Um equipamento que aciona automaticamente a irrigação ao detectar a baixa umidade no solo está sendo desenvolvido. A tecnologia consegue reduzir o consumo de água e energia na lavoura em até 50%.
A peça-base para o desenvolvimento do sistema será o Igstat, um sensor desenvolvido pela Embrapa e pela Tecnicer, capaz de perceber as alterações de umidade do solo automaticamente.
Patenteado no Brasil e nos Estados Unidos, o Igstat é um cilindro de sete centÃmetros de comprimento feito de material poroso que identifica a baixa umidade quando suas paredes permeáveis detectam a passagem de ar.
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Confiabilidade
O pesquisador da Embrapa Instrumentação, Carlos Vaz, explica que o Saci será mais preciso, detectará uma faixa mais extensa de tensão crÃtica (limiar de umidade do solo a partir do qual há necessidade de irrigação) e apresentará leituras mais confiáveis, por não sofrer influência de salinidade do solo nem de temperatura.
“O objetivo é que o produto atenda a pequenos e grandes produtores que desenvolvem cultivo protegido irrigado, empresas de sistemas de irrigação que atuam com métodos de aspersão e localizado, além de agricultores em geral, que adotam irrigação na lavoura“, afirma o cientista da Embrapa.
Irrigação específica
De acordo com o diretor da empresaTecnicer, Luis Fernando Porto, o produto será versátil para atender às características de solo demandadas pelo mercado. “Usando o sensor Igstat desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação, Adonai Gimenez Calbo, o sistema vai promover uma irrigação específica, de acordo com cada tipo de cultura, porque será produzido com várias tensões de água no solo e a partir de uma demanda de mercado“, conta ele, ressaltando que o apoio do Senai está sendo fundamental para o desenvolvimento da inovação.
Sistema armazena dados
O Saci será composto de um sensor cerâmico de tensão de umidade do solo associado a componentes eletrônicos de automação sem fio, fonte de energia solar, rede elétrica ou bateria. Porto explica que a transmissão de dados poderá ser realizada por radiofrequência ou celular.
O aparelho terá resistência à umidade e choques, será de fácil manuseio e também reduzirá a lixiviação do solo e dos nutrientes e pesticidas, minimizando impactos ambientais e perdas econômicas. Além disso, vai facilitar a irrigação automatizada por não precisar de calibragens e permitir o armazenamento de dados sobre irrigação com facilidade.
Para a professora Tamara Maria Gomes, que integra a equipe da USP que vai realizar os experimentos em campo com o sensor, a expectativa é que o Saci apresente uma boa resposta na avaliação da umidade do solo e associe economia de água e energia com facilidade de manuseio.