Carla Verônica Corrêa
Doutoranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal e Metabolismo Mineral – UNESP cvcorrea1509@gmail.com
Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal- UNESP
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O vírus da vira-cabeça do tomateiro é causado por várias espécies de tospovírus da família Bunyaviridae. Dentre elas, seis ocorrem no Brasil, mas somente quatro infectam o tomateiro: Tomato spotted wilt virus (TSWV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV), Groundnut ringspot virus (GRSV) e Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV).
As espécies TSWV, TCSV, GRSV e CSNV apresentam um amplo cÃrculo de hospedeiros, abrangendo mais de mil espécies botânicas, principalmente nas famílias Solanaceae. No Brasil, as espécies de tripes, Frankliniella occidentalis e F. shultzei são vetores dessas espécies de tospovírus.
Uma particularidade da transmissão do vírus pelo tripes é que o vetor somente pode adquirir o vírus na fase de larva, tornando-se posteriormente apto a transmiti-lo por toda a sua vida.
Outra particularidade na transmissão é que o vírus se multiplica no vetor e, dessa forma, a relação de transmissão é do tipo circulativa/propagativa. Os sintomas observados em plantas doentes são caracterizados pelo arroxeamento ou bronzeamento das folhas, ponteiro virado para baixo, redução geral do porte da planta e lesões necróticas nas hastes.
Quando maduros, os frutos de tomate apresentam lesões anelares concêntricas. Não existem evidências de transmissão por sementes. Atualmente, existem no mercado várias cultivares/híbridos de tomate de mesa e indústria com resistência aos tospovírus, todas portadoras do gene de resistência Sw-5.
Prejuízos
São muitas as viroses que prejudicam o tomateiro. Para se ter uma ideia, a mosca-branca, praga-chave da cultura do tomate, transmite mais de uma centena de viroses.
Outro vírus encontrado no tomateiro é a virose do mosaico-do-fumo, causada pelo TMV (Tobacco mosaic virus), e a virose mosaico-do-tomateiro, causada pelo ToMV (Tomato mosaic virus) que infecta diversas plantas. As perdas dependem da época de infecção, sendo maiores em infecções precoces.
No tomateiro, esses vírus causam frequentemente infecção latente (sem sintomas), mas estirpes severas podem induzir mosaico suave alternado com embolhamento foliar.
No campo, a transmissão desses vírus é exclusivamente mecânica, por meio do contato direto entre plantas e mãos de operários. No entanto, também pode ser transmitido por meio de sementes contaminadas.
A risca do tomateiro e mosaico (Potyvirus) apresentam duas espécies de potyvirus que infectam o tomateiro. A estirpe do vírus Y da batata (Potato virus Y ” PVY) e o mosaico amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus ” PepYMV). A transmissão desses vírus se dá por meio de várias espécies de afÃdeos pelas picadas de prova (transmissão não persistente), ocorrendo, dessa forma a transmissão do vírus em segundos.
O sintoma do PVY no tomateiro manifesta-se como mosaico e necrose generalizada das nervuras das folhas. O PepYMV induz mosaico e deformação foliar. O topo-amarelo e amarelo-baixeiro são causados por vírus de um mesmo grupo (Luteovirus), ao qual também pertence o vírus-do-enrolamento-da-folha da batata.
A doença topo-amarelo caracteriza-se pela presença de folÃolos pequenos, com bordas amareladas e enroladas para cima, assemelhando-se a pequenas colheres. As plantas com amarelo-baixeiro apresentam as folhas de baixo geralmente amareladas e cloróticas.
A transmissão é exclusivamente por pulgão, que, uma vez tendo adquirido o vírus, pode transmiti-lo por toda a vida, de modo persistente. A ocorrência dessas viroses é esporádica, mas surtos epidêmicos podem ocorrer.
Geminiviroses
As denominadas Geminiviroses são os vírus que mais causam danos econômicos à cultura do tomate. Na última década, surtos epidêmicos de geminiviroses passaram a ocorrer em todas as regiões produtoras de tomate do Brasil, associados à introdução do novo biótipo de mosca-branca, Bemisia tabaci biótipo B, também referida como B. argentifolii.
Sendo a mosca-branca um vetor muito móvel e com amplo cÃrculo de hospedeiros, uma grande diversidade de espécies de geminivírus que estavam restritas às ervas daninhas migraram para o tomateiro. Em geral, os sintomas manifestam-se como clorose das nervuras, a partir da base da folha, seguido de mosaico amarelo, rugosidade e até mesmo enrolamento das folhas.
Prevenção, sempre
Na maioria dos casos é importante o controle do vetor, uma vez que a planta, ao adquirir o vírus, não tem tratamento curativo. Assim, entre as medidas mais eficientes estão a produção de mudas em viveiros telados e que não permitam a entrada dos vetores, evitar plantio escalonado, ou seja, implantar uma lavoura nova perto de uma lavoura velha, controle dos vetores com inseticida, plantio em casa de vegetação ou estufas que não permitam a entrada dos vetores (o que não é viável para plantio em grandes escalas) e, principalmente, o uso de materiais com resistênciaàs principais viroses.