A onda de calor que atinge diversos estados brasileiros tem impactado a produtividade de várias atividades agropecuárias. Na avicultura, os efeitos já são percebidos nos preços dos ovos nos supermercados. Dados do Cepea mostram que as cotações do ovo branco avançaram 1,1%, enquanto dos ovos vermelhos subiram 5%, na última semana.
O médico veterinário e gerente da linha de aves da Mig-Plus, João Elias, explica que o calor excessivo compromete tanto a produtividade quanto a qualidade dos ovos, podendo, em casos extremos, levar à mortalidade das aves. No entanto, um manejo adequado aliado a uma boa nutrição podem minimizar esses impactos.
A oferta de água fresca é fundamental para manter o bem-estar das aves. Elias explica que as aves não consomem água com temperatura acima de 25°C. Por isso, recomenda manter as caixas d’água em áreas sombreadas e monitorar frequentemente a temperatura e o comportamento das aves. “Use o dorso da mão para verificar a temperatura ao longo do dia. Sem o consumo adequado de água, as aves reduzem a ingestão de ração, aumentando as perdas e os riscos”, alerta o veterinário.
Oferecer muito alimento também não é recomendado em períodos quentes. “No calor, as galinhas consomem menos ração em comparação ao inverno, pois não necessitam de energia para manter a temperatura corporal. Ofereça até 115 gramas de ração por ave e nos horários mais frescos do dia, como pela manhã ou à noite”, explica. Outro segredo, segundo Elias, está em adequar a composição da ração. A adição de bicarbonato de sódio ajuda a equilibrar a acidez do organismo das aves e reduz a ocorrência de cascas finas, problema comum no verão.
Outro fator para manter a produção de ovos é o controle da luminosidade, já que as galinhas poedeiras precisam de 16 horas diárias de luz para regular o ciclo reprodutivo e manter o ritmo biológico. “A luz não apenas estimula a função sexual das aves, como também sincroniza o organismo, promovendo maior regularidade na postura”, conclui.