Princípios da adubação foliar no milho

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Aldeir Ronaldo Silva
Engenheiro agrônomo E doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas – ESALQ/USP
aldeironaldo@usp.br

Foto: Shutterstock

Os primeiros estudos realizados com a aplicação de nutriente via foliar foram realizados no início do século 19, graças às características morfológicas e fisiológicas, foram observados absorção e incremento na produtividade, a partir da aplicação de nutrientes na folha, inicialmente com aplicação do ferro em videira (1984) e, posteriormente, com os demais nutrientes.

Assim, com os avanços tecnológicos, a inserção de outros nutrientes essenciais e o aumento da eficiência de aplicação promoveram a aplicação de nutriente via foliar para uma atividade viável na agricultura.

Todavia, a facilidade pela qual uma solução nutritiva penetra no interior da planta depende das características da superfície vegetal e podem variar com o órgão, espécie, variedade, condições de crescimento e com as propriedades da formulação foliar aplicada.

Nesses termos, a aplicação via solo, de maneira tradicional, apresenta alguns fatores limitantes na disponibilidade de nutrientes, tais como: condições ambientais que podem provocar altas perdas de fertilizantes aplicados via solo, associado também com a fase de crescimento, o que pode exigir uma grande demanda de nutriente em um período específico da cultura do milho.

Ação e reação dos fertilizantes foliares em milho

Os fertilizantes possuem como função a disponibilização de elementos importantes para o desenvolvimento da planta ao longo do ciclo produtivo.

Dessa forma, o mecanismo de absorção das plantas, através das folhas (translocação) ocorre por meio do floema, diferentemente da translocação realizada pelas raízes através do xilema, que podem ocorrer pela cutícula, tricomas, estômatos e poros. Logo, posteriormente esses nutrientes atravessam as células do parênquima.

Nesse contexto, a disponibilidade do nutriente ocorre de maneira mais rápida, evidenciando nutrientes como o nitrogênio, o cálcio, o potássio e o magnésio, que participam de um processo importante no desenvolvimento da planta de milho, como o aumento da atividade fotossintética.

Além disso, a aplicação de fertilizantes via foliar na cultura do milho não deve acontecer de maneira única, pois a cultura do milho demanda grande quantidade de nutriente em fases distintas do ciclo vegetativo e reprodutivo. Logo, a aplicação associada com a adubação via solo tende a promover os melhores resultados e a melhor viabilidade econômica.

Nutrientes via foliar

A aplicação de nutrientes na cultura do milho é extremamente importante, em virtude da sua demanda de absorção de nutriente, de maneira que, para obter produtividade e qualidade do grão, a planta de milho durante o ciclo de cultivo extraí quantidades significativas de nutrientes do solo: 24,9 kg de nitrogênio, 26,7 kg de potássio e 6,6 kg de cálcio, para cada tonelada de grão colhido.

Dessa forma, macro e micronutrientes podem ser aplicados via foliar, por exemplo, o nitrogênio, o calcio, o potássio, o magnésio, o zinco, o boro, o cobre e o enxofre. Todavia, a incompatibilidade entre fontes de nutrientes deve ser levada em consideração na aplicação de fertilizantes associados com outros produtos.

Resultados da pesquisa

Diversos estudos demonstram ganhos expressivos com a aplicação de nutrientes via foliar na cultura do milho. Um estudo realizado no Estado do Mato Grosso demonstrou que a aplicação de fertilizante foliar em associação com adubação nitrogenada promoveu incremento na produtividade, massa de grãos da espiga, diâmetro e comprimento da espiga.

Em outro experimento realizado em Sete Lagoas (MG), a aplicação de fertilizantes foliares com bioinoculantes promoveu o aumento na produtividade do milho. Esse mesmo efeito na produtividade foi observado em outro experimento realizado no Estado do Rio Grande do Sul, pois a aplicação de fertilizante foliar e água de xisto promoveram o aumento da produtividade do milho em comparação ao controle.

Máxima eficiência

Para atingir alta eficiência da prática, é importante realizar, inicialmente, a análise de fertilidade do solo, ressaltando as concentrações ideais para a cultura da cultura do milho.

Posteriormente, é necessário realizar o planejamento de aplicação de fertilizantes foliares a partir da associação com o manejo de adubação de solo para a cultura do milho. Nesse aspecto, é importante que haja o auxílio de um profissional qualificado para ajudar no planejamento e na escolha dos fertilizantes foliares, a partir da relação de custo e benefício.

A aplicação via foliar pode ser realizada em parcelamento, em função da fase de desenvolvimento e a exigência de nutrientes específicos. Além disso, a aplicação pode ser realizada associando-a com outros produtos, tais como: extrato de algas, aminoácidos e defensivos agrícolas.

Erros e acertos

Entre os erros mais frequentes da adoção da prática de aplicação de fertilizantes foliares, destaca-se a aplicação de produtos sem garantia quanto à eficiência e composição.

Dessa forma, o produtor deve adquirir os adubos com procedência garantida. Nisto, a absorção e as melhorias no desenvolvimento da planta são afetadas. Além disso, dependendo da composição do produto, poderá ocasionar danos fisiológicos e redução do crescimento e da produtividade do milho. 

Outro erro bastante comum é a aplicação de doses elevadas ou abaixo da necessidade das plantas. Dessa maneira, o produtor pode promover a toxicidade ou até mesmo ineficiência da adubação.

A aplicação do fertilizante em condições ambientais inadequadas é outro erro bastante recorrente, pois em dias com alta pluviosidade, poderá promover a lavagem do produto das folhas. Além disso, a aplicação em dias com elevadas temperaturas, bem como com ventos fortes, também reduz, de maneira significativa, a eficiência do fertilizante, assim como os ganhos de produtividade e as melhorias na qualidade dos grãos.

Investimento x retorno

Dependendo das condições de cultivo e manejo agronômico, a decisão de aplicar fertilizantes foliares é determinada pela magnitude do risco financeiro associada à incapacidade de corrigir a deficiência de um nutriente e à provável eficácia da adubação foliar.

Quanto ao custo das práticas, associado aos preços dos produtos, é viável em função dos ganhos de produtividade e pela qualidade do grão.

Além disso, no mercado brasileiro tem-se a disponibilidade de vários fertilizantes que oferecem tanto macro quanto micronutrientes para a cultura do milho, sendo uma prática bastante atrativa para ganhos produtivos em diversas culturas.

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