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Subsolador: Versatilidade na descompactação do solo

Fabiana das Chagas Gomes Silvafabianachagasfa@gmail.com
Thaís Vitória dos Santosthaisvitoria104@gmail.com
Tayna Amaro de Carvalhotaynacarvalho12@hotmail.com
Luana Keslley Nascimento Casaisluana.casais@gmail.com
Graduandas em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Luciana da Silva BorgesDoutora e professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)luciana.borges@ufra.edu.br

Crédito Paulo-Cesar-Trivelin

Conforme De Lima et al (2015), analisando níveis de compactação em diferentes classes texturais de solo em plantio de cana-de-açúcar, afirma que a cultura é uma das mais afetadas pela alteração das condições físicas do solo, atribui este fato em decorrência da colheita mecanizada, pelo fato da cultura produzir cana por diversas soqueiras (aproximadamente 05 ou 06).

Com isso se tem na área de plantio o elevado tráfego de máquinas ao longo dos ciclos de cultivo, e ainda segundo Filho (2015) ao sistema radicular da cultura que se desenvolve em maior profundidade em relação a outras, das quais 85% se encontram na camada de 50 cm de profundidade e 60% na camada de 20 a 30 cm.

As áreas afetadas tendem a apresentar severa compactação do solo ao final do ciclo que pode promover reduções superiores a 50% no volume de macroporos do solo. Por sua vez, essa alteração estrutural pode comprometer a sustentabilidade dessa atividade agrícola.

Nesse sentido, surge a subsolagem que pode produzir uma alteração significativa nas condições físicas do solo, pela criação de fraturas na camada compactada, proporcionando condições que permitam melhorarias nas condições do solo, objetivando o adequado desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar.

Os subsoladores são equipamentos preferencialmente indicados para a descompactação mecânica, devido à formação de fissuras com mínima mobilização do solo. Isso mantém grande parte da cobertura morta e tem pequeno impacto nos teores de matéria orgânica, reduzindo o escoamento superficial.

Para a cana

A cana-de-açúcar tem sistema radicular profundo. Trata-se de uma cultura perene, portanto, o planejamento operacional é tratado em três períodos distintos: o preparo do solo com plantio subsequente, a manutenção do canavial e a colheita.

Dentre os problemas causados pela compactação do solo, cita-se o aumento da resistência mecânica ao crescimento em profundidade das raízes das plantas; redução de ar no solo; disponibilidade de água e nutrientes para as plantas; sulcos de erosão; água empoçada; crosta superficial e fendas nos rastros dos pneus do maquinário. A partir disso, essa problemática pode gerar danos sérios à produção e produtividade da cultura.

Com isso, tem-se a importância da utilização de práticas que eliminem/minimizem a compactação do solo. Essas, por sua vez, quando realizadas da forma correta, irão promover a melhor circulação do ar e da água no perfil do solo e facilitar o aprofundamento radical das plantas, resultando em aumento da fertilidade potencial do solo.

Como implantar a técnica

A subsolagem é um processo agrícola que mobiliza o solo para quebrar as camadas compactadas, processo este que faz uso de um subsolador agrícola, implemento que pode ser arrastado ou acoplado ao sistema hidráulico de um trator de grande potência. Com ele é possível quebrar camadas do subsolo que podem restringir o crescimento de raízes.

De acordo com Simões (2011), o conhecimento do desempenho operacional de uma máquina agrícola tornou-se uma preocupação crescente e de suma importância, pois com o advento da mecanização, os custos de produção foram influenciados diretamente pela eficiência da máquina no campo. As operações agrícolas mecanizadas devem ser planejadas de forma racional, a fim de que haja aumento da rentabilidade no campo.

A compactação do solo influencia em todas as fases de desenvolvimento das culturas. Devido a isso, uma das primeiras etapas a se fazer é conhecer a localização e a intensidade da compactação do solo, para então iniciar as práticas de descompactação.

Um dos parâmetros mais utilizados para avaliar a intensidade da compactação do solo é a resistência do solo à penetração (RSP), medida por meio de penetrômetros, que indica a resistência exercida pelo solo à penetração de uma ponta cônica e pode simular a resistência que o solo oferece à penetração das raízes.

Nas áreas de reforma de canavial, a primeira operação é a eliminação das soqueiras de cana, feita após a colheita anterior. Esta operação pode ser feita com uma grade pesada, com enxadas rotativas ou utilizando-se herbicida. Caso seja detectada a ocorrência de compactação, a subsolagem é feita em seguida.

A próxima operação é uma aração seguida de gradeação niveladora para manter o solo destorroado, pronto para o plantio (De Oliveira Cruz & De Magalhães, 2013).

É importante levar em consideração alguns fatores antes da subsolagem, como por exemplo o tipo de solo a ser subsolado, já que a subsolagem não apresenta a mesma eficiência para diferentes tipos de solo; o custo em relação ao benefício que a subsolagem irá proporcionar futuramente, e ainda o conhecimento das características necessárias para a operação do equipamento, como a profundidade de trabalho, para não trabalhar abaixo da profundidade crítica e espaçamento entre hastes. É preciso proporcionar uma reestruturação completa do solo, dimensões e formatos de hastes, potência necessária, entre outras.

Porteira adentro

O rompimento das camadas compactadas do solo traz como benefícios imediatos a redução da densidade do solo, que diminui a resistência à penetração das raízes; aumento no volume dos macroporos, que melhora a aeração e a drenagem interna do solo; permite um fluxo vertical mais rápido da água, que diminui o escoamento superficial e o tempo de encharcamento do solo em áreas com declividade e planas, respectivamente. Tudo isso leva ao aumento da produtividade do plantio.

Dentre as vantagens dos subsoladores está a facilidade de penetração no solo. Por outro lado, suas limitações são a alta demanda de potência por haste (exige tratores com maior fonte de potência). A subsolagem do solo passou a ser uma operação obrigatória antes da implantação do sistema de plantio direto e, hoje em dia, é uma recomendação fundamental para o sucesso desse sistema.

Solo

Durante o preparo do solo deve-se atentar para a conservação do perfil, prevendo a execução de terraços e medidas que evitem as perdas de solo por erosão e escorrimento superficial de água. O preparo visa, também, contribuir com o controle de plantas daninhas e de algumas pragas de solo.

A profundidade da subsolagem diminui com o aumento da declividade do terreno, sendo este um fator limitante para a qualidade da operação de preparo mecanizado do solo. Pesquisas realizadas por Pereira et al. (2012) demonstram que declividades de até 40% permitem atingir a profundidade mínima de 0,50 m para a subsolagem.

Erros

O efeito do preparo do solo não depende apenas do implemento empregado, mas também da forma e intensidade de seu uso. Em muitas ocasiões, o efeito benéfico de determinado implemento pode ser anulado pelo seu uso inadequado ou excessivo. O preparo intenso do solo, além de ocasionar a aceleração do processo erosivo, resulta em sérios prejuízos às suas características físicas. Com isso, os benefícios da subsolagem não são duradouros se houver tráfego intenso posteriormente.

Normalmente as máquinas projetadas para revolver o solo pelo método convencional tendem a enterrar os resíduos culturais, ou seja, atuando contra os princípios dos sistemas conservacionistas de preparo. Além da falta de manutenção de cobertura na superfície do solo.

Erros em regulagens de máquinas são fatais para o resultado final. Operações de subsolagem exigem grande esforço na barra de tração, o que às vezes torna necessário a adição de peso (lastros) ao trator. Caso isso não seja observado, poderá ocorrer: diminuição da capacidade de trabalho do trator; redução da velocidade; aumento do consumo de combustível; aumento da patinagem e desgaste da banda de rodagem. A falta de conhecimento sobre a intensidade da compactação também pode induzir os produtores ao erro.

É desaconselhável o uso de subsolador que trabalha a altas profundidades no solo. A operação exige alta potência do trator, resultando, assim, em alto consumo de combustível. Também a utilização do equipamento em solos úmidos não é recomendada, visto que solos argilosos, por exemplo, são mais suscetíveis à compactação do que aqueles que têm textura arenosa.

Como evitar prejuízos

O uso do subsolador é recomendável, desde que a camada adensada seja superficial e fina. E para que os melhores resultados possam ser obtidos, os sulcos sucessivos devem estar separados a uma distância próxima à profundidade atingida. Devem ser considerados fatores como a compactação existente, estrutura e textura do solo, além de plantas de cobertura e teor de água.

É importante certificar-se da profundidade da operação, para não trabalhar abaixo da profundidade crítica; verificar se o espaçamento lateral entre os dentes está correto, para proporcionar uma reestruturação completa do solo; certificar-se que o subsolador esteja de acordo com o tamanho do trator; e trabalhar sempre na profundidade mínima exigida, para remover a compactação, de modo a maximizar a taxa de trabalho.

E, ainda, não trafegar ou cultivar o solo muito molhado; realizar o preparo do solo quando este estiver friável; controlar o tráfego de tratores fixando-se os rastros ou as vias de deslocamento na lavoura; planejar as operações fitossanitárias; usar pneus mais largos, com baixa pressão, rodados duplos ou esteiras; e usar implementos apropriados para o máximo cumprimento da tarefa.

A regulagem da profundidade deve ser feita ajustando a altura das rodas de controle, as quais podem ser de aço ou pneu. Nos subsoladores montados (acoplados ao sistema hidráulico) a profundidade de trabalho deve ser regulada apenas pela roda limitadora de profundidade, liberando todo o sistema hidráulico do trator, para evitar possíveis sobrecargas.

Estudos sobre os atributos físicos do solo influenciados pelo uso de plantas de cobertura e sistema de plantio direto mostram que as plantas de cobertura reduzem os riscos de compactação excessiva do solo, melhoram a estabilidade dos agregados, aumentam a concentração de carbono orgânico e a infiltração de água no solo. No plantio da cana-de-açúcar se faz a rotação de culturas para melhorar a qualidade do solo.

A combinação de sistemas de preparo menos intensivos e a manutenção de resíduos na superfície do solo podem contribuir decisivamente para a sustentabilidade da agricultura.

Custo-benefício

Devido ao fato de trabalharem a maiores profundidades, os subsoladores são equipamentos que exigem alto consumo energético para sua utilização, provavelmente o maior entre as operações agrícolas, tornando a operação mais onerosa. Com isso os produtores, por vezes, se questionam da real importância dessa operação.

A subsolagem é uma das operações mecanizadas tradicionalmente utilizada pelos agricultores antes do preparo do solo. Portanto, sugere-se a inversão da tradicional sequência operacional de subsolagem seguida de preparo periódico, uma vez que essas operações mobilizam previamente parte do perfil do solo a ser rompido pelas hastes subsoladoras, reduzindo, dessa forma, a ação das ferramentas, além de diminuir ou dispensar o tráfego dos maquinários para o preparo logo após a operação de subsolagem.

De acordo com Salvador & Mion (2009), a demanda energética por área foi menor na subsolagem realizada depois do preparo periódico do solo, proporcionando economia de 21,9%.

Os benefícios da prática de subsolagem, como descompactador do solo em plantio de cana-de-açúcar, são claros. Por isso, é preciso ter certeza da necessidade de se fazer a subsolagem, além da correta utilização do maquinário, visando sempre a menor ocorrência de erros, e estudos de todas as variáveis que possam influenciar negativamente nesta prática. Só assim se terá uma boa relação custo x benefício.

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