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Quais os benefícios dos aminoácidos para o café?

Alisson Campos
Engenheiro agrônomo e doutorando em Agronomia/Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
alissonavcampos@yahoo.com.br
Marina Scalioni Vilela
Engenheira agrônoma, mestra em Agronomia/Fitotecnia e doutoranda em Agronomia/Fitotecnia – UFLA
marinasv3p@gmail.com
Otávio José Figueiredo
Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Fitotecnia – UFLA
otaviofigueiredo460@gmail.com

Os aminoácidos são moléculas orgânicas com grupos amina (NH2) e carboxila (COOH) em sua composição estrutural. São os principais componentes das células e hormônios, possuem origem tanto animal, obtidos de hidrolise alcalinas ou ácidas, como origem vegetal, por fermentação microbiana ou enzimática.
Os hormônios são os responsáveis por promoverem crescimento, como as auxinas, citocininas, giberelina, produzindo flores, frutos e raízes. Os aminoácidos são os precursores dos hormônios, e a glutationa é um oligopeptídico formado por três aminoácidos, que ajuda a desintoxicar mudas com estresse fisiológico por excesso de luminosidade (escaldadura) ou por herbicidas.
Os aminoácidos podem ser levogiros (L) ou dextrógenos (D), sendo apenas os levogiros absorvidos. Para a melhor absorção desses aminoácidos é preferível que sua estrutura apresente cadeias curtas e não complexadas para facilitar a absorção.
Extratos de algas são ricos em aminoácidos glicina, betaína e prolina, fazendo com que o cafeeiro tolere mais o período de seca, auxiliando no ajuste osmótico. A aplicação de aminoácidos promove o aumento do metabolismo de nitrogênio na planta.

Posicionamento

O correto posicionamento dos produtos foliares, no timing exato, é uma condição imprescindível para o sucesso do manejo. As aplicações de aminoácidos para amenizar o efeito do déficit hídrico são recomendadas de forma preventiva ou sequencial, uma vez a planta em condições de estresse severo tem o efeito do aminoácido reduzido drasticamente.
A aplicação de aminoácidos após o transplantio das mudas de café auxilia na aclimatação das mudas a pleno sol, amenizando a peroxidação lipídica, reduzindo o número de morte das plantas e aumentando o crescimento radicular.
A aplicação do aminoácido para reduzir o efeito da fitotoxidez no cafeeiro deve ser realizada o mais breve possível, para evitar que o dano afete o desenvolvimento da planta. A aplicação foliar de aminoácidos é uma alternativa para a recuperação de plantas estressadas por ataques de pragas, doenças, toxicidade de defensivos, geadas ou déficit hídrico, estimulando o metabolismo secundário.
A metabolismo secundário ocorre pela atividade de enzimas como a catalase e peroxidase, que tem gasto energético extra para a planta.

Em termos de produtividade

A redução do estresse fisiológico proporciona o maior desenvolvimento das plantas, visto que reduz a energia envolvida no metabolismo secundário. O uso de aminoácidos permite maior desenvolvimento radicular, diminuindo a morte de plantas e, consequentemente, o replantio.
Com o aumento da produção de citocinina, a produção da parte aérea também é elevada, vegetando mais a planta, com maior capacidade fotossintética, produzindo mais estruturas reprodutivas e potencialmente aumento da produtividade.

Em campo

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A aplicação de aminoácidos é uma importante alternativa para minimizar estresses bióticos e abióticos nos cafeeiros, pois possibilita a recuperação mais rápida dos danos causadas por essas adversidades. Os efeitos mais estudados estão relacionados à recuperação de injúrias causadas por fitotoxicidade de produtos fitossanitários, com destaque para os herbicidas.
Assim, a aplicação de aminoácidos logo após a ocorrência de deriva desses produtos, ou até mesmo em mistura visando reduzir esses prejuízos, pode minimizar as perdas e proporcionar ganhos no crescimento e produtividade final das plantas.
Além disso, o tratamento de mudas com aminoácidos pode contribuir para o melhor pegamento no campo, por proporcionar maior tolerância ao déficit hídrico.

Erros

Dentre os erros relacionados e esse tipo de manejo pode-se citar a época e forma de aplicação, se há a necessidade de aplicação desses produtos e também a escolha dos produtos e das fontes desses aminoácidos.
A época de aplicação não pode ser muito tempo depois do dano causado à planta, principalmente em relação à fitotoxicidade de produtos fitossanitários, pois se há demora na tomada de decisão para a aplicação desses produtos, os prejuízos podem ser irreversíveis.
Em relação a estresses climáticos, a forma mais efetiva para o bom funcionamento desses produtos seria sua aplicação de forma preventiva. Além disso, é necessário se atentar para a forma de aplicação mais eficaz do produto adquirido, buscando sempre seguir as recomendações do fabricante e atingir o alvo de interesse, além de ter o objetivo da aplicação bem definido, por exemplo.
No caso da recuperação de algum dano causado por herbicidas nas folhas, a aplicação mais eficiente seria via foliar. Ainda, quando a aplicação é feita sem necessidade, não há ganhos significativos no desenvolvimento das plantas.

Como evitar erros

Em relação à tolerância aos demais estresses, como o déficit hídrico, a forma e época de aplicação também são importantes, pois normalmente a forma mais eficaz de se obter resultados com esses produtos é por sua utilização de maneira preventiva, pois em condições de veranicos há maior dificuldade da planta em absorver qualquer produto aplicado.
Além disso, é importante se atentar para a necessidade ou não de utilização desses produtos, bem como a fonte utilizada, observando o teor total de aminoácidos e quais estão presentes nas formulações, em busca de recomendações do posicionamento mais adequado dos produtos em relação à condição da lavoura.

Custo envolvido

A aplicação de aminoácidos na cafeicultura é uma técnica rentável, devido ao seu custo relativamente baixo, já que pode ser tanto via solo ou foliar, sendo a última mais barata e de resultados rápidos.
O custo da aplicação foliar de aminoácidos no café é de aproximadamente de R$ 50,00 por hectare a cada aplicação, em dosagem média de 1,5 a 2,0 litros por hectare, enquanto a aplicação via solo varia entre R$ 200,00 a R$ 300,00 por hectare, de acordo com a dosagem, que pode ser de 5,0 a 8,0 litros por hectare.

Investimento x retorno

A utilização de aminoácidos e bioestimulantes na cafeicultura está crescendo consideravelmente. Devido ao efeito antiestresse dessas moléculas, os aminoácidos atuam diretamente no metabolismo secundário das plantas, fornecendo energia de forma rápida, deixando-as mais tolerantes contra os ataques de patógenos e adversidades do ambiente.
Assim, o cafeeiro se torna mais eficiente no aproveitamento dos recursos produzidos no metabolismo primário e indiretamente mais produtivo, o que faz com que o investimento na aplicação de aminoácidos seja bastante compensatório, já que mesmo se tratando de uma aplicação suplementar, os resultados são rapidamente visualizados.

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