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Algas estimulam pegamento de tetsukabuto

Crédito: Agristar

Giovana Cândida Marques
Engenheira agrônoma e laboratorista – Grupo JC
giovana-candida.marques@unesp.br

O êxito na produção econômica e ambientalmente correta de hortaliças passa pelo alicerce das exigências ambientais, ecológicas e nutricionais, pelo manejo das plantas e pelo domínio das questões relacionadas com o mercado.

A agricultura biológica tem registrado aumento acelerado nos últimos anos, havendo cada vez mais procura por alimentos saudáveis, com melhor qualidade e sabor, o que tem conduzido ao aumento significativo da utilização de biofertilizantes à base de microalgas.

Pesquisas

O estimulante é um produto cuja classificação denota como regulador de crescimento, pois atua no crescimento e desenvolvimento da planta. Existem diversas composições de estimulantes vegetais, dentre elas, observa-se os extratos de algas.

Diversos estudos de pesquisa já enfatizam a relevância do potencial de algas para melhor eficiência na produção agrícola, sendo fortes influenciadores ativos no crescimento da planta, visto sua aptidão de produzir ou interagir com os fitohormônios, o que proporciona ainda, melhor desenvolvimento do sistema, maior vigor e aumento da produtividade.

Esses bioestimulantes modulam os processos fisiológicos das plantas por meio de fitohormônios e vitaminas que promovem crescimento, rendimento e auxiliam na absorção de nutrientes.

As algas muitas vezes se encontram em locais de condições turbulentas e produzem moléculas diferenciais e muito interessantes do ponto de vista econômico, ideais para suprir os nutrientes do solo em períodos de estresse abiótico.

As algas são rica fonte de antioxidantes de grande ajuda para que a planta enfrente condições adversas.

Extração de microalgas

As microalgas são microrganismos e podem ser encontradas em habitats como águas doces, águas marinhas e águas salobras. O grupo de algas verdes possui grande variedade de microrganismos, sejam eles macro ou microscópicos.

Nos anos 50 começaram a comercializar o extrato de algas para melhorar a nutrição de plantas e estimular as respostas às condições de estresse.

Pesquisas realizadas a partir dos anos 1990 mostraram que extratos de algas contêm moléculas oligossacarídeas que são facilmente reconhecidas pelas células das plantas que regulam o crescimento, desenvolvimento e resistência a patógenos.

A utilização desses compostos biológicos à base de organismos naturais, como algas, vem crescendo de forma expressiva nos últimos tempos na agricultura.

Os extratos de microalgas

Os extratos de microalgas contam com a presença de aminoácidos, como triptofano e arginina, que são precursores de fitohormônios, como auxina, ácido salicílico e citocininas.

O metabolismo das citocininas influencia diretamente na divisão celular e diferenciação dos tecidos vegetais, bem como no desenvolvimento de cloroplastos, na quebra da dominância apical e retardamento da senescência.

Essa quebra de dominância apical induz ao aumento de brotações de gemas laterais, e com isso leva ao aumento na ramificação e, consequentemente, maior produtividade.

Nova classe de insumos

Os bioestimulantes de extratos de algas são uma nova classe de insumos que vem ganhando notoriedade a fim de regular os principais processos fisiológicos nas plantas para que ocorra otimização da produtividade.

Os fertilizantes derivados de algas são biodegradáveis, sendo produtos naturais atóxicos, não poluentes e não perigosos para o homem e animais.

Crédito: Agristar

O uso de algas na agricultura é relatado desde a antiguidade pelos povos romanos, com a coleta das algas e deposição direta sobre o solo. Este antigo interesse em aplicar algas na agricultura se deve aos benefícios atribuídos, como o melhor desenvolvimento vegetativo.

Em todo o Brasil, produtores buscam aumentar a produtividade de suas lavouras, e é fácil obter isso de maneira sustentável, ao aderir a tecnologias compostas por algas. O uso desses biofertilizantes ou bioestimulantes está cada vez mais inserido, também, no cenário da agricultura orgânica.

Benefícios ao cultivo de abóbora

Estudos verificaram que em sementes de abóbora sob estresse salino, o ácido salicílico e giberélico presente na alga promoveram benefícios na germinação inicial.

As sementes embebidas nos extratos de algas foram capazes de melhorar a capacidade de germinação, apresentaram maiores brotos e raízes e, ainda, obtiveram maior peso da parte aérea e radicular.

Na fase reprodutiva da cultura, os extratos de algas atuam na uniformidade do florescimento e aumento da produtividade.

Algas pardas ou marrons

As algas fazem parte do ecossistema costeiro marinho, senda as algas marrons a segunda espécie mais abundante, e são as mais utilizadas na agricultura.

As algas pardas são utilizadas como adubo verde (adição de algas para enriquecimento nutricional do solo com nitrogênio) e são excelentes condicionadores do solo por sua riqueza em micronutrientes (Fe, Cu, Zn, Mo, B, Mn e Co), macronutrientes (Ca, K, P), vitaminas, hormônios de crescimento e propriedades quelantes.

Em grande parte dos casos, por suas interessantes propriedades, as algas pardas são as principais candidatas a compor os bioestimulantes, majoritariamente da espécie Ascophyllum nodosum.

Bioestimulantes à base de Ascophyllum nodosum

O uso dos extratos dessa alga apresenta resultados favoráveis na melhoria da tolerância de plantas a estresses de ordem biótica e abiótica, pois promove o crescimento e absorção de nutrientes, refletindo na qualidade dos frutos.

Além disso, promove a inibição da atividade antifúngica de patógenos transmitidos pela semente pelo uso de extratos de algas na pré e pós-colheita.

Algas vermelhas

Constituinte do extrato de algas, as oligo-carragenas, derivadas das algas vermelhas, ampliam a fotossíntese, metabolismo, assimilação de nitrogênio, divisão celular e fornecem proteção contra infecções de patógenos como vírus, fungos e bactérias.

As algas do gênero Lithothamnium, conhecidas como algas vermelhas, proporcionam melhoramento físico, biológico e químico do solo, aumentam a permeabilidade e condicionamento (melhor aproveitamento dos fertilizantes, como o fósforo).

Algas verdes dos gêneros Chlorella e Nostoc

As algas desses gêneros possuem componentes com atividade antimicrobiana e anti-herbivoria. As algas Chlorella são de água doce.

Em baixas aplicações, os bioestimulantes à base de algas já demonstram, em inúmeras pesquisas, seu potencial em estimular o crescimento das plantas, aumentar o número de flores, frutos e raízes, além de melhorar a tolerância das plantas à salinidade, à seca, ao calor e ao congelamento.

Em níveis moleculares, a reação do extrato de algas com as plantas em situação de estresse abiótico induz na planta à expressão de genes que codificam para proteínas protetoras contra o estresse.

Outro componente dos extratos de algas é o ácido algínico ou alginato, que demonstra ser bom condicionador para o solo, além de contribuir para evitar o estresse hídrico.

Os polissacarídeos das micro e macroalgas são capazes de emaranhar partículas do solo, e assim induzem a formação de micro e macroagregados que permitem trocas gasosas, percolação da água e liberação contínua de nutrientes no solo.

Crédito: Estênio Alves

Ao mesmo tempo, as microalgas conferem ao solo propriedade selante, o que, em conjunto com a formação dos macroagregados, permite a criação de microambiente umedecido que retém a água por períodos mais duradouros.

Além de beneficiar o solo com polissacarídeos, as microalgas, em seu metabolismo, fixam o nitrogênio atmosférico e são capazes de torná-lo biodisponível às plantas em forma de amônio.

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Aplicação via semente e foliar

A aplicação foliar de extratos é a técnica comumente utilizada pelos produtores, visto serem absorvidos com melhor eficiência pelos estômatos das folhas, mas, a técnica por encharcamento do ambiente de cultivo é preferível, visto a sua capacidade de multiplicação e alteração da qualidade do solo.

Percebe-se, então, a elevada importância do uso de extratos de algas na agricultura, de modo que melhora o desempenho da planta por intermédio de mudanças bioquímicas, fisiológicas e de expressão de genes nos vegetais.

Desta forma, a utilização de microalgas oferece grande benefício para a agricultura sustentável, uma vez que são produtos naturais, que contêm diversidade de substâncias que estimulam o crescimento e a produtividade das culturas, além de promover a atividade microbiana e melhorar os nutrientes do solo.

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