Pela primeira vez em mais de 90 anos desde que uma mutação espontânea gerou a Uva Niagara Rosada de Jundiahy, um produtor de Jundiaí vai colher até nove mutações da espécie nos próximos dias, entre elas a primeira safra da Niagara sem semente.
“A Uva Niagara sem semente representa um marco na produção e na comercialização de uva em Jundiaí. Até porque a nossa uva oferece um aroma atraente muito característico que muitas uvas sem semente do mercado, como a Victória, não oferecem”, disse Eduardo Alvarez, gestor de Agronegócio, Abastecimento e Turismo.
As variedades estão no sítio do produtor Anderson Tomasetto, no bairro Traviú. Todas as mutações surgiram espontaneamente. Ao todo, serão colhidas nove variedades da Uva Niagara, como a Niagara Branca (original) e a Niagara Rosada, que são amplamente conhecidas do público, mas também mutações que só existem em Jundiaí, como a Niagara Rosada Gigante, Niagara Rosada Oval, Niagara Branca Oval, Niagara Branca Gigante, Niagara Rajada ou Mesclada, Niagara Rosada Steck e a Niagara Rosada sem sementes. O produtor também é parceiro do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) no desenvolvimento dessas variedades, principalmente a Niagara sem semente.
“A variedade Steck, por exemplo, que tem uma cor parecida com cobre, não era vista dando frutos desde os anos 1950. Com essa produção, conseguimos preservar a história de uvas que surgiram aqui em Jundiaí. E, também, mandar para o mercado uma variedade que é tendência, que são as uvas sem semente”, reforça o produtor.
São apenas seis pés da Uva Niagara Rosada sem semente. “Nosso objetivo é levar alguns desses cachos à Festa da Uva do ano que vem para os consumidores conhecerem. Com os anos e a expertise, conseguiremos ampliar a produção”, reforça Anderson.
A Uva Niagara Rosada de Jundiahy surgiu em 1933, quando uma mutação somática (da Niagara Branca) deu origem a ela no sítio do Comendador Antonio Carbonari, que dá nome ao Parque da Uva. A safra 2023/2024 da Uva Niagara Rosada Jundiahy foi a primeira depois que a fruta plantada na cidade recebeu a Indicação Geográfica (IG) do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na categoria Indicação de Procedência. Trata-se do 102º registro brasileiro no INPI, o primeiro para uma uva paulista.