Maiara Silva Costa
Mestranda em Agronomia – Universidade Federal do Piauí (UFPI)
maysc19@gmail.com
Alex Pereira da Silva
Engenheiro agrônomo – Instituto Federal do Maranhão (IFMA)
asilva161100@gmail.com
Antonio Santana Batista de Oliveira Filho
Doutor, professor e coordenador do curso de Agronomia – Unibalsas
coord.agronomia@unibalsas.edu.br
O Brasil destaca-se como um dos principais produtores de milho (Zea mays L.) globalmente. Em 2022, o país registrou uma produção total de 263,2 milhões de toneladas.
Para o ano de 2024, as projeções apontam para um potencial aumento significativo, estimando-se uma safra de 306,2 milhões de toneladas, representando um incremento de aproximadamente 16% em relação à safra anterior (IBGE, 2023). Esses números posicionam o Brasil como o terceiro maior produtor mundial, atrás dos Estados Unidos e a China, respectivamente (Conab, 2019).
Armazenamento
Cada vez mais será necessário incremento nas formas de armazenamento desse produto. O processo de armazenamento de grãos pode ser descrito como um ecossistema no qual tanto mudanças quali como quantitativas podem surgir devido às interações entre diversos fatores físicos, químicos e biológicos.
Os desafios enfrentados no armazenamento de grãos de milho são agravados pela presença de insetos-praga, fungos, grãos defeituosos, impurezas e excesso de umidade. Esses elementos podem resultar em perdas consideráveis, deterioração e prejuízos financeiros para os produtores e empresas envolvidas no armazenamento de grãos, afetando os preços de mercado e criando obstáculos operacionais que impactam a rentabilidade.
Durante o armazenamento de grãos, os insetos detêm uma particular importância enquanto fator gerador de perdas, tornando essencial compreendê-los, distinguir suas características, compreender seus métodos de danificação e aprender estratégias de combate.
Suas atividades podem resultar em diversas formas de perda, incluindo redução de peso dos grãos, diminuição do poder germinativo e do vigor das sementes, degradação do valor nutricional, impacto na conformidade com os padrões comerciais, deterioração da qualidade devido à contaminação e prejuízos causados por fungos.
A espécie Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae), conhecida como gorgulho do milho, é considerada uma praga primária em grãos armazenados. Isso se deve à sua capacidade de causar danos aos grãos inteiros e ao fato de que suas fases imaturas (ovo, larva e pupa) se desenvolvem dentro do próprio grão.
Classificação dos grãos
A classificação do milho em tipos específicos, como Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3, é determinada pela sua qualidade, sendo os grãos que não se encaixam nessas categorias designados como abaixo do padrão (AP), desde que mantenham uma boa conservação.
Estes grãos podem passar por um processo de rebeneficiamento para corrigir defeitos e serem recategorizados. Contudo, qualquer milho que apresente deterioração, mofo generalizado, contaminação por sementes de mamona ou outros elementos prejudiciais, ou odor inadequado, será desclassificado, com os motivos registrados no certificado de classificação para garantir transparência no processo.
Produzir e conservar com excelência são fatores determinantes para o incremento de receita na cadeia produtiva e para maior diferenciação em um mercado altamente competitivo. Além disso, garantir a disponibilidade de produtos seguros e de alta qualidade para o consumidor é fundamental para manter a confiança do mercado e promover o crescimento sustentável da indústria agrícola.
Nesse contexto, as inovações no armazenamento de milho desempenham um papel crucial, permitindo que os produtores enfrentem os desafios do manejo pós-colheita de maneira mais eficaz, reduzindo perdas e garantindo a qualidade do produto final.
Demanda
Prevê-se que a população global alcance cerca de 10 bilhões de indivíduos até o ano de 2050, com uma estimativa ainda maior, ultrapassando 11 bilhões, até o final do século XXI, conforme dados fornecidos pela Organização das Nações Unidas em 2017.
Esse crescimento populacional exponencial ressalta a urgência de inovações no armazenamento de grãos para atender à crescente demanda por alimentos e garantir a segurança alimentar mundial.
A pesquisa conduzida na Embrapa Milho e Sorgo oferece insights valiosos sobre inovações no armazenamento de milho, destacando a eficácia de sistemas que utilizam embalagens plásticas e terra de diatomáceas (TD).
Essa abordagem demonstrou ser altamente eficaz na manutenção da qualidade dos grãos ao longo do tempo, reduzindo a incidência de grãos carunchados, matérias estranhas e impurezas, além de preservar a massa específica aparente e o poder germinativo dos grãos.
Esses resultados têm implicações importantes para produtores, especialmente aqueles envolvidos na agricultura familiar ou práticas orgânicas, permitindo-lhes melhorar a qualidade e a segurança dos grãos, reduzindo as perdas pós-colheita.
Além disso, ao minimizar o uso de inseticidas químicos convencionais, essas inovações promovem sistemas agrícolas mais ecológicos e sustentáveis, alinhados com preocupações ambientais e de saúde pública.
Em um contexto global de aumento da população e pressões sobre os recursos naturais, investir em tais inovações é essencial para garantir a segurança alimentar e promover o desenvolvimento sustentável.
Umidade
O controle de umidade é indispensável para minimizar as perdas pós-colheita do milho. A alta umidade nessa etapa da produção pode ocasionar prejuízos e danos aos grãos, como o aparecimento de fungos e mofos que provocam a deterioração e perda de qualidade, além de favorecer a incidência de grãos ardidos.
Umidade muito abaixo do ideal pode tornar os grãos mais suscetíveis a danos mecânicos durante o manuseio e transporte. Por isso, é importante manter a umidade dentro dos níveis recomendados para diminuir as perdas adicionais e garantir qualidade dos grãos, assim como também proporcionar um armazenamento a longo prazo, sem deterioramento significativo.
Durante o transporte de grãos de milho, medidas devem ser adotadas para evitar perdas, como a utilização de veículos adequados, sendo estes específicos para o transporte de grãos, devem estar limpos e em boas condições para evitar contaminação e danos durante o transporte. Caso necessário, utilizar lonas de revestimento interno nas carrocerias, o que poderia diminuir essas perdas para zero.
É importante fazer a verificação da umidade antes do transporte, e caso ela esteja elevada, o risco de deterioração aumenta. Os grãos devem ser secos até atingirem níveis de umidade seguros para o transporte.
Outro fator que pode causar deterioração dos grãos é a temperatura elevada, que muitas vezes pode indicar atividade microbiana. Logo, o monitoramento da temperatura durante o transporte é de grande importância.
A utilização de silos e estruturas adequadas evita a exposição dos grãos às condições climáticas, pragas e roedores, além de ajudar a preservar a qualidade dos grãos por períodos mais longos. Um manuseio cuidadoso e utilização de veículos em boas condições pode evitar danos que possam comprometer a integridade dos grãos.