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Qual a relação do Boro com a produtividade?

Autora

Fernanda Cabral Pontes. Santaniel
Engenheira agrônoma, responsável pelo Departamento Técnico Compo Expert Brasil e Crop Manager Soja e Milho
Fotos: Shutterstock

Muito tem-se falado sobre o micronutriente Boro no Brasil, principalmente por este ser um limitante do rendimento das culturas em nosso país. Geralmente, o teor de Boro em solo brasileiro é baixo, sendo absorvido pelas plantas preferencialmente na forma de ácido bórico (H3BO3) ou Borato (H4BO4), classificado como pouco móvel pela maioria das plantas, considerando que a soja é uma das culturas anuais mais exigentes neste micronutriente e onde observamos recorrente deficiência na lavoura.

O Boro está relacionado a muitos processos fisiológicos da planta que são afetados pela sua deficiência, como transporte de açúcares, síntese da parede celular, lignificação, estrutura da parede celular, metabolismo de carboidratos, metabolismo de RNA, respiração, metabolismo de AIA, metabolismo fenólico, metabolismo de ascorbato e integridade da membrana plasmática.

Ação na planta

Entre as diversas funções do Boro, duas estão muito bem definidas: síntese da parede celular e integridade da membrana plasmática (Cakmak & Römheld, 1998). Mediante tal relevância para o crescimento e desenvolvimento das plantas, este é um dos micronutrientes mais estudados e explorados.

O Boro, como via de regra, é translocado via xilema e imóvel via floema. Por ser um micronutriente aniônico, não é passível de quelatação, mas estudos observaram que alguns açúcares são capazes de complexar este nutriente e conferir mobilidade dentro da planta, identificados como açúcares álcoois ou polióis, como sorbitol, dulcitol e manitol.

De acordo com Rosolem e Boaretto (1989), a época de aplicação exerce influência na produtividade de grãos e produção de sementes, pois maior demanda de nutrientes pelas plantas de soja ocorre nos estádios R1 a R5. Devido a este pico de demanda ser maior na fase reprodutiva da cultura, observa-se a necessidade crescente de aporte complementar via foliar deste nutriente para auxiliar no pegamento de flores e granação.

Trabalho conduzido na cultura da soja (variedade TMG 4182), Primavera do Leste/MT na safra 2018/19:

Tratamentos Dose (L/ha) Época de Aplicação Número de Vagens por planta
Testemunha     40,3 b
Basfoliar® CitoBor (8% Boro) 0,5 R1 61,5 a
Grãos por vagem
Tratamentos Vagens com um grão Vagens com dois grãos Vagens com três grãos Vagens com quatro grãos
Testemunha 5,5 a 21,5 b 13,3 a 0,0 a
Basfoliar® CitoBor (8% Boro) 4,0 a 34,5 a 21,5 a 0,8 a

Podemos observar, mediante os resultados, que o aporte via foliar deste nutriente complexado com poliol apresentou diferença estatística em relação ao número de vagens, com reflexo direto da importância do nutriente Boro para o pegamento floral.

Analisando mais a fundo, observamos diferença estatística, inclusive na quantidade de grãos por vagens, o qual apresentou melhores resultados em relação às vagens de dois, três e quatro grãos, o que buscamos na prática, visando melhores produtividades. 

Ao analisar outro resultado obtido com o produto comercial Basfoliar® CitoBor junto à Fundação MS (Maracaju/MS), mediante a análise foliar coletada no estádio de desenvolvimento R2 em área com teor ideal de Boro no solo, identificamos o seguinte resultado:

Teor foliar
Tratamentos Nível de boro
Testemunha 43,6 b
Basfoliar® CitoBor 51,2 a

Obtivemos como conclusão deste trabalho que a aplicação do Basfoliar® CitoBor aumentou o teor foliar de boro na cultura da soja com a aplicação realizada no estádio fenológico R1, na dosagem de 0,5 L/ha.

Considerando que este produto aporta 8% de Boro associado a uma fonte Poliol, podemos fazer a correlação com o fator já comentado aqui, sobre a ação de complexação que alguns açúcares apresentam em relação ao nutriente Boro, com influência direta na mobilidade deste nutriente pela planta.

Conclusão

Assim sendo, para o sucesso de uma lavoura é necessário a adequação de uso dos fertilizantes, o que envolve a aplicação na época e dosagem correta, além da definição certa da fonte a ser aplicada. Devemos observar com maior atenção os níveis e aportes de micronutrientes, que, assim como o Boro, são essenciais para o desenvolvimento e obtenção de melhores resultados em campo.

A aplicação do nutriente Boro, associado a fonte Poliol via foliar no início do florescimento, é uma eficiente maneira de complementação nutricional, visando o aporte adequado deste nutriente no momento de maior demanda nutricional pela cultura da soja, com resultados promissores quanto ao número de vagens por planta, grãos por vagem e peso de mil grãos, com reflexo direto na produtividade final da sua lavoura.

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