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Como reduzir os custos do feijão em 12%?

Fotos: Claudia Görgen

Claudia Adriana Görgen
Engenheira agrônoma e doutora em Geociências Aplicadas – Universidade de Brasília (UnB)
gorgenclaudia@gmail.com

O uso de bactérias para a inoculação do feijoeiro reduz a utilização de fertilizantes nitrogenados nas lavouras e diminui os custos de produção em 12%, segundo uma pesquisa realizada na ESALQ/USP, por Bruno Ewerton da Silveira, sob o título “Inoculações de Rhizobium tropici e de Azospirillum brasilense relacionadas aos parâmetros de qualidade da semente e da planta do feijoeiro”.

Na adubação são gastos 80 kg de nitrogênio por hectare, e na pesquisa foram utilizadas bactérias que economizaram 60 kg, em cobertura da planta.

A origem

O planeta Terra faz parte do sistema solar e está em constante transformação há pelo menos 4,56 bilhões de anos. Estas transformações ocorrem de gradual (separação dos continentes) ou abrupta (vulcão).

No início, o planeta era apenas uma massa rochosa. Com o passar do tempo, a crosta terrestre foi se modificando, devido a processos geológicos ocasionados pela interação do calor interno planetário, à irradiação solar e à força gravitacional, surgindo assim a atmosfera e a hidrosfera.

Em determinado momento da modificação da crosta terrestre, ainda com a atmosfera primitiva (extraordinariamente rica em CO2), já na presença de água na superfície (hidrosfera), foi possível a organização de cadeias carbônicas e, consequentemente, moléculas orgânicas.

Desta forma, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos surgiram os primeiros organismos, dando início aos processos biológicos e ao que chamamos atualmente de biosfera.

Atualmente, a atmosfera (troposfera) é constituída de nitrogênio (78%) e oxigênio (21%) que, juntos, representam 99% da composição do ar. Apenas 1% é constituído de argônio, dióxido de carbono, vapor de água, ozônio e aerossóis.

O que importa disso tudo é que fazem mais de 3 bilhões de anos que os microrganismos assimilam carbono e nitrogênio do ar. O que a ciência faz agora é utilizar deste conhecimento direcionado para alimentar pessoas.

Resultados da pesquisa

Antes de tudo, é da natureza das bactérias (e de todos os seres orgânicos) formarem cadeias carbônicas com assimilação de elementos químicos para efeito de evolução de órgãos em suas diferentes funções ou processos.

No caso desta pesquisa, o autor quantificou em forma de biomassa (produção), atividade biológica (nodulação) e a qualidade das sementes, comparando a aplicação de nitrogênio sintetizado por processo mecânico com a aplicação de bactérias com capacidade de fixação biológica no processo natural da evolução do planeta Terra.

Toda “descoberta” é a visualização de algo que estava escondido ou que não era observado. Em nenhuma hipótese pode-se dizer que não existia. Apenas não era visto. A natureza está sempre perfeita.

Até 1773, a natureza produzia ureia dia e noite, e o que o pesquisador Hilaire Rouelle fez foi “descobrir” a molécula e dar um nome. Depois disso, em 1828 Friedrich Wöehler fez, em laboratório, o processo de sintetização da molécula artificialmente.

O processo feito em 1828 passou, então, a ser reconhecido como algo normal e o processo natural ficou encoberto.

Na medida

A quantidade de fertilizante nitrogenado na cultura do feijão varia de região para região e de propriedade para propriedade, ficando entre 50 e 100 kg por hectare em diferentes situações. No caso desta pesquisa, a necessidade de adubação indicada pelo autor foi de 80 kg por hectare.

Os benefícios adicionais foram: aumento da nodulação, do rendimento do feijão e da qualidade de sementes. Lembrando que, no caso específico deste estudo, foi aplicado na semente ou no sulco de plantio.

Foto: Claudia Görgen

Desafios

O único desafio ou limitação desta técnica é a coragem (ou falta dela) para fazer diferente do convencionado. Veja bem, a comprovação cientifica está apresentando o que acontece há mais de 3,0 bilhões de anos.

A natureza, do jeito que está hoje, só existe por que este processo acontece então, por lógica, qual é o empecilho? Essa redução de custos de 12% é consistente ao longo do tempo e em diferentes condições de cultivo.

O potencial de adoção é de 100%, podendo impactar a economia e aumentando a renda do produtor em, no mínimo 12%. O meio ambiente agradece inicialmente porque consegue sentir que o produtor está aprendendo a viver e ganhar dinheiro com o uso da sua inteligência e, posteriormente, por que já estamos conseguindo contemplar a natureza e suas facilidades.

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