Autores
Jéssica E. R. Gorri1 – gorrijer@gmail.com
Maria Clezia dos Santos– mariaclezia.stos@gmail.com
Rodrigo Donizete Faria – rdfaria13@gmail.com
Flávia Galvan Tedesco – flaviagtedesco@gmail.com
Roque de Carvalho Dias – roquediasagro@gmail.com – Doutorando em Proteção de Plantas – UNESP/Botucatu
Os insetos-praga podem atacar as sementes e as raízes do milho após a semeadura, e como consequência, reduzir o número de plantas na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura. Como parte do ciclo de vida desses insetos é no solo, a detecção e o emprego de medidas são dificultados.
As principais pragas que atacam as sementes e raízes do milho são: corós (Eutheola humilis, Dyscinetus dubius, Stenocrates sp, Liogenys sp., Diloboderus abderus (Coleoptera)); percevejo castanho-da-raiz (Scaptocoris castaneum, Atarsocoris brachiariae (Hemiptera)); larva-alfinete (Diabrotica spp. (Coleoptera)); larva-arame (Conoderus spp., Melanotus spp. (Coleoptera)) e o cupim-rizófago (Procornitermes triacife (Isoptera)).
Apesar de serem encontrados durante todo o ciclo da cultura, os danos mais severos são na fase inicial de desenvolvimento. Essas pragas são polífagas, ou seja, se alimentam de várias espécies de plantas, sejam elas cultivadas ou não. No entanto, vale ressaltar que a importância desses insetos varia de acordo com o local, ano e sistema de cultivo.
Para reduzir as perdas econômicas causadas pelas pragas, o monitoramento é uma ferramenta fundamental para a tomada de decisão e deve ser realizado desde o início ao final do cultivo.
Prejuízos
Em decorrência da alimentação, os insetos-praga que atacam as sementes e raízes afetam diretamente a germinação e o desenvolvimento das plantas. O prejuízo é resultado de altas infestações, uma vez que o estande final de plantas é comprometido.
As perdas causadas pela larva-alfinete variam entre 10 e 13%, e podem atingir 20% pelo ataque do coró. Para a larva-arame e o cupim-rizófago, as perdas são acentuadas (não estimadas).
No geral, os sintomas causados pelos insetos-praga que atacam sementes e raízes se assemelham e são visualizados na fase inicial da cultura, em reboleiras.
Corós
As larvas se alimentam das raízes das plantas e ocasionam redução no desenvolvimento, amarelecimento das folhas e murcha, e em ocasiões severas, a morte.
Percevejo castanho-da-raiz
Os sintomas são decorrentes da sucção contínua da seiva nas raízes, provocados por ninfas e adultos. As plantas atacadas apresentam desenvolvimento inferior ao restante das plantas, amarelecimento das folhas e murcha.
Larva-alfinete
As larvas se alimentam das raízes adventícias e ocasionam redução na absorção de água, nutrientes e tombamento das plantas, conhecido como “pescoço de ganso”.
Larva-arame
As larvas atacam sementes e raízes e ocasionam sintomas de deficiência nutricional e falta de sustentação das plantas.
Cupim-rizófago
Os insetos podem atacar as sementes, impedindo a germinação. Nas raízes causam descortiçamento das camadas externas e as plantas ficam amareladas, murcham e morrem.
Controle e inovações
A utilização de inseticidas sintéticos para o controle dos percevejos é uma tática comprovadamente eficaz. Pode-se empregar como prevenção a aplicação de inseticidas antes da implantação da cultura, principalmente em sistemas de adoção do plantio direto e uso do tratamento de sementes industrial (TSI) com inseticidas sistêmicos.
Também destaca-se a pulverização terrestre de inseticidas em pós-emergência da cultura. Os principais princípios ativos para o controle de percevejos-fitófagos em milho são: cipermitrina, tiametoxam, acetamiprido, fenpropaprina, lambda-cialotrina, clotianidida, bifentrina, dinotefuram e acefato.
O controle da larva-alfinete, larva-arame, corós; percevejos-castanhos e cupins é realizado principalmente de forma preventiva, utilizando-se a aplicação de inseticidas sintéticos granulados e líquidos nas linhas de plantio, principalmente em áreas de plantio direto.
O tratamento de sementes industrial (TSI) é eficiente para controlar os corós e cupins, mas para larva-alfinete e percevejo-castanho apresenta-se ineficiente, pois o período residual é baixo, durando de 15 a 25 dias.
Em adição à utilização de cultivares transgênicos que expressam a proteína Cry3Bb, é uma alternativa eficaz para o controle da larva-alfinete e a pulverização de formulados de fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae apresenta eficiência no controle do percevejo-castanho.
Para o controle dos cupins, uma técnica recentemente implantada é o uso de iscas-armadilhas de papelão, em que a estratégia está relacionada à transmissão de compostos químicos e/ou microbianos das armadilhas.
Falhas
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As falhas no controle dos insetos subterrâneos acontecem antes da implantação da cultura. As técnicas de controle para os principais insetos-praga que atacam as sementes e raízes do milho são semelhantes, entretanto, há algumas exceções que fazem diferença para o controle ser efetivo.
A seguir, listamos alguns dos principais erros e sugestões de como não cometê-los:
Ü Não realizar monitoramento da área: esta prática é realizada para identificar as pragas que estão presentes e podem ocasionar danos futuros. Para um correto monitoramento focando pragas subterrâneas é necessário fazer amostragens de solo de 20 a 30 cm de profundidade, além de ter um bom conhecimento de todas as fases da praga. Esta prática é recomendada para corós, percevejos e vaquinha.
Ü Preparo inadequado do solo: em propriedades que não estabeleçam o plantio direto, o preparo do solo é fundamental para reduzir as populações de pragas que atacam as raízes do milho. O uso de aração e gradagem pode exercer controle cultural, pois esmaga e expõe as pragas aos inimigos naturais. Esta prática é recomendada para corós, percevejos e vaquinha.
Ü Escolha incorreta do tratamento de semente com inseticidas: o tratamento de sementes só será efetivo com o grupo certo de inseticidas, como citado no tópico. Antes de fazer a escolha e compra do tratamento de sementes, é necessário realizar um monitoramento prévio na área e conhecer os insetos-praga que estão presente.
Ü Escolha incorreta de variedades Bt com proteína específica: em conjunto com o tratamento de sementes, focando estender a proteção das plantas por mais de 25 dias após o plantio, a escolha correta da variedade de milho transgênico (Bt) é essencial, pois é necessário escolher variedades específicas não apenas para lagartas, mas também para coleópteros (coró e larva-alfinete), como é o caso das variedades com proteínas Cry3Bb.
Ü Não adoção da pulverização de inseticidas em sulco: o tratamento de semente com inseticida é promissor e muito utilizado em sistemas conservacionistas, entretanto, para a larva-alfinete e percevejos não tem se mostrado uma tática eficiente. Nestes casos, a pulverização em sulcos tem auxiliado os produtores. Para saber se é conveniente utilizar a pulverização em sulco, o produtor deverá proceder o monitoramento e acompanhamento da área. Isso determinará se é necessário a aplicação preventiva ou até mesmo uma pulverização de controle, o que ocorre quando se encontra percevejos próximo à raiz.
Custos envolvidos
Estimativas para controlar | Estimativas para prevenir |
1) Controle biológico Fungos entomopatogênico para o percevejo-castanho. Metarhizium anisopliae (produto comercial) 2L p.c./ha, volume de calda de 50L para tratamento no sulco e 200L para pulverização aérea. A primeira aplicação é realizada no sulco de semeadura e complementar de 7 a 14 dias após a emergência da cultura. *Custo de controle = em torno de R$ 450/ha 2) Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento via aplicação no sulco de semeadura. – Clorpirifós – Thiamethoxam – Fipronil As aplicações dos ingredientes ativos são direcionadas ao sulco de semeadura, antes ou durante o plantio. As formulações devem seguir especificamente a bula de cada produto. *Custo de controle = médis em torno de R$ 150,00/ha. | 1) Controle químico: a) Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento industrial de sementes (TSI) registrados para a praga: – Fipronil – Imidacloprid – Thiamethoxam – Thiodicarb – Clorthianidin Os produtos são para tratamento de sementes, as aplicações devem serem realizadas antes da iniciação do plantio na área, seguindo todas as recomendações descritas na bula. *Custo de controle = em torno de R$ 60,00/ha. b) Grupo químico dos principais inseticidas sintéticos para tratamento via aplicação no sulco de semeadura. – Clorpirifós – Thiamethoxam – Fipronil As aplicações dos ingredientes ativos são direcionadas ao sulco de semeadura, antes ou durante o plantio. As formulações devem seguir especificamente a bula de cada produto. *Custo de controle = média em torno de R$ 150,00/ha. 2) Variedade resistente (tecnologia VT PRO 3): Saco 15 kg (60 mil sementes) = R$ 450,00 |