Autores
Arthur Henrique Cruvinel Carneiro
Técnico em Agricultura e Zootecnia (IFMG) e engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
arthurhcruvinel@hotmail.com
Amanda Carvalho Penido
Engenheira agrônoma e Mestre em Fitotecnia (UFLA)
Laís Sousa Resende
Engenheira agrônoma e Mestre em Fitotecnia (UFLA)
O tratamento de sementes consiste na utilização de produtos químicos ou biológicos com o objetivo de eliminar fitopatógenos, principalmente fungos associados às sementes ou aqueles presentes no solo. Atualmente, além do tratamento convencional com fungicidas e inseticidas, tem crescido a comercialização de produtos contendo micronutrientes essenciais às plantas via semente.
Importância
A importância dos micronutrientes pode ser entendida por meio das funções desses no metabolismo das plantas, atuando principalmente como catalisadores de várias enzimas. Dentre eles, o boro (B) e o zinco (Zn), de acordo com Malavolta, são considerados extremamente importantes para a cultura do milho, sendo que a deficiência desses elementos é muito comum nos solos brasileiros, manifestando-se em grande parte das áreas ocupadas com a cultura.
O zinco (Zn) auxilia na síntese de substâncias que atuam no crescimento e nos sistemas enzimáticos, além de ser essencial para a ativação de certas reações metabólicas. No caso da soja, os micronutrientes como o molibdênio (Mo) e o cobalto (Co), são essenciais, pois possuem participação direta na fixação biológica de nitrogênio (FBN).
Tratamento de sementes
O tratamento de sementes com micronutrientes tem por objetivo fornecê-los as plantas, principalmente onde a presença desses está abaixo do que é exigido pela cultura e quando a presença desses elementos é reduzida nas sementes.
A utilização de micronutrientes e enraizadores no tratamento de sementes potencializa o desenvolvimento inicial de diversas culturas. As principais espécies que têm mostrado bons resultados com o tratamento de sementes com micronutrientes são as forrageiras recobertas; olerícolas em semeadura direta no campo, e grandes culturas, principalmente soja e milho.
E a dose?
A dose recomendada depende da formulação do produto a ser utilizado e varia também de acordo com a espécie. O volume recomendado para a cultura da soja, segundo França Neto, é de 600 ml/100 kg de sementes, com produtos de formulação de pó seco. Atualmente, os produtos têm sido formulados com a presença de corantes e polímeros e segundo França Neto, dependendo da formulação tem se utilizado calda de até 1.100 ml/ 100 kg de sementes. Porém, vale ressaltar, que as sementes devem ter alta qualidade fisiológica para evitar a fitotoxicidade às sementes e às plântulas.
A dosagem recomendada para o tratamento via semente com é realizada na necessidade de cada cultura por hectare, geralmente em ml.ha–1. Por exemplo, em sementes de milho onde a comercialização é feita por meio do número de sementes, o cuidado deve ser maior ao recomendar a dosagem, pois o tamanho da semente pode influenciar na concentração do produto e causar maior fitotoxicidade no caso de sementes menores. Além disso, deve-se atentar ao tipo de produto a ser empregado e suas respectivas concentrações (de micronutrientes e ingrediente ativo) e dos resultados da análise de solo, que quantifica os teores de micronutrientes pré-existentes no solo.
Manejo
O tratamento de sementes pode ser realizado de duas maneiras: o chamado tratamento industrial (TSI) feito na indústria e o tratamento “on farm” realizado na própria fazenda. Nos últimos anos, tem crescido a utilização do TSI pelos produtores, visto que esse tipo de tratamento confere maior uniformidade, melhor recobrimento e distribuição correta do produto na semente. Além disso, o tratamento de sementes realizado na indústria proporciona maior comodidade aos produtores e reduz também o risco por intoxicação.
Primeiramente, o produtor deve comprar um produto de qualidade, analisando qual pacote de produtos atende a sua necessidade. É possível fazer a aplicação sequencial nas sementes de diferentes produtos, como fungicidas, inseticidas, nematicidas, hormônios, filmes de recobrimento e grafite, desde que não haja a mistura desses produtos no tanque.
É de grande importância, também, ter cuidado com o volume da calda. Grande quantidade de calda pode causar danos nas sementes, já que as altas concentrações de sais próximas às sementes prejudicam a emergência das plântulas. Em contrapartida, em baixas concentrações o produto não terá efeito de proteção na semente durante o processo de germinação e no desenvolvimento inicial das plântulas.
Vantagens
O plantio de uma lavoura é essencial para garantir o bom estande de plantas e, consequentemente, uma boa produtividade. O uso do tratamento de sementes é utilizado por produtores que garantem que o procedimento faz toda a diferença no campo.
Além disso, o uso dessa tecnologia atua também contra o ataque inicial de pragas específicas do solo, protegendo as plântulas nos primeiros estágios de desenvolvimento. Outra característica importante é a redução da exposição do produto no meio ambiente, isso se deve a área de contato ser menor quando comparada a aplicação com pulverização foliar ou granulados no sulco de plantio.
Viabilidade
Segundo dados da Embrapa Soja, o custo para o tratamento de sementes na cultura da soja representa um valor de 0,3% do custo total de produção. Apesar desse valor ser variável para outras culturas, o custo-benefício se mantém baixo.
O tratamento apresenta inúmeras vantagens, como fácil execução, aplicação localizada e uso de baixas doses, proteção no estabelecimento da lavoura, menor custo, e baixo impacto ambiental.