Café, queijo, doce, cachaça, cerveja…e por que não vinho. Na última década, as terras mineiras que tanto encantam com seus sabores e delícias têm conquistado espaço na gastronomia nacional também como o novo terroir produtivo de vinhos finos. O estado tem hoje pelo menos 48 vinícolas em atividade ou em fase de estruturação e é considerado o sétimo maior produtor nacional de vinhos.
Um cenário favorável e que tem atraído cada vez mais a atenção de investidores, consumidores e apaixonados por vinhos, principalmente os incentivadores de safras made in Brasil. É o caso dos organizadores do Brasil na Taça que escolheram Minas Gerais como ponto de referência para expandir um dos eventos que mais valoriza a produção nacional. “O Brasil na Taça nasceu com o objetivo de mostrar toda a diversidade dos vinhos brasileiros e ainda colocar o consumidor final em contato direto com os produtores”, afirma o sommelier e um dos organizadores do evento, Emerson Rodrigo Greggio.
Uberlândia será a primeira cidade mineira a receber uma edição do Brasil na Taça, que acontece desde 2018 em Campinas (SP) e tem como foco mostrar a diversidade e a qualidade dos vinhos brasileiros. O Brasil na Taça acontecerá no dia 18 de maio no Diamond Place Eventos, das 17h às 22h, em formato de degustação e venda de produtos. Nesta primeira edição em Minas Gerais, o Brasil na Taça contará com até 20 expositores de vinhos, além de uma área destinada a gastronomia artesanal local. Serão mais de 150 rótulos para degustação. A programação contempla ainda rodada de negócios, duas master classes com enólogos e visitação a uma vinícola da região (essas últimas atividades serão em dias distintos).
“O Brasil na Taça é uma ótima oportunidade para que o público tenha contato com vinhos de outras regiões brasileiras e possa compartilhar suas percepções sensoriais com produtores, enólogos, sommeliers, revendedores e tantos outros profissionais do vinho”, aponta Emerson Greggio. “Para o produtor, o evento é interessante pois possibilita ter o respaldo do que o consumidor está sentindo sobre o seu produto”, completa o sommelier Rodrigo Raniero, proprietário da loja Uainecave e que formou parceria com Greggio para trazer a edição do evento a Uberlândia.
Os ingressos para o evento já estão disponíveis no site da Sympla (veja endereço abaixo). O público é limitado. Cada participante receberá um voucher de R$ 30 que poderá ser revertido em compra, além da taça personalizada do evento.
Segundo os organizadores, a escolha de Uberlândia para sediar a primeira edição do evento fora do Estado de São Paulo se deve à localização estratégica, o perfil de público e a diversidade da economia local. A intenção é expandir o Brasil na Taça para regiões distantes das metrópoles e que tenham potencial e o interesse pela vitivinicultura. “O enoturismo é um mercado que tem ganhado bastante espaço no Brasil. E nós temos uma grande vantagem, na maioria das vinícolas ainda é o produtor que recebe o cliente”, diz Emerson Greggio.
A região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba já conta com vinícolas nos municípios de Araxá, Cruzeiro da Fortaleza, Patos de Minas, Patrocínio, Serra do Salitre, Sacramento e Uberaba. Algumas delas já fazem sucesso junto aos paladares mais exigentes. O Sabina Syrah, da vinícola Sacramentos Vinífer, por exemplo, foi escolhido o melhor vinho tinto brasileiro em 2023 pelo Guia Descorchados. A marca já havia alcançado o primeiro lugar no ano anterior.
E o sucesso da produção de vinhos nessa região atrai cada vez mais investidores. Em Uberlândia, principal cidade da região, já existe um grande empresário local iniciando a atividade.
Minas
A produção de vinho em Minas Gerais ocupa posição relevante no cenário da vitivinicultura brasileira, especialmente por conta de um fator peculiar que revolucionou o setor. Minas foi o primeiro estado do Brasil onde a técnica da dupla poda ou poda invertida foi aplicada para a produção de uvas viníferas. O método foi prescrito pela Epamig. Assim, a inversão do ciclo da videira permitiu que a colheita fosse feita no inverno, como acontece nas vinícolas do Hemisfério Norte.
Esse mecanismo permitiu que Uberaba, em pleno Cerrado, tivesse sua primeira vinícola, a Arpuro. Outras regiões do estado e do Brasil onde as temperaturas eram uma barreira para viticultura têm adotado a dupla poda. Com o investimento em tecnologia e a diversidade geográfica – solo, clima e altitude -, o Brasil consegue produzir uvas o ano inteiro. “Somos o único do mundo a produz uvas o ano todo. Isso faz do Brasil um novo mundo dentro do novo mundo do vinho”, diz Greggio.