Rafael Simoni
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
rafaelsimoni@agronomo.eng.br
Uma prática que vem trazendo muita rentabilidade e eficácia para os produtores de cebola é o suprimento do enxofre via adubação foliar, que pode ser uma solução eficiente para problemas específicos e/ou complemento de uma adubação via solo.
Um dos grandes benefícios desta adubação é o alto índice de utilização ou aproveitamento pelas plantas dos nutrientes em relação àquela feita via solo.
Quem é ele
O enxofre é um nutriente muito exigido pela cultura da cebola, logo, as correções de solo devem ser feitas regularmente, principalmente em áreas que são dedicadas quase que exclusivamente ao cultivo.
A adubação foliar pode ser muito útil em condições onde a absorção via solo pode ser diminuída em algum momento da formação da lavoura. A absorção foliar é muito eficiente para suprir pequenas carências e também para aumentar a produtividade em cultivares de alta performance.
Todavia, é importante ressaltar que esse tipo de aplicação requer produtos de qualidade, bem como equipamentos corretos para a pulverização e ocorrer quando as condições do clima forem favoráveis na região. Deve-se evitar realizar a pulverização e dias muito úmidos e chuvosos, bem como os horários mais quentes nos dias de sol.
Além disso, por mais eficiente que seja a aplicação via foliar, esta ação trará resultados satisfatórios se o solo estiver com deficiência moderada de enxofre.
A aplicação foliar também é uma importante aliada no controle de doenças típicas da cultura, pois o enxofre é reconhecidamente um fungicida natural. Pesquisas sugerem que o enxofre, quando utilizado com inseticida espinosade, tem efeito desalojante de insetos, permitindo uma potencialização dos efeitos dos produtos aplicados.
Absorção pela cebola
A absorção de enxofre pelas plantas de cebola, via adubação foliar, se dá principalmente pelos estômatos, que são nada mais que pequenas aberturas nas folhas e (em menor número) no caule e demais partes aéreas das plantas.
Essas estruturas permitem que o enxofre diluído em uma solução aquosa penetre para o interior dos tecidos e células das plantas.
A absorção se dá quando a planta está em plena atividade fotossintética, ou seja, sob condições de solo e de clima adequadas ao seu crescimento. Por isso, a importância de se observar os fatores como umidade relativa do ar, condições de chuva iminentes, temperatura, horário de intensa incidência solar, entre outras.
Mobilidade
O enxofre é considerado um nutriente pouco móvel dentro da planta, portanto, as aplicações devem seguir as recomendações técnicas de cada produto, para não haver desperdício do produto e nem intoxicação da planta, quando aplicados em demasia, bem como a aplicação se mostrar ineficiente, quando aplicadas doses inferiores às recomendadas.
Devido à sua baixa mobilidade, o recomendado é fazer aplicações que não excedam as doses que o fabricante recomenda, bem como fazer uso de um adjuvante de boa qualidade e compatível com a formulação do produto.
A aplicação em conjunto com aminoácidos também é recomendada, desde que este não tenha problemas de compatibilidade com outros produtos a serem aplicados.
Dicas importantes
Quando aplicado de forma adequada, o enxofre via foliar aumenta a produtividade, pois corrige pequenas ou momentâneas deficiências nutricionais. A resposta da planta é relativamente rápida, o que importante, principalmente no caso de um nutriente pouco móvel, como o enxofre.
O aproveitamento dos nutrientes é maior, desde que as recomendações sejam seguidas para o estágio em que a planta se encontra no momento da aplicação.
A aplicação pode ser feita em qualquer momento do desenvolvimento da lavoura, não sendo necessárias operações de incorporação ao solo, caso fosse necessária uma correção de caráter imediato, por exemplo.
Eficácia da adubação foliar
A eficácia da adubação foliar depende de um conjunto de variáveis, e quanto mais destas variáveis forem atendidas de forma satisfatória, melhores serão os resultados na lavoura.
Primeiramente, o produto a ser aplicado deve ser de qualidade reconhecida. Existem diversas opções que garantem uma formulação de fácil absorção pela planta, que tenha pH adequado e que não cause fitotoxidade na cultura.
A dosagem não deve exceder a máxima recomendada pelo fabricante do adubo, ou do engenheiro agrônomo responsável. Os equipamentos, como reservatórios, mangueiras e bicos pulverizadores devem ser adequados à utilização dos adubos, limpos a cada aplicação e calibrados de acordo com a recomendação do fabricante.
Condições ideais
O momento da aplicação também tem papel fundamental e as condições ideais são semelhantes às de pulverização de defensivos. A Umidade Relativa do ar (U.R) deve estar entre 60 e 75%, e na faixa de horários onde a incidência solar não seja intensa (antes das 10h e após as 16h para a maioria das regiões).
A cultura não deve ter presença de orvalho ou ter sido recém-irrigada por aspersão no momento da aplicação, ou seja, as folhas devem estar secas.
Os equipamentos (pulverizadores) devem ser regulados e calibrados para que a distribuição seja o mais uniforme possível por toda a extensão da folha.
Por fim, deve-se evitar realizar a aplicação em momentos de maior estresse da planta, como em condições de temperatura muito elevada, ou períodos de seca, como recomendado anteriormente.
Integração de métodos
Geralmente, as recomendações indicam a aplicação foliar de enxofre junto a outros produtos, como aminoácidos, inseticidas e ou fungicidas, para assim aproveitar a mão de obra empregada nos eventos de pulverização.
Porém, a mistura de vários produtos na mesma calda requer muita atenção para não comprometer a eficácia que cada produto teria individualmente. Existem tabelas de compatibilidade e também cada fabricante deve fornecer as informações de uma possível incompatibilidade do produto em questão.
Respeitados esses quesitos, a adubação foliar pode acontecer simultaneamente com outros produtos.
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Resultados práticos
A campo, os resultados são muito satisfatórios, já que deficiências pontuais são corrigidas numa velocidade muito superior à correção que se faz em solo. Além disso, a sanidade das plantas aumenta devido às propriedades antifúngicas e repelentes que o enxofre possui.
Com plantas mais saudáveis, a qualidade dos bulbos também aumenta, trazendo ganhos significativos tanto em quantidade de bulbos viáveis comercialmente, como na padronização de tamanho e qualidade.
