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Teca – desrama é fundamental no plantio

Paula Almeida Nascimento
Doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
paula.alna@yahoo.com.br

A teca é uma árvore nativa do continente asiático, bem conhecida mundialmente como madeira tropical de qualidade. Estima-se que milhões de hectares sejam cultivados com teca no mundo, sendo mais de 80% na Ásia.
No Brasil, são mais de 80 mil hectares de teca plantada, a maior parte encontrando-se no Estado do Mato Grosso. Os maiores produtores são Indonésia, Mianmar, Índia e Sri Lanka. Entre os importadores destacam-se Alemanha, Arábia Saudita, Austrália, Dinamarca, Emirados Árabes, Estados Unidos, Holanda, Itália, Japão, Reino Unido, Hong Kong e Cingapura.
No Brasil, os plantios de teca iniciaram-se no final da década de 60 na região do Mato Grosso, onde as condições climáticas são favoráveis. Assim, os tratos culturais com o reflorestamento de teca no Brasil surgem como uma ótima opção de investimento.

Tendências

De acordo com análises de mercado, haverá aumento de demanda de madeira de teca, então, é vantajoso o investimento no plantio da espécie florestal. No Brasil, na região de Mato Grosso o reflorestamento de teca obteve resultados satisfatórios, porque o ciclo de corte das árvores na região é de 20 a 25 anos.
Atualmente, a produção comercial de teca concentra-se em regiões da Ásia Tropical, seguida pela América Latina e depois África. A América Latina vem ganhando muito espaço no mercado devido à redução da oferta da Ásia e África.
O Brasil tem a maior área plantada da América Latina – são mais de 87.502 ha de plantações de teca, espalhados pelos Estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Acre, Goiás, Minas Gerais, dentre outros. O Mato Grosso, seguido pelo Pará, concentra mais de 90% da área plantada no País.
No Estado do Mato Grosso são mais de 89 mil hectares dedicados ao cultivo da espécie, sendo o estado considerado o terceiro maior produtor de teca da América Latina. A madeira produzida tem como principal destino o mercado internacional, especialmente a Ásia.

Oferta x demanda

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Atualmente, se colhe mais do que se produz, o que pode limitar a oferta num futuro próximo. Muitos produtores têm investido na madeira como forma de poupança, porém, ainda não é o suficiente para acompanhar a grande demanda internacional da teca.
O principal produto desta espécie é a madeira, muito utilizada na carpintaria, na marcenaria, na produção de peças de usos nobres e de móveis finos e indústria da construção naval. A madeira é muito bonita, resistente, durável e rústica e apresenta muito valor, mundialmente sendo muito procurada pelo continente europeu.
Assim, a madeira da teca é muito procurada para decoração de interiores luxuosos e mobiliário fino. Além do efeito decorativo, a madeira de teca é utilizada para as mais diversas finalidades: construção naval, laminação e compensados, lenha e carvão vegetal.
O cerne da teca não é atacado por cupins, carunchos ou outros insetos. É imune à ação dos fungos apodrecedores de madeira, pelo que pode ser enterrado, exposto ao tempo ou à água do mar, sem sofrer maior dano. A durabilidade do cerne deve-se à “tectoquinona”, um preservativo natural contido nas células da madeira.
Além disso, a madeira de teca pode ser empregada em vários nichos de mercado. Possui resistência aos raios de sol, alta e baixa temperatura, à água de chuvas e do mar, sem sofrer deformação. Com todos esses adjetivos, a teca é considerada uma madeira que apresenta demanda na marcenaria e carpintaria de alto padrão.

Versatilidade

Além dos produtos citados acima, algumas empresas do ramo de reflorestamento comercializam uma vasta linha de produtos, como assoalhos, decks modulares, lambris, lâminas faqueadas, móveis para a área externa, móveis para uso interior, painéis de sarrafos colados, pequenos objetos de madeira, ripas para o revestimento do convés de embarcações, pisos e tampos, bancadas para mesa, cozinha e banheiro. E também comercializa mudas para futuros investidores desse ramo.

Características

A teca é uma espécie com crescimento rápido e exige plena exposição à luminosidade, não tolerando qualquer forma de sombreamento. A árvore, quando adulta, atinge entre 25 a 35 metros de altura e diâmetro (DAP) de 100 cm ou mais.
Seu tronco é reto e revestido por uma casca espessa, resistente ao fogo. Perde as folhas durante a estação seca, pois se trata de uma espécie caducifólia. Possui excelente forma de fuste, com necessidade de realização de podas anuais para evitar nós na madeira e manter a boa forma. A teca pode ser plantada em sistema monocultura e também em sistemas agroflorestais e silvipastoris.
O plantio produtivo de teca necessita de precipitação entre 1.250 e 2.500 mm, com os meses mais chuvosos coincidindo com o período de temperaturas mais elevadas e período seco de três a cinco meses. A temperatura média anual deve ser superior a 24ºC ao dia e noturnas entre 22 e 31ºC.
O solo deve ser profundo, permeável, com capacidade de retenção de água, exigente em fertilidade. Não é recomendável plantar teca em regiões frias, pois ela é sensível à geada. Outra recomendação é evitar topografia com altas declividades ou tomar as medidas necessárias para que não haja processos erosivos (curvas de níveis e plantas de cobertura).
No cultivo de teca é necessário espaçamento amplo, requerido para o rápido crescimento das árvores, o que estimula a emissão de ramos, conferindo maior vigor e persistência. Então, o objetivo do reflorestamento é a produção de madeira limpa sem nós.

Podas

A poda dos ramos não deve exceder um terço da altura da planta. A primeira poda deve ser efetuada um ano após o plantio e recomenda-se o uso de serrote. O ramo deve ser cortado rente a sua inserção no tronco, procurando não danificar a casca.
Na teca, devem ser feitas de quatro a seis podas espaçadas de dois a três anos, que são suficientes para o ciclo de corte de 30 anos. Do chão, munido de um serrote instalado numa vara longa, é possível cortar ramos situados até seis metros de altura.
Por razões de ordem econômica, não se recomenda podar ramos situados mais acima. Condições inadequadas de solo, competição de gramíneas e outras ervas daninhas, desfolhamento por formigas ou lagartas, veranicos fortes, perda do ponteiro, desbastes intensos em povoamentos adensados, entre outros, estimulam a brotação das gemas que existem latentes (adormecidas) ao longo do tronco, exigindo podas adicionais.
Desta forma, a árvore necessita de mais espaço, solos com fertilidade, água e nutrientes. Em termos aéreos, para desenvolver a copa e realizar a fotossíntese e a transpiração, o desbaste ou raleamento tem o objetivo de reduzir o número das árvores do reflorestamento, de forma que as remanescentes disponham de mais espaço para continuarem crescendo.
As plantações de madeira para serraria e laminação, o ganho das árvores em diâmetro deve ter prioridade sobre o incremento em altura. Assim, os desbastes promovem o maior incremento em volume distribuído pelo menor número de árvores no menor tempo possível.

Desrama

A desrama tem o objetivo de melhorar a qualidade do fuste pela eliminação dos nós indesejáveis no beneficiamento da madeira de teca. Ela consiste na remoção dos ramos laterais até certa altura, sem afetar a formação da copa, para o bom crescimento da árvore e no corte dos ramos rentes à sua inserção no tronco, procurando não danificar a casca, tornando a madeira livre de nós e outras deformações.
A desrama deve ser realizada com os galhos ainda pequenos, 2,5 cm a 3,0 cm, para reduzir custos, independentemente da época do ano. No caso de galhos com diâmetro superior a 3,0 cm, a desrama deve ser realizada na época de menor crescimento das árvores, ou seja, na época seca.
Logo após o plantio, algumas mudas de teca poderão emitir mais de um broto, que tomará a direção vertical e competirá com o caule principal. É preciso podá-lo antes que engrosse muito e comprometa o alinhamento e a resistência da planta. Após a fase de mudas, a primeira desrama é recomendada quando as árvores atingirem de 3,0 a 4,0 metros de altura, com remoção do terço inferior da copa.

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