O manejo de forrageiras é um fator importante no consórcio com o milho safrinha. O pesquisador Emerson Borghi, da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas, TO), explica como se deve realizar o manejo de acordo com a finalidade do consórcio, quais espécies utilizar conforme as características de solo, temperatura (diurna e noturna), precipitação, altitude e histórico de uso da área, entre outros fatores.
“A depender do propósito, a maioria dos consórcios utiliza os gêneros Brachiaria e Panicum. “Entre as espécies, as mais empregadas são B. brizantha cv. Marandu, B. ruziziensis e P. maximum cv. Mombaça. Outras espécies apresentam grande potencial, como B. brizantha cv. Piatã, B. brizantha cv. Paiaguás e P. maximum cv. Massai“, enumera.
A adoção do cultivo consorciado pode servir para amplos objetivos, a saber: a) alimento para a exploração pecuária no período de outono até o início da primavera, e, posteriormente, para formação de palhada no Sistema de Plantio Direto (SPD); e b) planta exclusiva para produção de palhada, proporcionando cobertura permanente do solo até a semeadura da safra de verão subsequente ” há, ainda, a possibilidade de recuperação/renovação de pastagens degradadas.
Para o caso do cultivo do milho safrinha com forrageiras tropicais, em virtude do curto período entre a colheita de grãos e a dessecação para a safra seguinte, muitos produtores têm adotado a consorciação para viabilizar a produção de cobertura morta para o SPD.
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Finalidade
A B. brizantha é excelente forrageira para ser utilizada no sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), visando à formação de pasto e à diversificação da produção. Borghi esclarece que a B. ruziziensis, apesar de apresentar menor produtividade de massa seca em relação à B. brizantha, na ILP destaca-se por rápida cobertura do solo, boa composição bromatológica, palatabilidade, excelente reciclagem de nutrientes, facilidade na sua dessecação e produção uniforme de sementes, pois só floresce uma vez.
Enquanto isso, a B. brizantha floresce de forma desuniforme, o que favorece a criação de bancos de sementes no solo, que podem atrapalhar as semeaduras subsequentes.
Já as espécies do gênero Panicum, como P. maximum cv. Mombaça e P. maximum cv. Massai, são excelentes opções para os produtores que necessitam de pastagem para utilizar em rotação lavoura-pastagem em anos alternados (por exemplo, dois anos de lavoura, dois anos de pecuária).
Benefícios do consórcio
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A grande vantagem desse sistema em muitas regiões produtoras do nosso país, validada tanto pelas pesquisas como em diversas áreas produtoras do Brasil Central, é a possibilidade de até duas safras de grãos e mais uma safra de pecuária, garantindo a sustentabilidade da atividade agrícola e da pecuária, segundo afirma o pesquisador da Embrapa.
“Esse sinergismo entre os componentes do agroecossistema possibilita a otimização dos recursos naturais, além da diversificação econômica da propriedade, diminuindo os riscos e as dificuldades de se trabalhar com apenas uma safra por ano agrícola“, pontua.
A prática do cultivo consorciado é considerada uma das melhores alternativas para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas tropicais. Tais aumentos são resultantes da diversidade de produção, melhorando o ambiente de produção pelas alterações provocadas nas características químicas, físicas e biológicas ao longo do tempo de adoção do sistema.
Outro grande benefÃcio do cultivo consorciado, ressaltado por Borghi, é o incremento de produtividade das culturas ao longo do tempo de adoção do sistema.
Possibilidades
Existem alguns experimentos sendo realizados em algumas regiões, e instituições que já avaliaram consórcios com duas espécies (uma gramÃnea e uma leguminosa) concomitantemente ao milho safrinha.
Em Ipameri (GO), informa Emerson Borghi, o consórcio de milho safrinha com B. brizantha cv. Marandu e Guandu tem demonstrado resultados bastante promissores na produção de forragem com maior qualidade, pois a leguminosa tem a função de incrementar os teores de proteína bruta, sem comprometimento à produção de grãos no milho.
Porém, há a necessidade de mais estudos e pesquisas nas diferentes condições brasileiras, para que essa tecnologia possa ser recomendada seguindo os objetivos que serão buscados pelos produtores nos diferentes sistemas produtivos no Brasil.