Representando mais de 84% dos empreendimentos rurais no país, a agricultura familiar no Brasil, segundo dados do Ministério da Agricultura, também é responsável por cerca de 70% da comida que chega às mesas dos brasileiros. E não são só os dados de produção que mostram a força da agricultura familiar brasileira. Os mais de 4 milhões de estabelecimentos familiares em território nacional, também refletem na economia, atingindo 38% do Produto Interno Bruto Agropecuário do País.
Essa importante parcela do mercado, embora registre significativos ganhos para o agronegócio brasileiro, ainda enfrenta desafios. Isso porque, mesmo com os inúmeros avanços tecnológicos e a operação mecanizada consolidada a partir dos equipamentos, ferramentas e soluções tecnológicas que o mercado já oferece ao produtor rural familiar, infelizmente, ainda temos em nosso país grandes diferenças sociais e muitos dos pequenos agricultores ainda não conseguem mecanizar a operação.
Subsídios governamentais como o PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – para o financiamento do custeio e investimentos em implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de serviços no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas, que visam à geração de renda e à melhora do uso da mão de obra familiar, ainda não fazem parte dos planos de investimentos de todos os produtores. Por isso, o auxílio técnico de associações e entidades, como as EMATER e muitas outras espalhadas pelo país, pode ser um pontapé inicial para aqueles que querem começar.
As vantagens de uma operação mecanizada são várias e muitas delas aparentemente óbvias, como aumento da produtividade e maior velocidade na colheita e plantio. Porém, outros fatores positivos podem ser considerados. Em um plantio de hortaliças, por exemplo, onde o produtor precisa fazer agachamento sobre os canteiros, com o auxílio da mecanização e por meio de uma transplantadeira, neste caso, ele poderia resolver esse ponto de maneira imediata. Uma vez que o produtor – que normalmente é o próprio operador nas pequenas propriedades – permaneceria em pé, atrás do equipamento, diminuindo consideravelmente o esforço físico.
É importante dizer ainda sobre a escolha dos equipamentos. Nesse ponto, o produtor familiar precisa sempre ter em mente que ela impacta diretamente nos resultados da lavoura. Uma colheitadeira de pequeno porte, por exemplo, que atende pequenas e médias propriedades, é ideal que ela também consiga alcançar áreas de difícil acesso, como recortes, que são aproveitadas para o plantio e até mesmo locais úmidos, as quais as colheitadeiras de grande porte não conseguem trabalhar.
O mesmo podemos dizer ainda sobre uma colheitadeira projetada sob esteira de borracha. Nesta versão, ela tem todo o seu peso distribuído, diminuindo consideravelmente a compactação de solo, o que é extremamente importante ao produtor, uma vez que ela pode afetar o crescimento radicular das plantas, a aeração do solo, gerar uma resistência maior na penetração de raízes, entre outros fatores que afetam diretamente a produtividade da lavoura.
A grande conclusão sobre a operação mecanizada na agricultura familiar é que, embora exista hoje uma infinidade de recursos disponíveis no mercado, o pequeno produtor precisa sempre avaliar fielmente cada uma delas. Outro ponto importante ainda é, ao iniciar a mecanização e começar a inserir equipamentos na lavoura, será necessário adequar o cultivo ao equipamento, ou seja, adequar o terreno ao trator, por exemplo, e não o contrário. Alguns equipamentos já atendem a essa necessidade, porém existe limitação. Mas ao contrário do que muitos imaginam, essa adequação aliada às novas tecnologias de manejo, só tendem a potencializar a produção e consequentemente, trazer resultados ainda mais positivos na agricultura familiar.