As cotações do café em NY estavam em faixa de consolidação, com suporte em 170 c/lb. Porém, com dois grandes riscos baixistas: a incerteza gerada pós-quebra do SVB e a flutuação entre sentimento de aversão e apetite ao risco, em conjunto à pressão de venda dos produtores brasileiros em antecipação à colheita 23/24.
Com taxas de comercialização historicamente baixas para a safra 22/23, os estoques viraram um ponto baixista para o mercado, principalmente às vésperas da colheita de 23/24 — safra não recorde, de forma alguma, mas com maior produção de arábica quando comparado ao último ciclo. Além disso, a média móvel (MM) de 7 dias ficou abaixo da MM de 14 dias e os preços se estabeleceram abaixo da MM de 100 dias, o que contribuiu para a pressão de baixa.
Os diferenciais na Colômbia e em Honduras também foram pressionados esta semana, chegando a 46 c/lb e 22 c/lb, respectivamente — enquanto outras qualidades atingiram níveis ainda mais baixos de diferenciais nas duas origens.
Para contextualizar: no ciclo 22/23, a produção global de suaves caiu novamente, com problemas climáticos e de desinvestimento impulsionando essa queda. Para 23/24, há potencial de crescimento, embora ainda abaixo do recorde de 18/19. Consequentemente, a relação E/U aumenta apenas 1 ponto percentual.
Os produtores têm estado de fato à margem de forma geral, esperando uma resposta em NY, o que impactou diretamente nos números das exportações para a maioria das origens. As exportações da Colômbia caíram 15% no ano, e as de Honduras, 10%. Portanto, há um impacto da oferta limitada, de fato, mas os produtores à margem e o menor interesse por esses cafés também estão desempenhando um papel na dinâmica dos suaves.
Para os próximos meses, o desenvolvimento da safra 23/24 estará em andamento nessas origens. Até agora, a Colômbia esteve sob a influência do La Niña: chuvas consistentemente altas. O mesmo pode ser dito de Honduras. Apesar dos problemas que as chuvas trouxeram para o ciclo 22/23, esses níveis de chuva são atualmente positivos para a produção, pois serão necessários sob um El Niño ativo — que traz clima mais seco, especialmente na América Central.