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Solução inteligente e sustentável para irrigar a lavoura de café

 

Aldair José Ribeiro

Engenheiro agrônomo – Fazenda Platô Azul, Tiros (MG)

Cláudio Pagotto Ronchi

Engenheiro agrônomo e professor UFV ” Campus Florestal

claudiopagotto@yahoo.com.br

 

Reservatório com capacidade máxima para armazenar 100.000.000 litros de água. A novidade é que a água a ser armazenada será proveniente das chuvas, coletadas nos terreiros utilizados para a secagem do café - Crédito Cláudio Pagotto
Reservatório com capacidade máxima para armazenar 100.000.000 litros de água. A novidade é que a água a ser armazenada será proveniente das chuvas, coletadas nos terreiros utilizados para a secagem do café – Crédito Cláudio Pagotto

Cada vez mais a produção agrícola brasileira é limitada pelas condições climáticas adversas. Particularmente, no início deste ano de 2014, a cafeicultura foi assolada por um longo veranico, caracterizado por altas temperaturas, deficiência hídrica severa, baixa umidade relativa do ar e alta radiação solar.

Tomados em conjunto, esses fatores abióticos proporcionaram uma quebra muito significativa da safra atual de café (perda de rendimento e de renda do café), e também comprometeram o crescimento do cafeeiro, que afetará a safra do próximo ano.

Ressalta-se, entretanto, que as lavouras irrigadas foram menos prejudicadas por esse estresse. A irrigação, portanto, além de propiciar um efeito positivo (cientificamente comprovado em inúmeros trabalhos de pesquisa) no crescimento e produtividade do cafeeiro, permite minimizar os impactos do clima adverso sobre a cultura, assegurando produtividades razoáveis ou mesmo altas, comparativamente àquelas de sequeiro.

Lavoura de café - Crédito Cláudio Pagotto
Lavoura de café – Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto
Terreiro - Crédito Cláudio Pagotto
Terreiro – Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto
Crédito Cláudio Pagotto

Atualmente, o Cerrado mineiro possui uma área cultivada com café de, aproximadamente, 160 mil hectares, sendo 65% desta área irrigada. Mesmo diante dos grandes avanços na tecnologia de irrigação, a julgar-se pelos modernos e altamente eficientes sistemas de irrigação disponíveis no mercado, existe um fator altamente limitante na adoção desta tecnologia: a baixa disponibilidade de água para se irrigar as lavouras.

Solução

Visando contornar essa limitação ambiental, a Platô Azul, fazenda cafeeira situada no município de Tiros, região do Alto Paranaíba (MG), de propriedade do Sr. Elio Carneiro Júnior e família, investiu num projeto audacioso e pioneiro, para assegurar água suficiente para irrigar parte das lavouras, atualmente de sequeiro.

Ainda em fase de finalização, foi construído um imenso reservatório com capacidade máxima para armazenar 100.000.000 litros de água. A novidade é que a água a ser armazenada será proveniente das chuvas, coletadas nos terreiros utilizados para a secagem do café.

Esse projeto foi idealizado pela equipe Platô Azul, administrada pelo Sr. Elio Carneiro Júnior, pelo assistente técnico engenheiro agrônomo Aldair José Ribeiro, e pela família Carneiro. Isso foi possível, pois a Platô Azul dispõe de uma área de 50.000 m2 de terreiro asfaltado para secagem de café, que será utilizada para coleta de água.

Não obstante, a Platô Azul dispõe de 5.000 m2 de área de telhados (dos galpões próximos ao local de armazenamento), totalizando, portanto, 55.000 m2.

Considerando essa área de captação e o índice pluviométrico médio, registrado na própria fazenda nos últimos 45 anos, de aproximadamente 1.800 mm anuais, estima-se um potencial máximo de captação de 99.000.000 litros de água. Mesmo adotando o limite inferior de 1.500 mm anuais, espera-se coletar 82.500.000 de litros a cada ano.

Sustentabilidade

Uma grande preocupação é a minimização da perda de água do tanque por evaporação. Vale registrar que são 19.950 m2 de área superficial do reservatório. Logo, se houver uma evaporação de uma lâmina diária média de 4 mm, algo próximo a 29 milhões de litros de água serão perdidos anualmente.

Obviamente, a superfície do reservatório também foi contabilizada como área de coleta das águas das chuvas, o que compensaria (19.950 m2 x 1.500 mm de chuvas), exatamente as perdas por evaporação.

De qualquer forma, estratégias estão sendo investigadas para reduzir-se a evaporação da água do reservatório, como, por exemplo, a adição de substâncias para “impermeabilizar“ o espelho d´água. Essa substância funcionaria como a cutícula (camada de cera altamente hidrofóbica) depositada sobre a folha do cafeeiro, que dificulta fortemente a evaporação da água do interior da folha.

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