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Produtos florestais

Ageu da Silva Monteiro FreireEngenheiro florestal, mestre em Ciências Florestais e doutorando em Engenharia Florestal na UFPRageufreire@hotmail.com

Amanda Brito da Silvaamandab_silva12@hotmail.com

Joaquim Custódio Coutinhojoaquimcustodiocoutinho@gmail.com

Engenheiros florestais e mestres em Ciências Florestais

Madeira – Crédito: Invest Agro

O Brasil é o país com a maior diversidade do planeta, sendo conhecido por suas florestas, como também por produtos advindos delas. O próprio nome do país é proveniente da planta, em que sua exploração consistiu na primeira atividade econômica exercida pelos portugueses.

Os produtos florestais podem ser madeireiros (PFM) ou não madeireiros (PFNM), provenientes de plantios florestais ou de florestas nativas, fornecendo bens como madeira, fármacos, alimentos e outros.

O país ainda possui grandes desafios pela frente, buscando o equilíbrio da sustentabilidade, que é fornecer valores econômicos, sociais e de conservação, possuindo metas que precisam de planejamento e apoio das iniciativas públicas e privadas.

Aspectos econômicos e contribuição para a balança comercial

De acordo com o relatório do ano de 2020 da Indústria Brasileira de Árvores (IBA), o setor florestal de árvores cultivadas, que inclui a fabricação de produtos de madeira e celulose, papel e produtos de papel, painéis de madeira, pisos laminados e carvão vegetal para aço verde, gera emprego e renda para o Brasil, atuando de maneira social e ambientalmente responsável.

Independentemente de o ano ter sido atípico, a contribuição do setor florestal na balança comercial permaneceu significativa, fechando com o saldo de US$ 10,3 bilhões em 2019, o segundo melhor resultado dos últimos 10 anos.

Exportações

As exportações do setor apresentaram um valor total de US$ 11,3 bilhões, o que representa queda de 8,7%, devido principalmente à retração de 4,8% nos preços. Assim como em 2018, os dois principais países destinos das exportações brasileiras em 2019 foram China e Estados Unidos, que somam US$ 5,5 bilhões em exportações, uma participação de quase 50% do setor.

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Na figura 1 temos a produção dos principais produtos em toneladas na escala de tempo de 10 anos (2010 a 2019), e na figura 2 o valor em dólar (US$) de exportação dos principais produtos florestais madeireiros.

Figura 1. Quantidade de exportação dos principais produtos florestais madeireiros (Fonte: Serviço Florestal Brasileiro).

Figura 2: Valor (US$) de exportação dos principais produtos florestais madeireiros

Fonte: Serviço Florestal Brasileiro

Principais produtos florestais exportados

Celulose: em 2019, a produção industrial da celulose no Brasil foi mantida como a segunda maior produtora de celulose do mundo, atingindo a marca de 19,7 milhões de toneladas fabricadas. Houve leve recuo em relação a 2018 (-6,6%) em função da estratégia de parte da indústria em buscar um maior ajuste entre a oferta e a demanda. A qualidade e origem ambientalmente correta do produto mantiveram o segmento nacional como um dos mais desejados do mundo. De toda a produção, 75% foi destinada para exportação, totalizando 14,7 milhões de toneladas. O mercado doméstico foi responsável pelo consumo de 5,2 milhões de toneladas.

Papel: o Brasil está entre os 10 maiores produtores de papel do mundo. A produção de papel no Brasil subiu 1,0% em 2019, somando 10,5 milhões de toneladas. A alta foi puxada especialmente pelos papéis para fins sanitários e para embalagem, que somaram 1,3 milhão de toneladas (+6,2%) e 5,5 milhões/ton (+2,4%), respectivamente. As exportações cresceram 7,2% em relação ao ano anterior, registrando um total de 2,2 milhões de toneladas. O mercado doméstico manteve-se como principal foco das vendas (79%) de papel.

• Painéis de madeira e pisos laminados: o volume de vendas domésticas de painéis de madeira foi de 6,9 milhões de m3, mantendo-se relativamente estável em relação a 2018. As vendas de MDF totalizaram 3,9 milhões de m³ (21,3%), MDP 2,8 milhões de m³ (estável) e chapas de fibra 165 mil m³. Já o volume de vendas de pisos laminados totalizou 10,4 milhões de m² (-6,6%) em 2019. Setor tradicional brasileiro, a indústria de painéis de madeira está concentrada principalmente na região sul do País, principalmente por sua ligação com os polos moveleiros. Os principais mercados dos painéis de madeira brasileiros são Estados Unidos e México.

Carvão vegetal: de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de carvão vegetal cresceu 3,7% em 2019, chegando a 5,3 milhões de toneladas. O setor de árvores cultivadas manteve participação constante de 95% da produção de carvão vegetal. O consumo do produto aumentou de 4,9 para 5,1 milhões de toneladas em 2019. A maioria das 180 principais unidades produtoras de porte médio e grande de ferro-gusa, ferro liga e aço no Brasil utiliza o carvão vegetal em seu processo de produção. O principal polo de consumo de carvão vegetal encontra-se em Minas Gerais, com mais de 40% das empresas.

Produtos sólidos de madeira: segundo estimativas, a produção de madeira serrada caiu 3,5%, o que totaliza 9,9 milhões de m³ em 2019, segundo dados da FAO. Mais de 90% da produção brasileira é direcionada ao próprio mercado doméstico. Em 2019, as exportações recuaram 12% e as importações aumentaram 21%. No ranking entre os dez maiores produtores de madeira serrada no mundo, o Brasil se encontra na nona posição. China e Estados Unidos são os principais produtores mundiais.

Na tabela 1, é apresentado o somatório da quantidade produzida e valor da produção na extração vegetal, por tipo de produto extrativo brasileiro, no ano de 2019. Os produtos que mais se destacaram em termos de valor da produção (mil reais) no referido ano foram os alimentícios (toneladas) e a madeira em tora (metros cúbicos).

Tabela 1. Somatório da quantidade produzida e valor da produção na extração vegetal, por tipo de produto extrativo brasileiro, no ano de 2019 (Fonte: Serviço Florestal Brasileiro).

Tipo de produto extrativo Quantidade produzida na extração vegetal Valor da produção na extração vegetal (Mil Reais)
Alimentícios (Toneladas) 679298 1219309
Aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes (Toneladas) 996 1953
Borrachas (Toneladas) 843 4118
Ceras (Toneladas) 20587 235406
Fibras (Toneladas) 9626 15472
Gomas não elásticas (Toneladas) 1 3
Carvão vegetal (Toneladas) 372212 318550
Lenha (Metros cúbicos) 19130833 497760
Madeira em tora (Metros cúbicos) 12029971 2052275
Oleaginosos (Toneladas) 51670 102144
Pinheiro brasileiro (nó de pinho) (Metros cúbicos) 8341 1516
Tanantes (Toneladas) 84 102

Desafios na exportação dos produtos florestais

O grande marco para as exportações dos produtos florestais brasileiros foi a desvalorização cambial que aconteceu no primeiro semestre do ano de 2012. De certo que o aumento das exportações teve alguns motivos, como os altos investimentos feitos nas tecnologias silviculturais e as altas exigências ambientais para as grandes indústrias, com a determinação de produção e uso sustentável dos materiais oriundos das florestas (Hersen et al., 2019).

Juntos, esses fatores fazem parte do pacote que influenciou o aumento da demanda dos produtos florestais, porém, devido ao Brasil possuir uma política cambial flutuante suja, ou seja, não há valores fixados para o câmbio relacionado às exportações, tornou a desvalorização cambial o fator preponderante para o aumento de venda dos produtos florestais (Porto & Milanes, 2009; Oliva et al., 2012, Hersen et al., 2019)

De acordo com o a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) (2016), o aumento das produções e exportações do setor florestal tem aumentado gradativamente nos últimos anos, e em 2014 as cifras foram expressivas, com R$ 60,6 bilhões atingindo 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

As exportações chegaram a atingir 3,8% das exportações brasileiras, com um valor de US$ 8,4 bilhões. Outro marco importante ocorreu no primeiro semestre de ano de 2018, quando tivemos os produtos florestais, como a celulose, papel e painéis de madeira, alcançando posição de destaque na balança comercial do setor, e superou um dos principais setores do agronegócio, o setor de carne.

No ano de 2019 o Brasil chegou à posição de 3º maior exportador de celulose do mundo, participando efetivamente de 13,2% dos valores do mercado mundial. O produto celulose tem sido o mais competitivo no mercado mundial, e seguiu junto ao aumento das exportações do setor florestal brasileiro.

Segundo Schmid (2018), em análise das tendências das exportações do setor florestal brasileiro, os principais motivos que impulsionaram as exportações desse produto foram:

• O aumento da demanda de países como China, Estados Unidos e alguns países europeus;

• A desvalorização cambial da moeda brasileira, o que gerou o câmbio favorável;

• A falta de capacidade competitiva dos países concorrentes desse produto;

• A capacidade das empresas brasileiras de compreensão do momento oportuno de mercado com a expansão da produtividade.

Crescimento

Apesar do ano de 2020 ter sido atípico devido à pandemia global do Coronavírus (Covid-19), que afetou grandemente a economia global, refletindo também no setor florestal, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostra que os produtos florestais brasileiros, se comparados a outros produtos da economia brasileira, ficaram entre os cinco setores de maiores exportações desse ano.

As exportações voltadas para o setor florestal do Brasil cresceram e têm crescido consideravelmente nos últimos anos. Assim, conforme explica o site Mata Nativa, o setor de produtos florestais se consolida por seu crescimento gradativo, fortalecendo a economia do país e seguindo patamares mais altos das exportações nacionais. Apesar desse otimismo, ainda há o desafio do desenvolvimento e crescimento das micro e pequenas empresas do setor.

Isso pode ser feito por ações governamentais com o objetivo de oportunizar as micro e pequenas empresas a adentrar o mercado externo, por meio de subsídios financeiros, treinamentos especializados e tudo que envolve exportações, e que pode reduzir a desigualdade no setor florestal brasileiro.

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