De acordo com a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada no último dia 8 de fevereiro, a produção de grãos no país deverá registrar uma queda acima de 6,3% na comparação entre o atual ciclo 2023/2024 e o anterior (2022/2023). O dado retrata o impacto mais contundente do fenômeno climático El Niño sobre a economia brasileira.
As condições climáticas ocasionadas pelo fenômeno El Niño, como chuvas escassas e mal distribuídas, altas temperaturas na região central do país, além de precipitações volumosas no Sul, provocaram o atraso do plantio o que deve resultar numa redução de 23 milhões de toneladas. Em Goiás, por exemplo, as perdas podem variar entre 15% e 23%, em 2024, segundo os dados divulgados no Balanço da Expedição Safra Goiás, da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), apresentados no último dia 22 de janeiro. Mas as perdas poderiam ser ainda maiores, se não fosse justamente o fator que tem feito do agronegócio brasileira uma potência no mundo: a alta tecnologia agregada a seus processos.
O engenheiro agrícola e gerente comercial da Pivot Máquinas Agrícolas e Sistemas de Irrigação, Ivanildo Carrilho, explica que os dispositivos de diagnóstico e análise embargados nos maquinários agrícolas ou então presentes nos modernos sistemas de irrigação trazem uma série ferramentas que otimizam a produção, mesmo frente à instabilidade climática trazida pelo El Niño. “Hoje a tecnologia empregada na produção agrícola está numa era totalmente digital, de forma que o produtor tem acesso a uma vasta quantidade de informações e análises que auxiliam na gestão do plantio e da colheita. São relatórios com mapas climáticos, análises de solo, detalhamento da produtividade hora a hora, sistemas de irrigação que otimizam o uso dos recursos hídricos, e tudo isso pode ser programado e operado de forma remota, usando um aparelho de celular”, descreve o especialista.
Irrigação
Ivanildo Carrilho cita como exemplo os modernos sistemas de irrigação por pivô, em que se é possível, mesmo num momento de escassez de chuva, atender a demanda de água da planta na hora certa. “Quem tem sistema de irrigação e já trabalha com ele consegue manter uma alta produtividade mesmo com eventos climáticos adversos. Quem não tem, vai sempre atrasar o plantio ou correr risco de fazer uma segunda produção”, relata o gerente da Pivot.
Ele lembra também que a implementação dessas soluções tecnológicas para a irrigação agrícola, não apenas aumenta a produtividade, mas também contribui para uma agricultura sustentável, já que promove um uso da água totalmente racional, sem desperdício. “Hoje, você tem sistemas de irrigação que são interligados a plataformas digitais que fornecem aos produtores as informações necessárias para auxiliar nas decisões de irrigação mais assertivas e eficientes. Um exemplo é a FieldNET, uma plataforma digital desenvolvida pela Lindsay, nossa grande parceira na comercialização de pivôs centrais. Ela traz uma ferramenta chamada WaterTrend, que por meio de dados científicos, exibe um panorama de 7 dias de previsão de uso de água da cultura e níveis de precipitação, levando em consideração as quantidades de chuva previstas, o estádio de crescimento da planta e as informações de uso de água da cultura específicos de cada campo”, detalha o especialista.
Maquinários
Outro exemplo de como a tecnologia ajuda a reduzir as perdas agrícolas está no processo de colheita dos grãos que utilizam sensores inteligentes e sistemas de monitoramento remoto para otimizar o recolhimento dos alimentos nas plantações. Segundo o engenheiro agrônomo e gerente corporativo da Pivot, Adriano Rodrigues, com a utilização das colheitadeiras de última geração é possível mensurar a diferença de cada coleta realizada pelo equipamento. “Ao realizar a leitura dos dados de forma correta no equipamento, o produtor identifica a necessidade de corrigir erros e evita desperdícios dos alimentos reduzindo consideravelmente suas perdas”, esclarece.
Adriano também destaca que todos os processos de automação oferecidos nos modernos maquinários agrícolas de hoje, não apenas reduzem as perdas durante a colheita, mas também permitem uma gestão mais eficiente da mão de obra, otimizando os recursos disponíveis.