A produção do tomate em aquaponia é uma técnica inovadora que une aquicultura e agricultura para criar um ambiente sustentável e eficiente.
apresenta grande importância socioeconômica e nutricional na alimentação do brasileiro. É uma das hortaliças mais produzidas e consumidas no país, tanto in natura quanto utilizada para processamento na indústria.
Seus consumidores têm como demanda qualidade e características visuais na aparência dos frutos, tais como coloração homogênea, frutos firmes e adocicados. É uma cultura que apresenta grande exigência quanto a nutrientes e, para que alcance bons rendimentos e frutos de qualidade, é necessário que haja manutenção do suprimento desses nutrientes.
A fertirrigação é a que possui maior eficiência, permitindo que os nutrientes sejam fornecidos por meio dela, além de ter menor necessidade de utilização de mão de obra.
Importância do nitrogênio
O nitrogênio é um nutriente altamente demandado pelo tomateiro. Exerce importante função no metabolismo das plantas ao participar da síntese de compostos, tais como clorofila e proteínas. Quando em quantidade abaixo da demanda exigida, pode causar redução no crescimento, sendo o principal sintoma visual a clorose nas folhas.
Quando em excesso, pode intensificar o crescimento vegetativo, influenciando o desenvolvimento e início do estádio reprodutivo como, por exemplo, atraso no florescimento, influenciar na formação dos botões florais, atrasar a maturação de frutos e acarretar em coloração não homogênea dos frutos. Ademais, sua disponibilidade excessiva dificulta a absorção de outros nutrientes.
Diferentes culturas apresentam variadas exigências quanto à disponibilidade de nitrogênio. No caso do tomate, há uma alta exigência desse nutriente. Segundo alguns estudos, as doses variando entre 2,0 a 2,5 g de nitrogênio a cada quilo de frutos são consideradas adequadas para a cultura.
A aquaponia
O sistema de aquaponia preconiza a produção sustentável englobando a criação de animais aquáticos e de vegetais, de forma a criar um ambiente em equilíbrio que favoreça as duas áreas, aquicultura e agricultura. Nesse sistema há menor desperdício e redução da contaminação do ambiente, visto que a água passa por recirculação e é utilizada tanto pelos peixes quanto pelos vegetais.
A água proveniente dos tanques de criação de peixes passa por uma filtragem antes de ser conduzida para sua utilização na irrigação das plantas. Após ser utilizada na irrigação, essa água volta ao início do sistema aquapônico e é novamente inserida nos tanques de criação. Há uma grande variedade de vegetais e peixes que podem ser utilizados na aquaponia.
Composição do sistema
As hortaliças são muito utilizadas nesse sistema de cultivo em função do ciclo de crescimento relativamente curto. Algumas hortaliças podem possibilitar alta produtividade, mesmo em área reduzida. Possuem grande demanda pelos consumidores, além de ter boa resposta a sistemas de fluxo contínuo de água no sistema radicular.
As espécies de peixes mais adequadas para esse tipo de sistema são aquelas capazes de se adaptar a ambientes com alta densidade populacional, podendo ser utilizados peixes ornamentais, carpas, tilápias, tambaquis, entre outros. A aquaponia é baseada nas práticas de cultivo de plantas sem utilização de solo (hidroponia) e nas técnicas de criação de animais aquáticos (aquacultura).
Nesse tipo de sistema, há uma circulação constante de água e uma maior sustentabilidade, visto que a água dos tanques de peixes é filtrada e a partir dessa filtragem é conduzida para a irrigação das plantas.
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Princípios da técnica
A aquaponia tem como um de seus principais objetivos reutilizar totalmente a água do seu sistema, fazendo com que haja menos desperdício e menor contaminação ao meio ambiente, ao não gerar liberação de resíduos. O volume de água necessário para o funcionamento de um cultivo em aquaponia é bem menor, se comparado aos sistemas convencionais de cultivo.
A partir do momento em que estiver funcionando, a única necessidade de reposição de água nesse sistema é proveniente da perda pela evapotranspiração. O principal meio de entrada de insumo no sistema aquapônico é através da ração utilizada na alimentação dos peixes. Ao se alimentarem, eles produzem excreções que, com o auxílio de bactérias, são modificadas a fim de se tornarem assimiláveis pelas plantas.
Os peixes liberam substâncias tóxicas, como a amônia, na água do tanque, no entanto, há um sistema de filtragem biológica onde bactérias atuam na nitrificação dessas substâncias. As bactérias responsáveis por esse processo são dos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, que oxidam amônia (NH3) a nitrito (NO2) e nitrito em nitrato (NO3-), respectivamente.
A filtragem biológica e o posterior consumo do nitrogênio pelas plantas tornam a água adequada ao reuso nos tanques dos peixes.
O que muda?
No sistema aquapônico, as mudas apresentam acelerado crescimento vegetativo, além de avanço precoce do desenvolvimento das flores, possibilidade de menor utilização de agroquímicos e fertilizantes, viabilidade de produção de hortaliças, como o tomate, em diferentes regiões e períodos do ano.
A produção em aquaponia permite aumento na produtividade, requer menos espaço para produção e necessita de menos volume de água em seu cultivo.
Além de se apresentar uma solução sustentável, esse tipo de sistema de cultivo possibilita uso eficiente de recursos para melhoria da produção e redução de custos do processo de produção para os produtores.
A produção do tomate em aquaponia oferece diversos benefícios, incluindo aumento da produtividade, menor necessidade de agroquímicos e fertilizantes, e uso mais eficiente da água. Este sistema sustentável possibilita a produção de tomates em diferentes regiões e períodos do ano, com menor custo e impacto ambiental.
Bruna de Melo Viana
Engenheira Agrônoma, mestranda em Produção Vegetal – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
mviana.bruna@gmail.com
Claudia Lopes Prins
Engenheira agrônoma, doutora em Produção Vegetal e professora – UENF
prins@uenf.br
