20.1 C
Uberlândia
sábado, novembro 23, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosComo escolher o melhor substrato para hidroponia?

Como escolher o melhor substrato para hidroponia?

Foto: Maurício Rezende

Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor e professor de fruticultura – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
glauciogenuncio@gmail.com

Primeiramente, elucidar o objetivo do uso é importante para a escolha de um substrato. Por exemplo, este substrato é para favorecer o crescimento das mudas? Será utilizado para conduzir plantas adultas? Qual será o volume de raízes destas plantas em seus diferentes estádios?

Qual será a altura do recipiente e do substrato nele disponibilizado visando conhecer a água disponível e não disponível? Qual será o turno de rega? Qual é o pH e a condutividade elétrica do substrato incialmente e logo após as adubações programadas?

Qual será o investimento para a aquisição deste substrato? Existe substrato na região? Qual será o custo de frete para aquisição deste substrato? Qual é o ciclo da cultura em função da mineralização deste substrato?

Enfim, percebe-se que são várias as perguntas a serem respondidas para a tomada de decisão quanto ao objetivo de um substrato. Dito isso, o que se deve esperar de um substrato: uma adequada porosidade total do material, com adequada aeração e, consequentemente, maior disponibilidade de água, em função da capacidade de retenção desta.

Torna-se, assim, importante o conhecimento que a porosidade total do substrato está em função da diferença do volume total do substrato subtraída do volume de água e ar (em suas diferentes proporções), não sendo possível quantificar e qualificar, ao analisar esta variável, o volume de macro e microporos.

Desenvolvimento das plantas em sistemas hidropônicos

A capacidade de retenção de água é parametrizada em função de 50% do volume total do substrato, o que significa que 50% do espaço disponibilizado no substrato será ou “deverá ser” preenchido por água.

Porém, isso não quer dizer que 50% desta água estará disponível facilmente às plantas, pois parte dela pode estar em baixa disponibilidade para o sistema radicular (em função do ΨH).

Tal fato deve-se à influência de forças denominadas de coesão e de adesão que induzem a atração da água às partículas contidas no substrato, além da porosidade e de existência ou não de CTC.

É importante ressaltar que se espera a formação de uma lâmina de água no fundo do vaso, a qual tem disponibilidade reduzida (principalmente quando não ocorre interceptação radicular, como por exemplo, as raízes de mudas recém-plantadas).

Assim, a altura desta lâmina terá relação direta com o formato do vaso, fator que deve ser considerado.

Vale, ainda, supor que o crescimento radicular, no decorrer do ciclo, alterará a porosidade do substrato, pois aumentará a quantidade de materiais sólidos que ocuparão os espaços da água e do ar.

Sendo assim, é um dado variável no decorrer do cultivo, principalmente em plantios longos, a exemplos do tomate e do morango, que são culturas amplamente conduzidas em sistema hidropônico com a utilização de substrato.

O crescimento radicular é, inclusive, um dos fatores que regem a necessidade de troca do substrato no decorrer de cultivos sucessivos.

Foto: Maurício Rezende

Decomposição lenta do sustrato

Imaginem: conduzir tomate no decorrer de nove meses e o substrato reduzir seu volume no decorrer deste tempo, tornando inviável a sua reposição. Tal fato pode ocorrer a partir do uso de materiais com alta taxa de mineralização, como por exemplo, o bagaço de cana.

Esta taxa de mineralização está relacionada com a relação C/N, a qual uma alta concentração de N pode favorecer uma mineralização mais acelerada, tornando o substrato menos estável.

De modo geral, uma relação C/N próxima a 30/1 torna o substrato mais estável (segundo a Embrapa, 2010).

Estabilidade do substrato x saúde das plantas

A palavra-chave está na relação entre disponibilidade de água e oxigenação. Mantendo-se uma relação adequada entre estas variáveis produtivas, as plantas se manterão saudáveis.

As raízes das plantas necessitam de oxigênio para os seus processos metabólicos, assim, um substrato que retenha muita água (elevada quantidade de microporos não será adequada para a condução de um grupo de plantas).

Por outro lado, um substrato contendo alto volume de macroporos terá baixa retenção de água, o que induzirá a um maior turno de rega, obrigando a produtor a ser mais rigoroso na irrigação.

Assim, um equilíbrio entre macro e microporos, ajustando-se a drenagem, capacidade de retenção de água e aeração, é fundamental para a qualificação de um substrato.

Tipos de substratos

Entre as opções em substratos estão a fibra de coco, em seus diferentes comprimentos de fibras, substratos compostos (mistura de matérias-primas, como turfa e cascas de pinus) e demais substratos comerciais, como: areia lavada, espuma fenólica e casca de arroz carbonizada (para aumentar volume de macroporos nas misturas), como por exemplo, fibra de coco com casca de arroz carbonizada.

Existem alguns produtores utilizando turfa em mistura com casca de arroz carbonizada para a produção de mirtilos.

O melhor tipo de substrato dependerá, como citado no começo deste texto, do objetivo de uso. Assim, e por parte do produtor, esta pergunta sempre deve ser respondida antes da aquisição do substrato.

Considerações específicas

A avaliação das variáveis químicas tem grande importância no manejo nutricional, sendo o pH e a condutividade elétrica (EC) variáveis avaliadas na aquisição do substrato e, posteriormente, monitoradas e controladas diariamente no decorrer do cultivo.

Principalmente, dada a capacidade de lavagem do substrato com água no sistema, o pH e a EC, quando escapam dos limites parametrizados para o cultivo, podem e devem ser corrigidos de forma contínua e rotineira.

Esta rotina se consegue em função do monitoramento destas da EC e do pH, desde o manejo de adubação seja monitorado. Assim, a avaliação da solução drenada, a partir do uso de uma ferramenta denominada extrator de solução nutritiva é o método mais recomendado para a tomada de decisão de correções da EC e do pH no sistema, visando a longevidade do substrato (cultivos sucessivos).

Isso porque o valor do substrato é uma variável de custo importante para cultivos hidropônicos em sistemas de substrato. Por fim, a lavagem do substrato para se evitar problemas com a salinização é uma prática recomendável ao produtor.

ARTIGOS RELACIONADOS

Morango hidropônico no sistema de irrigação com circuito fechado

O morangueiro é uma das culturas que tem tido maior migração do sistema de cultivo no solo para o plantio em substrato. Isso significa...

Solução nutritiva na produção de tomate hidropônico

Ernani Clarete da Silva Doutor e professor - UFSJ - Campus Sete Lagoas clarete@ufsj.edu.br   Solução nutritiva pode ser compreendida como os nutrientes dissolvidos em água nas...

Produção do tomate em aquaponia: descubra como fazer com sucesso

A aquaponia preconiza a produção sustentável, englobando a criação de animais aquáticos e de vegetais, de forma a criar um ambiente em equilíbrio que favoreça as duas áreas, aquicultura e agricultura.

Mudas de seringueira totalmente livres de pragas

Paulo Fernando de Brito Engenheiro agrônomo, mestre e diretor do Escritório de Defesa Agropecuária, órgão da Coordenadoria de Defesa Agropecuária/Secretaria de Agricultura e Abastecimento paulo.brito@cda.sp.gov.br As...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!