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sexta-feira, maio 3, 2024
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Prevenção como caminho no combate a Murcha-de-fusarium

Talita Araújo
Graduanda em Agronomia – EDUVALE
talitaaraujo02@gmail.com

Marla Silvia Diamante
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura – UNESP e pesquisadora – Assist – Consultoria e Experimentação Agrícola
marlasdiamante@gmail.com

A murcha-de-fusarium é causada pelo fungo de solo Fusarium oxysporum f. sp. Lycopersici, e são conhecidas três raças do patógeno (1,2 e 3), com base em sua capacidade de causar doenças em variedades de tomate com diferentes formas de resistência à doença.

As raças 1 e 2 predominam na maioria das áreas de produção de tomate de mesa e para processamento, enquanto a raça 3 é mais restrita, no Brasil, tendo sido confirmada causando epidemias em áreas de produção de tomate de mesa nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.

Lavoura com sintomas de murcha-de-fusarium
Foto: Hélcio Costa

A murcha-de-fusarium ocorre na maioria das regiões onde os tomates são cultivados. Esta doença pode resultar em perdas de produtividade de até 80%, em casos mais graves. O patógeno pode infectar a cultura em todos os estágios de crescimento, penetrando pelas raízes.

O fungo cresce no xilema (tecido condutor de água), de onde pode se espalhar dentro da planta. A colonização da xilena resulta na inibição do fluxo de água e nos sintomas da murcha.

Sintomas

Os primeiros sintomas da murcha-de-fusarium consistem em um amarelamento e murchamento das folhas, geralmente após a floração, quando o tomateiro está crescendo. Esses sintomas tendem a aparecer apenas de um lado da planta, em um ramo ou mesmo em um lado de uma folha, diferenciando a murcha-de-fusarium de outras doenças de murcha do tomateiro.

Os sintomas começam nas folhas mais baixas da planta e se espalham para cima, à medida que a doença avança. Inicialmente, as folhas murcham durante o dia, mas podem se recuperar à noite. Posteriormente, a planta inteira fica amarelada, murcha e morre.

As plantas infectadas são frequentemente atrofiadas e produzem menos frutos. A descoloração que se manifesta no tecido vascular da planta, variando do marrom avermelhado ao marrom escuro, surge inicialmente no sistema radicular e se dissemina para os caules, ramos e pecíolos.

Os sinais de murcha causada pelo fungo Fusarium podem se assemelhar à murcha provocada pelo patógeno Verticillium, de modo que exames laboratoriais podem ser requeridos para uma identificação precisa.

Genética contra a doença

Para o manejo eficaz da murcha-de-fusarium do tomate para processamento, a estratégia mais recomendada é o plantio de variedades resistentes. É comum encontrar resistência à raça 1 em variedades comerciais, e há muitas variedades disponíveis com resistência à raça 2. Embora exista resistência à raça 3, é menos comum nas variedades comerciais.

A resistência monogênica à murcha-de-fusarium é controlada pelos genes I (I = imunidade). Os genes I e I-1 conferem resistência à raça 1, o gene I-2 confere resistência à raça 2 e o gene I-3 confere resistência à raça 3.

Além disso, foram identificadas formas poligênicas de resistência à murcha-de-fusarium e um fator de resistência menos importante, conhecido como Twf (tolerância à murcha-de-fusarium ).

Até o momento, foram identificadas três fontes de resistência à raça 1, três fontes de resistência à raça 2 e cinco fontes de resistência à raça 3. Dentre elas, os genes I são os mais bem caracterizados e comumente utilizados.

As primeiras variedades disponíveis com resistência à raça 3 tendem a produzir frutos mais macios e com menor produtividade. Entretanto, atualmente, uma série de variedades para processamento com resistência à raça 3 produzem frutos de alta qualidade e níveis de rendimento comparáveis aos de variedades padrão.

Prevenção é o melhor caminho

Existem outras estratégias de manejo que têm como foco principal prevenir a disseminação do agente patogênico, evitar o acúmulo de inóculo e reduzir as condições favoráveis para o desenvolvimento da doença.

Uma das medidas preventivas é utilizar somente sementes certificadas e transplantes livres de doenças, contribuindo para evitar a introdução do patógeno em novos locais.

Para prevenir a propagação de patógenos em solos enfestados e detritos de culturas, é essencial que o equipamento, as ferramentas, os sapatos e as roupas dos funcionários sejam limpos completamente antes de se deslocarem para campos livres da doença.

Além disso, os tomates devem ser plantados em solos bem drenados, com níveis de pH entre 6,5 e 7,0, e os solos mais ácidos devem ser tratados para elevar o pH aos níveis adequados.

Como o cultivo dos campos pode prejudicar as raízes e aumentar a incidência de infecção após o estabelecimento da cultura, é recomendável minimizar o preparo do solo pós-plantio.

Além disso, é importante que os produtores evitem aplicações excessivas de nitrogênio e optem pelo uso de adubos de nitrato de cálcio, em vez de nitrato de amônia.

É importante lembrar que a Fol pode permanecer no solo por muitos anos, o que significa que a rotação das culturas pode não eliminar o patógeno. As variedades de tomate com resistência à murcha-de-fusarium não devem ser consideradas culturas de rotação, porque o fungo pode se reproduzir nas raízes dessas variedades, mesmo quando não há sintomas visíveis.

Para evitar o crescimento dos níveis populacionais e reduzir a probabilidade de desenvolvimento de novas raças do patógeno, é recomendado realizar rotações de culturas de longo prazo, evitando o plantio de tomate e outros hospedeiros em que a Fol possa sobreviver.

Controle eficiente

O controle eficiente da murcha-de-fusarium do tomateiro é alcançado por meio de um programa de manejo integrado adequado, que inclua o uso de variedades resistentes e medidas de exclusão, erradicação e proteção.

Embora a utilização de cultivares resistentes seja a única alternativa viável para o controle da doença, há dificuldades, como o surgimento de raças mais virulentas do fungo, que exigem um programa contínuo de criação e introdução de novas cultivares resistentes, além do tempo necessário para sua obtenção.

Para diminuir a quantidade de inóculo, medidas de erradicação, como a queima dos restos culturais, seriam relevantes se todos os produtores as adotassem concomitantemente. No entanto, na maioria das vezes, essa prática não é realizada nas regiões produtoras de tomate.

Nas áreas onde a murcha-de-fusarium ainda não ocorre, o manejo pelo princípio da exclusão é o mais importante, visando impedir a entrada do patógeno na área de cultivo. Já em áreas onde o patógeno já está estabelecido, o plantio de cultivares resistentes é um dos métodos mais eficazes de controle de perdas causadas pelo fungo.

Quanto ao controle químico, há somente um fungicida com registro no MAPA, cujo princípio ativo é o metam-sódico, que pode ser aplicado no solo.

Por fim, para garantir um plantio eficiente e produtivo, é importante adotar algumas medidas que vão contribuir para a resistência das culturas. Entre elas, destacam-se o uso de cultivares e híbridos resistentes às raças 1 e 2, a calagem do solo antes do plantio, a fertilização equilibrada com macro e micronutrientes e a rotação de culturas com gramíneas.

Além disso, é recomendável utilizar técnicas como solarização e compostos orgânicos no plantio, visando aumentar a microflora antagônica. Com essas estratégias, é possível garantir um plantio saudável e produtivo, com menor risco de perdas ou problemas fitossanitários.

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