É um esforço da comunidade internacional, Organização das Nações Unidas (ONU), colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. Este importante tema chama a atenção para iniciativas que podem contribuir para a melhor utilização da água, principalmente no agronegócio. Uma das ferramentas mais eficientes neste sentido é a irrigação.
Mas irrigar de maneira inteligente e eficiente não é apenas molhar as plantas, é preciso uma verdadeira gestão do recurso, disponibilizando ele no momento certo, na quantidade necessária no local exato. Afinal, ao aplicar água em alta quantidade, por exemplo, ou no momento em que não é necessário, além de poder causar estresse por excesso hídrico na cultura, comprometendo sua produtividade, o agricultor aumentará os custos e consequentemente terá maior desperdício dos recursos.
O Brasil conta hoje com cerca de 8,2 milhões de hectares (ha) irrigados, o que corresponde a 13,24% da área total agrícola, uma realidade ainda muito pequena em relação a outros países. Segundo dados da International Commission on Irrigation and Drainage (ICID), a China é o país com maior área irrigada do mundo, com 65 milhões de hectares, seguido da Índia, Estados Unidos e Paquistão, esse último com 19 milhões de hectares irrigados. Entretanto, o Brasil tem potencial para atingir 55 milhões de ha, apenas sobre áreas que já estão em uso. Mas como expandir a operação sem comprometer os outros usos de recursos hídricos? Por meio da tecnologia.
Com o objetivo de acelerar esse ganho tecnológico, a Lindsay, empresa que produz uma linha completa de sistemas de irrigação, representada pelas marcas Zimmatic™ e FieldNET™, deu início recentemente a um projeto de intercâmbio de conhecimento. A subsidiária brasileira da multinacional americana passou a ser responsável pelas ações da América Latina. Ou seja, o Brasil pode ensinar e aprender com os países vizinhos.
O tema, inclusive, foi recentemente pauta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) que afirmou que a América Latina e o Caribe podem se consolidar como a principal região exportadora líquida de alimentos do mundo se melhorarem a produção. A declaração foi feita durante a abertura da reunião de alto nível da 37ª Conferência Regional da FAO. “A irrigação pode consolidar essa posição, garantindo não só a produção necessária como mitigar riscos climáticos, como o La Niña, mas também aumentando a relevância Latino Americana no mundo. Além disso, os revendedores têm muito a colaborar entre si para trocar experiências e esse é nosso papel aqui, multiplicar conhecimento e ampliar o uso da tecnologia”, afirma Cristiano Trevizam, diretor de vendas & marketing para América Latina da Lindsay.
Troca de conhecimentos
De acordo com Luis Mendez, gerente de irrigação internacional e responsável pela América Latina e Caribe da empresa, há muitas diferenças nas características da atividade no Brasil em relação aos países vizinhos. “Por exemplo, na Argentina há água de superfície ou de subsolo, enquanto no Uruguai tem que represar o recurso da chuva para irrigar no verão, de tal forma que a fonte de água lá é restrita e finita”, destaca.
Ainda segundo o especialista, de modo geral a América Latina tem mercados maduros no campo para a irrigação por pivô, portanto, o potencial na região é muito grande. Isso porque a técnica serve como um seguro para evitar perda da safra devido às condições climáticas e ainda permite aumentar a produção, tornando o campo mais rentável. “Temos grandes oportunidades nessas áreas, principalmente com os vizinhos Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile. Por serem mercados que possuem vantagens logísticas e, em alguns casos também, de acordos comerciais bilaterais”, diz Mendez.
Tecnologia para gestão da água
Durante o crescimento das culturas, cada uma delas expressará demandas hídricas diferentes de acordo com seu estádio fenológico. Ou seja, manter a mesma quantidade de lâminas e o mesmo intervalo de aplicações pode resultar em um maior consumo e desperdício de água, principalmente quando não se leva em consideração o recurso presente no solo ou ainda as chuvas previstas.
A maior economia de água consiste em acertar o momento correto que a planta precisa e na quantidade exata, sempre aproveitando o recurso que já está disponível no solo. Uma das ferramentas eficientes hoje nesse sentido é o FieldNET Advisor. Com gerenciamento remoto, a solução foi desenvolvida pela Lindsay e é totalmente integrada à já reconhecida e consagrada plataforma FieldNET, também da marca.
A solução fornece informações precisas e objetivas de irrigação aos produtores e ainda mostra se os pivôs estão operando como o programado, auxiliando-os nas tomadas de decisões. Com o FieldNET Advisor a ideia é aplicar realmente o necessário, permitindo que as plantas se desenvolvam sem entrar em estresse hídrico.
Ele também fornece dados precisos e simplificados para o manejo do irrigante com grande assertividade. “Esta é uma ferramenta agronômica, que agrega no manejo do nosso cliente. Assim como o próprio FieldNET que há mais de 10 anos é reconhecido mundialmente por sua eficiência e simplicidade de operação integrada, onde os produtores, na mesma plataforma, realizam o gerenciamento dos seus equipamentos e o manejo da área irrigada”, diz Trevizam.
A ferramenta funciona de forma muito simples: basta o produtor inserir a cultura e suas características, o tipo de solo e as datas de plantio e o FieldNET Advisor combinará automaticamente esses dados com informações meteorológicas precisas e dados históricos de irrigação do campo. Em seguida, por meio de modelagem ele monitorará o crescimento da cultura e a profundidade das raízes para verificar a quantidade de água disponível no solo para a cultura e prever assim as necessidades futuras de água da lavoura, a quantidade e o momento ideal para a irrigação, visando atingir a máxima produtividade.
Futuro mais próximo
A próxima grande revolução da irrigação será com os pivôs inteligentes, projeto que a Lindsay está empenhada. A meta é desenvolver uma nova categoria mecanizada e autônoma. O equipamento vai além da aplicação e gerenciamento de água tradicional, alcançando e fornecendo uma ampla gama de dados sobre a saúde das lavouras e o desempenho do pivô. A ideia é disponibilizar, simultaneamente ao produtor, informações precisas gerando não apenas economia comprovada de água, energia e outros insumos, como fertilizantes e defensivos agrícolas.
A nova solução reunirá imagens de satélite, aéreas, sensores e câmeras embarcadas no pivô para detectar anomalias em campo, ajudando a tornar mais fáceis as decisões de todo o manejo da lavoura, não apenas da irrigação, otimizando o uso do equipamento. O conceito apresentará a agronomia avançada e diagnósticos preditivos de saúde da máquina com os recursos de telemetria Zimmatic, projetados para entregar safras mais rentáveis e práticas agrícolas mais sustentáveis, expandindo significativamente o que o pivô tradicional é capaz.