Autores
Ernandes Macedo da Cunha Neto
netomacedo878@gmail.com
Gabriel Mendes Santana
gsantanaflorestal@gmail.com
Iací Dandara Santos Brasil
iacidandara@yahoo.com.br
Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Emmanoella Costa Guaraná Araujo
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal – UFPR
manuguarana@gmail.com
As florestas plantadas possuem um papel fundamental para o fornecimento das distintas formas de utilização da madeira para os fins industriais, substituindo a madeira proveniente de florestas nativas.
Diferentes gêneros, como por exemplo Eucalyptus, Corymbia, Pinus, Tectona (Teca), Khaya (mogno africano), entre outras, vêm ganhando espaço no cenário nacional no que se refere aos plantios florestais. Sendo assim, a busca por aumentar a qualidade das florestas plantadas vem sendo estuda por diversos pesquisadores e instituições há muito tempo, tendo por exemplo estudos como o de Balloni; Simões (1980), justificando que o espaçamento é uma das principais ações que podem ser controladas a fim de que se obtenha madeira com as características desejáveis e demandas estabelecidas pelo mercado.
A densidade de um plantio florestal é dada pelo seu espaçamento, podendo variar entre um plantio de alta densidade, onde há a presença de muitas árvores por hectare, a um plantio de baixa densidade, onde há um baixo número de árvores por hectare.
Fatores envolvidos
Dado pela distância entre linhas e plantas do plantio, o espaçamento depende de vários outros fatores para ser escolhido. Eloy et al., (2015) afirma que a definição do espaçamento do plantio, e consequentemente a sua densidade, possui grande importância, pois deve levar em consideração fatores como a disponibilidade de recursos primários de crescimento (água, luz e nutrientes) para cada indivíduo do povoamento, afetando diretamente as atividades silviculturais, tecnológicas e econômicas, uma vez que age diretamente na taxa de crescimento de cada indivíduo, idade de corte, qualidade da madeira e, por fim, custos de produção.
A produção de madeira em uma floresta contempla um grande número de variáveis, cujas interações se transformam em um sistema bastante complexo e singular, com cada interação tendo sua devida importância. A densidade, uma dessas interações, varia de acordo com o sítio, região e destino final da madeira.
Menores espaçamentos produzem árvores com diâmetros menores, maior área basal e volume por área (Schneider, 1993), ocorrendo a maior produção de biomassa por unidade de área, em decorrência da maior concentração de individuo (Oliveira Neto et al., 2003).
Já em plantios onde os espaçamentos são maiores acontece o inverso; onde se produz árvores com diâmetros maiores e um maior volume por árvore, fazendo com que a matéria seca da parte aérea da árvore seja elevada devido ao grande crescimento em diâmetro.
Pontos importantes
Autores como Balloni e Simões (1980) afirmam que a densidade do plantio escolhida simplesmente pelo uso final da madeira é um erro, uma vez que negligencia aspectos ecológicos e silviculturais como a competição por luz, umidade e nutrientes.
Plantios menos densos, de maior espaçamento entre árvores, tendem a produzir madeira com valores baixos de densidade básica, menos resistentes à rigidez, enquanto em plantios com menor densidade, por apresentarem maior competição por luz e espaço, há uma estagnação no crescimento volumétrico. Para Scolforo (1997), tamanho de nós, retidão do tronco, conicidade e densidade básica da madeira são os principais aspectos influenciados pela densidade do plantio.
Desbastes
No Brasil, a densidade dos plantios varia, em sua maioria, entre 1.111 até 2.500 plantas/ha. Em povoamentos florestais de maior densidade há uma maior produção inicial de biomassa foliar, exigindo um desbaste ainda na fase juvenil do plantio (Ladeira et al., 2001). Mesmo porque a alta densidade das árvores ocasiona que a floresta atinja mais rápido a competição por água, luz e nutrientes, resultando em auto desbaste (perda de madeira por mortalidade), o que deve ser evitado de forma natural.
Os desbastes possuem um papel importante nos plantios florestais destinados à produção de toras de alto valor. Tal técnica silvicultural pode aumentar as taxas de crescimento de diâmetro das árvores remanescentes, aumentando, portanto, o volume e qualidade das árvores já pré-selecionadas para o destino final do plantio.
A produção de toras de grande volume, consequentemente, que possui maiores diâmetros, é inversamente proporcional à densidade do plantio. Assim, é de extrema importância que os manejadores e responsáveis pela floresta considerem que a diminuição da densidade realizada pelo desbaste não seja a única atividade silvicultural para aumentar a produção de toras de maior diâmetro (Pauleski, 2010).
Com o planejamento e a realização do plantio já em menor densidade, seguido por um monitoramento e manejo correto, o resultado pode ser satisfatório, não havendo os custos gerados pela atividade do desbaste.
Determinação
Apesar de já haver vários estudos e os efeitos dos desbastes serem conhecidos, a intensidade, o tempo e o tipo de desbaste não são determinados de maneira fácil, ainda mais quando levamos em consideração a realização do mesmo para a produção de toras de alto valor, em que os diâmetros são grandes.
A dificuldade encontrada para a realização do desbaste é que o crescimento das árvores não depende somente de um fator, e sim de vários outros, como por exemplo o sítio, densidade de plantas, espécies e idade da floresta, não sendo, portanto, uma mesma forma e intensidade de desbaste para diferentes espécies em variados locais.
Portanto, trata-se de uma atividade que exige experiência e estudo, mesmo porque, tendo como foco a produção máxima, haverá apenas uma forma de desbaste que atingirá o máximo produtivo, já que por meio do mesmo pode ser alterada a taxa de crescimento e lotação (David et al., 2017).
Sejam espaçamentos quadrados, retangulares, de baixa ou alta densidade, os plantios florestais, assim como a escolha da área de plantio, espécie, destino final da madeira, número de árvores por hectare, desbastes e todas outras atividades silviculturais devem ser conduzidas por um profissional especializado na área para que não haja perdas e a lucratividade para o proprietário seja a maior possível.