irrigado em diversos estados).
Segundo dados da CONAB, a partir de 2012 a produção nacional de milho foi maior na segunda safra (38,7, 46,9 e 48,3 milhões de toneladas, sequencialmente) em comparação à safra de verão (33,9 e 34,6 e 31,7 milhões de toneladas, sequencialmente).
O milho passou a ser implantado preferencialmente como a segunda cultura anual, depois da soja, e avançou para os chapadões do Brasil Central, onde tem apresentado os maiores crescimentos de área e produção.