“É possível transformar Solos arenosos variando entre 4% e 10% de argila somente, através de foco, planejamento, estratégia é possível chegar lá”, afirmou Ricardo Campelo Pereira, engenheiro agrônomo da Regenative Cotton Priority (RCP), em Nova Mutum, MT. Ele mostrou isso com resultados em Fazenda que trabalha em Mato Grosso.
Um projeto considerado ‘intuitivo’ por Pereira, durou 18 meses, com a introdução do estilosante no sistema de produção em março de 2022; milho verão em dezembro de 2022; e soja em outubro de 2023 e/ou algodão em dezembro de 2023. “Por meio de troca de experiências entre pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste com os técnicos da Fazenda do produtor Shunji Hisaeda, evoluímos muito no processo”, garantiu Pereira.
O uso de estilosantes Campo Grande foi um dos componentes práticos da agricultura regenerativa em solos arenosos e transformou aquele ambiente. Quando ele chegou em MT, em 2000, os relatos dos solos arenosos eram de que em solos com menos de 25% de argila era inviável o cultivo da soja. “Era muito difícil a construção de ambiente favorável para as plantas de soja no cerrado e com alta presença de nematoide Pratylenchus”, disse e afirmou que “o tempo é a melhor ferramenta para se ter sucesso em solos arenosos”.
Ao iniciar plantios de culturas exigentes em solo arenoso, ele aconselha cuidar da parte química, física e biológica do solo, para depois se pensar em outros fatores. Para ter o potencial máximo de produtividade, é necessário levar em consideração temperatura, condições climáticas (chuva, regime pluviométrico para cada região) e a genética da cultura.
Fatores limitantes como água, nitrogênio, fósforo também precisa estar em ordem. Lembrando que cada região do Brasil possui uma característica diferente de solos arenosos. “Para ter cultura exigente em um solo arenoso, é preciso pensar na proteção do solo, microrganismos, atividade de nitrogênio no sistema, matéria seca, matéria orgânica, tudo que favorece o desenvolvimento e a finalidade que é a produtividade”.
Solos arenosos precisam, no mínimo, de 10 toneladas de matéria seca para que seja sustentável ao longo dos anos. Na safra 2012/2013, a produtividade da soja foi de 49 sc/ha, tendo o sorgo granífero como planta de segunda cobertura. Em outras safras tentaram milheto, crotalária ochroleuca consorciado ao sorgo palo alto e somente o sorgo palo alto. Foi quando decidiram entrar com o estilosante Campo Grande (cultivar da Embrapa) conseguindo uma produtividade da soja com 61 sc/ha.
Utilizaram o sistema Mirai, que é a combinação de milho verão com estilosante Campo Grande, que resulta em mais de 10 quilos de matéria seca. Os estilosantes formam alto suporte de matéria seca, propiciam formação de nitrogênio, de micorrizas, controla Pratylenchus. O híbrido de milho que escolhem é o de alto teor de matéria seca. A ciência, como a Embrapa e a Aprosoja, dá o aporte de conhecimento para nós”, contou Pereira.