Jesus G. Töfoli
Ricardo J. Domingues
Josiane T. Ferrari
Eduardo M. C. Nogueira
Pesquisadores do APTA ” Instituto Biológico
O repilo, ou olho de pavão, causado pelo fungo Fusicladium oleagineum, é considerado uma das mais importantes e destrutivas doenças da oliva em todo o mundo. No Brasil tem sido observado em algumas regiões serranas do Sul e Sudeste.
A doença pode causar intensa queda de folhas, redução do vigor e queda acentuada da produção e qualidade dos frutos. Em cultivares muito suscetíveis, a desfolha pode ocorrer antes do aparecimento dos sintomas em toda a copa, porém, é mais severa nos ramos mais baixos. Nos frutos a doença pode inviabilizá-los para conservas ou originar azeites de qualidade inferior.
Sintomas
Os sintomas iniciais na parte superior das folhas são lesões circulares, concêntricas, com coloração amarela, verde ou marrom, cujo diâmetro pode variar de 2 mm a 1 cm. Ao evoluírem, essas se tornam escuras, com o centro claro, e podem ser ou não envoltas por um halo amarelado ao redor das mesmas.
Em geral, as manchas tÃpicas da doença estão presentes somente na face superior das folhas. Na parte inferior as lesões são observadas apenas na nervura central, sendo estas pardo-escuras e alongadas. No verão as lesões são atÃpicas irregulares e as lesões mais velhas podem se tornar branco-acinzentadas, devido à separação da cutÃcula da epiderme.
O fungo também pode causar lesões pardo-escuras em pecíolos e pedúnculos, acelerando a queda de folhas e frutos. Nos frutos as lesões são levemente úmidas, escuras e deprimidas, podendo gerar deformações devido à atrofia dos tecidos infectados.
Agente causal
Fusicladium oleagineum é um fungo específico do gênero Olea, que pertence à classe Ascomycotina. Possui micélio imerso na epiderme foliar, conidióforos errupentes e conÃdios bicelulares de coloração pardo-escura.
Condições favoráveis
O repilo é favorecido por temperaturas amenas e alta umidade. Durante períodos desfavoráveis o fungo sobrevive em folhas infectadas caÃdas, nas quais ocorre a produção de conÃdios. Em geral, esses são disseminados pela ação de correntes de ar e chuvas e a sua germinação ocorre na presença de água livre na superfície foliar (chuvas, neblina e orvalho) e temperaturas que variam de 8 a 22°C.
Durante o processo infeccioso o fungo coloniza especialmente as camadas epidérmicas mais externas, desenvolvendo-se intra e extracelularmente. O tempo de incubação pode variar de 15 dias a 10 meses, em função do clima, da cultivar e da idade da folha.
O fungo pode sobreviver durante meses em folhas infectadas na planta, podendo haver surtos de desenvolvimento da lesão em função da ocorrência de condições favoráveis. Em nossas condições de cultivo a doença torna-se importante a partir do outono (abril) até o final da primavera (novembro), principalmente nas regiões sujeitas ao acúmulo de umidade e a temperaturas amenas.
Entre os fatores que favorecem o repilo destacam-se:
“¢ Plantios massivos de cultivares suscetíveis;
“¢ Podas insuficientes;
“¢ Plantios adensados;
“¢ Estabelecimento de cultivos em áreas de baixada, meia encosta e/ou próximos a fontes de água (rios, açudes e lagos);
Manejo
O manejo do repilo deve ser baseado em medidas integradas, como:
ü Plantio de cultivares com algum nível de resistência;
ü Uso de mudas livres da doença;
ü Plantio em terrenos ensolarados, arejados e bem drenados;
ü Podas seletivas de formação e manutenção de forma a favorecer a circulação de ar e penetração de luz no interior da copa, retirando ramos mal formados, secos e doentes;