Autores
Fabiana Prieto Castanho
fabianacastanho26@gmail.com
Diego Munhoz Gomes
diegomgomes77@gmail.com
Graduandos em Engenharia Florestal – UNESP/FCA
Roque de Carvalho Dias
Engenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia – UNESP/FCA
roquediasagro@gmail.com
O clone de eucalipto nada mais é que uma maneira de propagação em escala comercial, afim de reproduzir as melhores características da espécie. Para produzir clones é preciso realizar diversas análises, aproveitando as variações genéticas dentro da população.
De maneira geral, todos os indivíduos dentro de uma população seguem para determinada característica a variação de uma curva de distribuição normal. Ao trabalhar com o plantio de clones de eucalipto, trabalhamos com uma alta tecnologia de melhoramento genético e desenvolvimento tecnológico para a formação de florestas plantadas.
Desafios da clonagem
Os principais desafios clonais estão associados ao aumento de produtividade, à adaptação ao meio biótico e abiótico e à qualidade da madeira para os diversos produtos florestais. Mas, apesar de todos os desafios, os programas de clonagem no Brasil têm formado florestas promissoras.
Os plantios clonais de Eucalyptus vêm se tornando cada vez maiores no território nacional, o que acontece devido às diversas vantagens no processo, como por exemplo, o controle da heterogeneidade nos plantios florestais e consideráveis avanços em programas clonais, que buscam o aumento da produtividade da madeira.
Atualmente, nos programas de melhoramento, os clones são testados anualmente, em diferentes ambientes, para avaliar sua capacidade de adaptação. Essas estimativas possibilitam a avaliação do real impacto de seleção e asseguram alto grau de confiabilidade na recomendação de clones para um determinado local ou grupo de ambientes.
Clones ideais para fatores abióticos
São muitos os prejuízos gerados nas plantações florestais pelos fatores abióticos, como as geadas, ventos e seca. Esses prejuízos podem ser evitados com a escolha dos melhores locais para o início do plantio florestal. Devido ao aumento de plantios na região sul do Brasil, onde ocorre grande presença de geadas e na região nordeste e centro-oeste com elevado déficit hídrico e com grande incidência de ventos, espécies que se adaptem facilmente a esses fatores vem sendo cada vez mais exigidas.
Vento
Fatores como o tombamento e quebra por vento podem diminuir a produtividade das florestas plantadas. O fator vento começa a afetar o plantio a partir dos dois anos, podendo ocorrer perdas até o final do ciclo.
Espécies de eucalipto com fibras mais longas e lumens mais estreitos conferem maior resistência a ventos. A topografia do terreno pode influenciar na resistência dos materiais considerando a direção dos ventos.
Estudos realizados comprovam que o E. saligna é uma opção de espécie resistente ao fator vento, e a produção de híbridos entre espécies do gênero Corymbia também pode ser uma importante fonte de resistência, sobretudo nos locais de maior incidência, como o Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Geadas
Nos últimos anos o melhoramento para ambientes frios tem se tornado cada vez mais importante, isso porque atualmente vem ocorrendo cada vez mais a substituição de Pinus taeda por plantios de eucalipto.
Espécies como E. viminalis, E. benthamii, E. nitens e E. dunnii tem grande resistência à geada, e são indicadas para plantio em áreas de incidência do fator. Mas o E. benthamii e E. dunnii em comparação com outras espécies que são plantadas em clima tropical, como o E. grandis, E. saligna ou o híbrido E. urophylla x E. grandis tem baixa produtividade e esses são atualmente os materiais genéticos mais plantados no Sul do Brasil, em áreas não sujeitas a geadas.
Espécies como E. viminalis, E. dunnii e E. benthamii apresentam boa tolerância, com elevada variabilidade para resistência ao frio, mas essas têm certa dificuldade na propagação vegetativa. E, de acordo com a intensidades das geadas, cada espécie tem um certo comportamento. O E. dunnii e o E. nitens tem baixa resistência a geadas e sua recuperação depende da parte afetada, E. viminalis e o E. benthamii são considerados mais resistentes.
Déficit hídrico
A escolha do clone ideal para áreas com déficit hídrico está ligada com a regulação estomática, e também com o ajuste osmótico. As espécies que melhor se adaptam à seca são E. camaldulensis, C. torelliana, E. tereticornis e E. brassiana.
Mas, algumas procedências de E. grandis podem apresentar resistência à seca. A espécie E. camaldulensis tem baixo ajustamento osmótico, mas em contrapartida tem um sistema radicular profundo e ramificado, possibilitando absorver água de camadas mais profundas do solo, sendo atribuída a essa característica sua maior resistência à seca.
Clones ideais para fatores bióticos
Os principais fatores bióticos são os insetos e doenças causando danos às florestas plantadas. Atualmente, as principais doenças que causam danos econômicos são a mancha foliar (Cylindrocladium pteridis), a bacteriose (Xanthomonas axonopodis) e a ferrugem (Puccinia psidii).
O gênero Eucalyptus tem uma infinidade de espécies, encontrando-se uma grande variabilidade inter e intraespecífica para resistência a doenças. Essa grande variabilidade permite a seleção de materiais resistentes para a formação de híbridos resistentes.
Espécies de eucalipto do tipo E. urophylla, E. grandis, E. saligna, E. pellita e E. resinífera não são afetadas por doenças de manchas foliares e desfolha, e mesmo seus híbridos que são cruzados com espécies suscetíveis não sofrem com a doença.
Assim, o cruzamento com essas espécies é uma medida eficiente para controle dessa doença. As espécies E. pellita, E. robusta e E. resinifera têm apresentado altos níveis de resistência às manchas foliares na região norte do Brasil.
As espécies que apresentam resistência à ferrugem são Corymbia citriodora, C. torelliana, E. camaldulensis, E. microcorys, E. pellita, E. pilularis, E. propinqua, E. resinifera, E. robusta, E. saligna, E. tereticornis e E. urophylla.