Os problemas fitossanitários que ocorrem no milho safrinha são variáveis dependendo de chuvas e de temperaturas. Mas,observa-se maior incidência de cercóspora, ferrugem polissora, HT, phaeosphaeria, mancha branca, diplódia e fusarium, variando também de acordo com os materiais plantados no ano.
Para Emerson Vitório dos Santos, técnico em agropecuária e consultor técnico da Integrada Cooperativa Agroindustrial, quando se trata de aplicação de fungicidas, o melhor resultado sempre se dá com a prevenção, cuja eficácia é superior. “Na região de Ubiratã (PR) e nas cidades mais próximas, o milho safrinha é plantado antes de outras regiões. Dia 15 de janeiro iniciou o plantio em menor quantidade e terminou em torno de 05 de fevereiro. A colheita começará a partir de meados de julho e seguirá até final de agosto. Isso acontece devido ao plantio de soja verão, que é bem antecipado, e aos materiais de ciclo mais rápido“, informa.
Segundo ele, quanto antes o produtor iniciar o plantio de milho safrinha, melhor. “Quando plantamos o milho mais cedo, a pressão de percevejo é baixa,sendo este o maior inimigo e o pior problema de controle da cultura. Já se plantado mais tarde um pouco, a pressão de percevejo é bem mais forte. Isso em se tratando do Paraná“, define.
Já no inverno as condições climáticas são temperaturas mais amenas, a lavoura já está em fase mais adiantada de reprodução e as temperaturas ficam mais baixas, fazendo com que a pressão por pragas seja maior, especialmente a cercóspora, trazendo grandes perdas, e a pinta branca, que surge mais no final do ciclo do milho.
Emerson Vitório diz que esta é uma doença de difícil controle com os produtos disponíveis no mercado, e no Paraná a pressão de fungos no milho safrinha é muito maior por questão de temperatura na fase que a lavoura está mais adiantada. “Isso porque quando a planta entra em sua fase reprodutiva, elatende a ficar mais vulnerável por direcionar suas forças mais para a produtividade“, explica.
É importante lembrar que as doenças iniciais, como a ferrugem polissora, que é a mais agressiva entre as ferrugens, se desenvolve melhor com temperaturas mais altas, mas é bem controlada com fungicidas.
Quando iniciar as aplicações
Visando à produtividade, atualmente os produtores estão investindo um pouco mais em genética, que propicia maiores tetos produtivos e viabilizam o cultivo. “Em geral, os produtores têm feito duas aplicações de fungicidas, sendo a primeira a chamada ‘altura limite do trator’, para aqueles que não querem quebrar as plantas e não contam com os pulverizadores autopropelidos“, esclarece o técnico agrícola.
A segunda aplicação acontece no chamadopré-pendoamento. De acordo com Emerson Vitório, alguns materiais têm mais tolerância a doenças, e por isso exigem apenas uma aplicação, que pode ser feita na primeira ou segunda fase.
“Como estamos em uma região muito privilegiada, onde já fizemos até três safras em um ano com as culturas de soja, milho e trigo, por exemplo, o produtor em geral investe bem. Como ele já tem consciência de fazer o certo, posso dizer que 99% dos nossos produtores associados fazem a aplicação preventiva, que tem melhor resposta e menor custo“, diz.
Como a genética evolui para o potencial produtivo, não se consegue proteção contra todas as pragas e doenças, algumas vezes ocasionando problemas na qualidade dos grãos em decorrência de doenças, como a doença do colmo, e às vezes até do sabugo ou das folhas, acarretando em perda de produtividade.
O que levar em conta
Ciclo, potencial produtivo e rusticidade são os três fatores de maior importância no cultivo do milho, além da adaptabilidade e estabilidade do material. Infelizmente, lamenta Emerson Vitório, o produtor não consegue conciliar todas as características importantes, então automaticamente ele sabe que terá que fazer um investimento maior em fungicidas. “Tem produtores que fazem até três aplicações para materiais bem produtivos e rápidos“, conta.
Se o produtor optar por materiais mais rústicos e de ciclo maior, com certeza pelo menos uma aplicação ele fará. Mas se ele fizer duas aplicações, com certeza um incremento melhor ele terá, segundo informa o especialista.
Em uma análise simplista, Emerson Vitório diz que, fazendo uma aplicação, o produtor terá incremento de 30 a 40 sacas por alqueire, enquanto a segunda aplicação traria de 20 a 30 sacas por alqueire e a terceira mais 20 sacas de incremento produtivo. Entretanto, ele pontua que não é viável fazer três aplicações fúngicas, pois o retorno não será significativo. A dica, portanto, é investir em um material de ciclo rápido para não correr risco, e em seguida plantar trigo para fazer uma terceira safra, e então realizar apenas uma aplicação.
Custo
O custo da aplicação também vai depender do fungicida, mas deve ficar entre R$ 150 a R$ 250 por alqueire. “Quando o produtor fizer o plantio da soja, ele já deve estar planejando o que fará no milho, levando em conta as tolerâncias de cada tipo de material a determinados tipos de doenças“, recomenda Emerson Vitório.
Se o plantio foi de 15 a 30 de janeiro, por exemplo, a preferência deve ter sido por materiais que considerem pontos importantes dentro daquele planejamento, como maior tolerância às doenças quando estiver em período de pendoamento, como polissora e HP, as quais conseguem se desenvolver com a temperatura amena e um pouco mais alta.
Já quando o plantio for mais tardio, ou os materiais forem de ciclo mais longo, é importante considerar a maior tolerância para cercóspora, pinta branca, diplódia, dentre outros. “A resistência varietal é muito importante, porque tem materiais que não têm resistência, e mesmo com as aplicações ainda podemos ter problemas“, finaliza Emerson Vitório.