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Você conhece a mandioca cenoura?

Foto: Embrapa

Daniela Aparecida Teixeira
Doutora em Agronomia – UNESP-Botucatu
daniela.teixeira@hotmail.com

A mandioca cenoura BRS 401 Embrapa tem como fator diferencial a polpa rosada, que após o cozimento adquire coloração alaranjada. Isso se dá pela presença do licopeno, um carotenoide que pode ser encontrado em uma gama de alimentos, como o tomate, por exemplo.

Esse composto dá a essa cultivar a denominação de “alimento nutracêutico”, pois esse carotenoide tem ação antioxidante e auxilia na prevenção do envelhecimento e de doenças como o câncer de próstata.

Mercado

Com consumidores cada vez mais exigentes, principalmente nas características visuais e nutricionais dos alimentos, os produtores de mandioca sentiram a necessidade de se adequar a esse comportamento do mercado.

O perfil desses produtores engloba, além da produção da mandioca, também de outras olerícolas (tomate, folhosas, cenoura, etc.), então, essa produção se concentra nas regiões do Cinturão Verde das cidades e tem aumentado de forma rápida.

Os agricultores demonstram bastante satisfação, pois não há grande dificuldade na produção e a lucratividade tem agradado, além de contribuir para uma mudança de comportamento dos produtores rurais, que hoje buscam investir mais em tecnologias e inovação.

Características do manejo

As técnicas de cultivo são as mesmas recomendadas para as demais cultivares de mandioca. Respondem bem à adubação, tanto orgânica quanto convencional, à irrigação, havendo a possibilidade de plantio o ano todo, escalonamento do plantio e das colheitas e podem ser utilizadas na sucessão de culturas, que comumente os horticultores realizam.

Entretanto, tem a produtividade comprometida devido à matocompetição.

Rendimento

O maior desafio relatado é o mesmo para as mandiocas de polpa branca/amarela: o cultivo no limpo. Sem a presença de plantas espontâneas, a produtividade pode chegar a 60 t/ha, sendo a média de 29 t/ha.

Já se o manejo do mato não for realizado, essa produção fica em torno de 11 t/ha, salientando o quão necessário é o manejo de espécies espontâneas nas áreas de cultivo. Os pesquisadores da Embrapa/DF que desenvolveram a cultivar salientam a importância de utilizar todas as tecnologias e inovações disponíveis para obter a máxima produção.

Custo produtivo

Como as técnicas de manejo não diferem das demais mandiocas de mesa, o custo de produção não é alterado, ficando em torno de R$ 8.000/ha, segundo a Emater/DF, sendo mais da metade dos custos (R$ 4.200) relativos à capina e colheitas, ambos manuais.

Uma questão importante a salientar é que, como ainda é desconhecida dos consumidores, a comercialização fica restrita, não sendo encontrada facilmente em redes de supermercados, estando disponível apenas em feiras ou direto com o produtor.

Um problema geral da cultura é a falta de inovação para descascar e cortar a mandioca, sendo tudo ainda manual. Para a mandioca BRS 401, é a comercialização, pois apesar dos inúmeros benefícios, ainda não faz parte da rotina do brasileiro.

Uma forma de aumentar as vendas é a inserção desse produto em programas governamentais, como PAA e PNAE, que pelo apelo nutracêutico, certamente terá compra garantida e uma forma de divulgar e inserir na alimentação, aos poucos popularizando essa cultivar.

Rentabilidade

  • Além da questão da presença de antioxidantes, relatada anteriormente, observa-se baixo teor de ácido cianídrico (HCN)
  • Alta produtividade
  • Colheita precoce (entre 8 – 12 meses)
  • Tempo de preparo menor
  •  Textura farinácea; sabor diferenciado e ausência de fibras
  • maior resistência a pragas e doenças quando comparada com as demais cultivares de mandioca.

Com relação ao valor, enquanto as mandiocas de mesa de polpa amarela e branca, descascadas e embaladas a vácuo, o kg chega a R$ 10,00, a rosada pode chegar a R$ 20,00, ambas sendo comercializadas comumente em embalagens de 500 gramas.

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