O Brasil é o maior produtor de açúcar do mundo com mais de 38 milhões de toneladas comercializadas na safra 2020/2021, tanto no mercado interno como para diversos outros países. Grande parte desta produção tem como destino a indústria de alimentos ou é direcionada para utilização como substrato em processo de fermentação.
Porém, o que muita gente não sabe é que o açúcar, um produto natural e oriundo de um dos sistemas mais sustentáveis da agricultura brasileira, pode ser aplicado em vários setores e na confecção de outras numerosas mercadorias. Hoje, já existem diferentes segmentos e empresas, com tecnologias específicas, que utilizam o açúcar como matéria-prima. Entre eles estão o automotivo, farmacêutico, da moda, da construção civil e de alimentos para animais.
“Como é um substância pura, é possível aplicar diferentes tecnologias para modificar o seu estado e diversificar o seu uso”, comenta Sidnei Sangali, gerente comercial de açúcar para o mercado interno da Copersucar, maior comercializadora de açúcar e etanol do mundo.
Um caso do cotidiano é o uso do xarope de açúcar na construção civil, mais especificamente aquele colocado nos caminhões para retardar a cura do cimento durante o seu transporte. Próximo da cabine do condutor existe um compartimento que, ativado pelo motorista, libera uma quantidade de água e do xarope, evitando que o cimento em ponto de uso não seja perdido no trajeto. Ainda no segmento de construção, o açúcar é encontrado em resinas, como aditivo nas colas de placas de MDF. Na siderurgia o produto é visto na confecção de moldes de peças de ferro fundido, em uma mistura que usa carvão, areia e açúcar, devido a sua característica umectante que facilita a retirada da peça formada quando pronta.
Já a indústria farmacêutica utiliza o açúcar, por exemplo, nos casos em que há necessidade de envolver o medicamento em uma cápsula gelatinosa, procedimento também conhecido como no drageamento de compridos. Além disso, como é orgânico e não faz mal, ele ainda possibilita que uma substância ativa que inicialmente é intragável ao paladar humano quando pura, possa ser ingerida, trazendo benefícios à saúde de quem precisa tomar a medicação. O mesmo acontece com os xaropes para gripe, tosse. O creme dental usado para higiene bucal é mais um produto encontrado em farmácias que contém o açúcar, responsável pelo sabor adocicado. Até na fabricação de sabonetes a commodity é encontrada, especialmente nos de glicerina.
Outro benefício é a utilização nos formicidas, funcionando como iscas para formigas que ao consumirem as moléculas de açúcar ingerem também o veneno, eliminando incômodos, prejuízos financeiros e até para a saúde, uma vez que são insetos que podem carregar microrganismos como bactérias e fungos.
O produto também pode ser utilizado em adubos foliares, que são borrifados na folhagem de diferentes tipos de plantas para que absorvam os nutrientes que não produzem sozinhas – é o caso das áreas de pastagem e da própria cana-de-açúcar. O açúcar e o melaço da cana ainda contribuem com a indústria na produção de ração animal.
É possível encontrar o uso do açúcar também na fixação de pigmento dos tecidos jeans, produto muito comum na indústria da moda. Esta mesma função também é empregada no setor automotivo, mais precisamente na solução conhecida como “pretinho de pneu”, que dá brilho aos arcos de borracha dos automóveis.
E um dos mercados que mais cresce no Brasil também precisa do açúcar para o seu processo fabril. Boa parte das mais de 1300 cervejarias registradas no País usa o produto como substrato de processo fermentativo, utilizado na fabricação das cervejas. O mesmo acontece em outro importante segmento, o da panificação. Mais de 230 mil estabelecimentos do setor usam o açúcar para promover a fermentação do pão, proporcionando maciez, leveza e sabor.
“Apesar dos avanços tecnológicos, não existe hoje um substituto equivalente ao açúcar. Mesmo as suas adaptações são derivadas de si mesmo, sendo referência quando se trata de versatilidade e sustentabilidade. O açúcar continua mostrando a sua importância estando presente em diversos segmentos do mercado”, conclui Sangali.
Todos estes benefícios e utilidades para a indústria ainda tem com base uma produção altamente sustentável. Nas 33 usinas associadas da Copersucar, todo o processo de plantio e colheita da cana-de-açúcar seguem as principais certificações nacionais e internacionais. Ambientalmente responsáveis, a ceifa é mecanizada sem haver qualquer procedimento de queimadas. Os adubos são naturais provenientes dos próprios restos da cana para manutenção do solo, o que reforça o ciclo de contribuição com o meio ambiente e a sociedade.